Capítulo 9

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Oi pessoal tudo bem? Obrigada pelos comentários, acho que consegui responder todos. Amo a interação de vocês

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NATALIE NARRANDO...

Eu não estava bem sem ela... Era último dia de maio... foi exatamente nesse dia que ela foi embora e eu nunca mais a vi. Desde que as crianças nasceram eu entrei em depressão. A presença dela era muito importante na minha vida e eu era orgulhosa demais para dizer, "você é mãe eu te amo vamos consertar tudo isso". Quando falei com ela foi no natal e acabamos discutindo e ela disse uma coisa sobre perder um filho que eu não entendi e isso me intriga até hoje. Ela acha que sou casada, que tenho uma família com outra pessoa. Não faz a menor ideia que essa família que eu tenho é com ela. Matteo e Manuella estão com 6 meses. Matteo tem um problema gravíssimo no coração e no pulmão, ele vive doente, vive entre internações e tem sido muito difícil desde que descobrimos. Ele tem cardiopatia congênita cianótica, mais claramente, Tetralogia de Fallot, que impede o fluxo de sangue do coração para os pulmões devido a uma combinação de 4 defeitos caracterizados pelo estreitamento na valva que permite a passagem de sangue para os pulmões, comunicação entre os ventrículos cardíacos, alteração no posicionamento da aorta e hipertrofia do ventrículo direito. Meu filho desmaia, tem convulsões, fica azul. Ele toma diversas medicações para controlar o caso dele. Nenhum médico acha viável operá-lo agora. Ele é muito pequeno. O ideal para ele seria tê-lo operado ainda na minha barriga. Priscilla teria visto isso se estivesse comigo, ela teria notado algo errado com ele, e ela teria arrumado uma cirurgiã fetal para operar nosso filho já que ela como mãe não poderia se envolver. Muitos dos casos se resolvem sozinho, mas o Matteo era uma exceção. Ele não ia melhorar sozinho, e os betabloqueadores e inotrópicos estavam maltratando meu menino. Ele era pequeno e fraco para ser operado agora e nenhum hospital podia oferecer a ele o que ele precisava. O levei para o Rio, em todos os hospitais de São Paulo, para Minas, para Goiânia, para o Rio Grande do Sul e o mesmo diagnóstico foi feito. Meu filho precisa de uma cirurgia muito avançada no caso dele e não pode ser agora, e nem tarde demais, e os melhores cardiologistas do Brasil não podem oferecer isso a ele.

25 DE SETEMBRO...

Matteo está internado. Fui pra casa dar de mama pra Manu, ela amava mamar no peito. Tomei um banho comi rapidamente e fui para o hospital. O Lukkas estava passando uns dias lá em casa, então ele ficou no hospital pra mim enquanto eu ia em casa. Eu estava exausta, queria dormir na minha cama, comer uma comida decente e sentir o gosto dela, mas eu não conseguia, eu tinha que estar do lado do meu filho. Quando cheguei, Lukkas estava do lado de fora do quarto tomando café.

Eu: Está tudo bem por aqui?

Lukkas: Está. Estão dando banho nele, trocando sonda. Quer café?

Eu: Quero. – ele fez um café pra mim e eu me sentei suspirando. – O médico passou aqui?

Lukkas: Passou, ele está estável, a pneumonia parece estar melhorando, talvez ele saia dos tubos amanhã.

Eu: Graças a Deus, não aguento mais isso – comecei a chorar.

Lukkas: Natalie... Você precisa dela... Está na hora, não dá mais pra fugir. Não se trata de vocês duas, se trata do filho de vocês que está muito doente, e uma outra bebezinha linda que merece conhecer a mãe e uma mãe que merece saber que tem filhos. Ela errou, você errou, todo mundo errou nisso. Deixa o orgulho de lado Natalie, vocês se amam.

Eu: Ela tem a vida dela Lukkas, não vou colocar um filho doente na vida dela. Ela está feliz lá. – chorava.

Lukkas: Ela não está feliz. Ela sente sua falta, eu tenho certeza que ela sente sua falta. – logo entramos no quarto, meu filho estava inchado de fluidos, ele estava tão diferente do que era. Aquilo partia meu coração. Ficamos mais 10 dias no hospital, ele estava melhor então fomos pra casa. Era a primeira noite que eu dormia em 20 dias. Era a primeira noite que eu tinha um sono decente. Eu estava de licença do trabalho e estava prestes a perder meu emprego. Eu levei os exames do Matteo ao cardiologista do Albert Einstein e ele foi incisivo.

Doutor: Natalie, a solução para o seu filho é se tratar fora do país. Ele não tem condição de tratar aqui, a cardiopatia dele é muito grave e é o que todos os médicos que você o levou disseram. Se operarem cedo demais ele morre, se operarem tarde demais ele morre.

Eu: Onde... Onde nos Estados Unidos meu filho pode receber o melhor tratamento?

Doutor: Massachusetts General Hospital ou Boston Children's Hospital. – eu suspirei. – Algum problema?

Eu: A mãe dos meus filhos não sabe da existência deles. A gente se separou antes que eu contasse da gravidez e eu decidi levar a gravidez sozinha. Ela é chefe de cirurgia no Massachusetts General e é atendente no Boston Children's.

Doutor:Meu conselho como médico e como pai, é que está na hora dela saber que tem doisfilhos com você, e está na hora de saber que o filho dela está gravementedoente e precisa dela. Você precisa dela. Não pode fazer isso sozinha. – conversamos um tempo e eu fui embora. Fiqueium tempo no carro no estacionamento do meu prédio chorando e pensando. Euprecisava reagir, eu precisava engolir meu orgulho e fazer isso. 

NATIESE EM: ENTRE O AMOR E O ORGULHO - RECOMEÇOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora