Capítulo 135

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NATALIE NARRANDO...

Estava tudo indo bem. A Maddie estava bem, estava tendo uma convivência legal com a família Boldrini, Agatha não estava gostando, mas sabia que precisava aceitar para o bem de todos. Maddie nos fez de escravas esses dias. Ela se aproveitou demais de nós. As meninas não viajaram nas férias por solidariedade a Maddie, então tivemos férias em família em casa e indo a lugares juntos com os amigos, foi bem divertido. Nossa família veio, meus pais ficaram duas semanas, minha sogra ficou 20 dias. Foi tudo muito gostoso. No dia 10 recebi uma intimação, era para o caso do Ferraro. Eu tentava não pensar nele. Tinha uma audiência no dia 12, o advogado dele pediu extradição dele para que ele fosse julgado no Brasil e eu como vitima poderia interferir. Eu passei duas noites sem dormir. Priscilla foi comigo, não demorou muito e me chamaram. Seria somente o representante legal dele na sala, com um promotor, com mais 5 testemunhas, meu advogado e o juiz. Eu contei a minha versão, a Priscilla a versão dela, a pessoa que me encontrou também. O vídeo da câmera de segurança foi reproduzido e eu não quis ver. Depois de três horas ali naquela tortura a sentença foi dada. Ele não teria o beneficio da extradição. Ele seria julgado nos EUA. Se for condenado, ele pegará pelo menos 35 anos de prisão. Quando saímos de lá e eu cheguei no carro eu vomitei antes de entrar no carro.

Pri: Está tudo bem amor... – segurava meu cabelo. – Colocou tudo pra fora?

Eu: Sim...

Pri: Vou pegar uma água ali pra você ok?

Eu: Tá... – me deu a chave do carro e foi na cafeteria ali em frente. Eu entrei no carro e logo ela voltou. Ela me deu a água eu lavei minha boca do lado de fora do carro primeiro depois bebi um pouco de água.

Pri: Trouxe um café do jeito que você gosta.

Eu: Obrigada amor – sorri de leve.

Pri: Quer esperar mais um pouco?

Eu: Não, vamos embora a gente está de plantão essa noite e eu não durmo a duas noites.

Pri: Se quiser ficar em casa hoje amor, fica. Faz o plantão amanhã.

Eu: Eu preciso ocupar minha mente. Está tudo bem. – fomos pra casa, eu tomei outro banho e deitei. Dormi o resto do dia. A noite fui para o hospital com a Pri, a Manuella estava de plantão também. Aquele hospital estava uma loucura. A troca de turno foi complicada. Tinha muita gente no pós operatório, muita gente no pré operatório.

Manu: Isso aqui está uma loucura hoje...

Eu: Está... – fomos para o andar da cirurgia. Priscilla estava com o tablet na mão escrevendo no quadro de cirurgia. Só ela mexia no quadro de cirurgia. Ela reorganizou todo o quadro. – Oi...

Pri: Oi...

Eu: Quatro transplantes? Não tem como fazer quatro transplantes hoje. Não temos equipe pra isso, olha quanta cirurgia tem hoje. Não podemos deixar o hospital na mão da enfermagem. Se precisarem de ajuda, não terão um médico por perto.

Pri: É pra isso que temos residentes e internos. Não tem outro jeito. Não podemos dispensar transplantes, e nenhuma dessas cirurgias podem ser adiadas.

Eu: Meu Deus...

Pri: Está com um transplante de fígado. Um residente do quinto ano vai abrir o paciente e você vai captar o órgão do doador. Quando você for para sala do receptor, o residente vai para a sala do doador para fechá-lo. Hoje os transplantes serão assim e que Deus nos ajude. – fomos para as cirurgias. Entramos as 23 horas e as 10 da manhã foi a hora que conseguimos parar. O quadro de cirurgia estava vazio, todos estavam bem e a gente estava muito cansada. Tomamos café da manhã e fomos descansar um pouco. Dormimos até as 14 horas fomos almoçar e voltamos a atender. As 17 horas a Priscilla bipou todo mundo. Ela subiu as escadas e ficou no alto. Quando ela chama todo mundo é algo sério. – Sei que estão cansados, nós estamos muito cansados principalmente os que estão de plantão desde a meia noite, foi uma madrugada bem intensa, mas somos médicos, residentes, internos, enfermeiros, técnicos. – suspirei – Um avião comercial com 219 passageiros acabou de cair no Rio Charles aqui em Boston. – meu coração foi na boca – Uma das asas do avião colidiu com um navio de turismo de visitantes com 160 pessoas a bordo. São quase 400 pessoas feridas nesse momento. Não sabemos ainda o numero de óbitos, nem de feridos, nem de desaparecidos. Todos os hospitais receberão pacientes nos próximos 30 minutos. Então deem alta para o máximo de pacientes que puderem. Transfiram o máximo de pacientes possível. Quero o trauma e as salas de cirurgia vazias. Quem puder dividir quartos, dividam. Nós somos o maior hospital da cidade então os casos mais críticos provavelmente virão para nós. Todos os médicos, internos, residentes e enfermeiros foram chamados. Quando puderem descansem, todo cuidado é pouco. Podem ir... – cada um foi para um lado.

Eu: Que loucura.

Pri:Não viu nada ainda amor... –fomos cada uma para um lado. Dei alta para quem podia dar, mudei algunspacientes de quarto, em 30 minutos as ambulâncias começaram a chegar e aquiloparecia um pesadelo. Muita gente morreu no impacto, muita gente teve múltiplasfraturas, muita gente teve ferimentos graves. Quando demos conta já eram 4:30da madrugada. O hospital atingiu um nível de calmaria absurdo. Um silêncio queera até assustador. Eu já vi muitas tragédias, mas aquilo foi assustador demais... 

NATIESE EM: ENTRE O AMOR E O ORGULHO - RECOMEÇOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora