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Os meses passaram voando... Boston estava mais flexível quanto a eventos e a formatura da nossa filha aconteceria, a festa também, e as fronteiras foram abertas então nossa família poderia vir. Era dezembro, dia 18. A missa é dia 19, a colação dia 20 e a festa dia 21 tudo pertinho do natal o que já ficarão todos para o Natal. Meus irmãos não virão, a esposa do meu irmão perdeu o pai para o covid, e a minha irmã perdeu a sogra então decidiram ficar no Brasil com a família deles. Meus pais chegaram de manhã, e minha sogra com meus cunhados e sobrinhos chegam no fim da tarde, a Pri vai busca-los no aeroporto. Era bom poder rever a família novamente. Tia Allison viria de Portugal para a formatura também, mas não ficaria para o Natal. Eu chorei muito quando vi meus pais, eu pensei que nunca mais os veria, eu tive tanto medo de não vê-los novamente, foi horrível a sensação. A Pri quando viu a mãe também teve uma crise de choro terrível. Foi tudo muito intenso o que a gente viveu desde o inicio da pandemia. Nossa família entendia nosso sentimento porque todos são médicos e eles tinham o mesmo sentimento e a distancia deixava tudo muito pior. Estávamos tão gratas por não termos perdido ninguém, e tristes pela esposa do meu irmão ter perdido o pai, pelo marido da minha irmã ter perdido a mãe, era uma felicidade com um certo amargor na boca, porque eles estavam sofrendo e não puderam ter uma despedida decente.
Mãe: Foi muito triste filha, ela reconheceu o pai pela tela do celular, não pode dar um beijo nele, não pode dizer adeus. Um enterro que durou apenas ali do carro até o tumulo e logo já jogaram a terra por cima e em seguida já vinham o pessoal da limpeza do hospital jogando agua sanitária atrás sabe, limpando tudo. Foi muito triste. A gente viu muita gente morrer, muita gente morreu segurando nossa mão, muita gente morreu na nossa frente, mas quando é alguém assim tão próximo de nós tem um peso terrível.
Eu: Eu imagino mãe. Eu ficava preocupada com todo mundo o tempo todo. Com a segurança de todo mundo. A Pri pegou junto com a Manu eu quase não dormia de preocupação delas piorarem e precisarem de internação. Depois de semanas eu peguei e passei pra Olivia e pra Maddie, me senti super mal por isso, mas foi inevitável. Graças a Deus todos nós aqui, nossa comunidade de amigos, ficamos bem apesar de tudo.
Manu: Mãe, preciso de uma sandália para amanhã, me empresta? Nenhuma minha fica boa com a roupa da missa e eu não quero comprar outra já gastei muito.
Eu: Você deve ter uns 100 pares de sapato Manuella, como que nenhum combinou?
Manu: Não combinou mãe, não gostei – entrou no meu closet e mexeu em todas as minhas sandálias. Era uma época difícil para festas, para roupas por causa da neve. No dia seguinte fomos a missa, todos usavam máscaras, foi numa catedral linda que tem na cidade. Era maior, e as pessoas poderiam ficar mais afastadas. A missa foi linda. A Pri tinha feito massas de pizza e montado várias pizzas durante o dia para assarmos quando chegássemos. Foi uma noite bem gostosa. No dia seguinte foi a colação e nos emocionamos muito, nossa filha se formou com honras. Eu pensei tanto no Matteo naquele momento, fiquei pensando se ele faria medicina, ou se ele estaria ali vibrando com a gente. Eu ficava imaginando como ele seria, como seria a voz dele e uma dor tomou conta de mim. Depois da colação e de inúmeras fotos, fomos jantar num restaurante bem gostoso que gostávamos bastante de ir. Em casa eu deitei e comecei a chorar muito.
Pri: Amor, o que foi?
Eu: Eu não paro de pensar no Matteo – soluçava.
Pri: Eu pensei nele a colação todinha. Fiquei pensando se ele estaria ali, como seria.
Eu: Eu não parei de pensar nele um minuto. Eu fico pensando como seria o rosto dele hoje, como seria a voz dele, o sorriso. Eu quero meu filho de volta – solucei e ela me abraçou. Eu não sei por quanto tempo eu chorei, e nem quando adormeci. Mas eu tive um sonho que nunca vou esquecer na minha vida. Eu estava na cozinha fazendo o café da manhã, a Priscilla colocava a mesa e arrumava a louça do café para seis pessoas. Eu perguntava porque seis lugares se ela estava esperando alguém ou se o namorado da nossa filha dormiu em casa, mas ela não me ouvia e continuava falando como o dia dela seria cheio. Era como se ela não me ouvisse. Até que as meninas desceram e se sentaram, a cumprimentaram com um beijo como em todas as manhãs, mas não me cumprimentaram. Eu falava com elas e elas não me viam. Então entendi que eu era uma expectadora daquilo. Até que eu descia as escadas sonolenta e de roupão, a Pri me dava um beijo e eu dava um beijo nas minhas filhas e me sentava. Logo uma bola desceu quicando as escadas, era uma bola de basquete. Ela parou no meu pé, ou melhor no pé da Natalie que interagia no sonho e essa Natalie pegava a bola e falava alguma coisa que não pude entender no momento e logo um garoto apareceu, lindo, sorriso perfeito, cabelo de lado e molhado, ele era alto, tinha o sorriso da Manuella. Ele pegou a torrada da Pri e ela xingou ele falando "Matteo, sem graça". Era meu filho, era o Matteo. Ele dava risada e falava que ela era muito ranzinza de manhã. Ele se sentou fez uma piada com a Manu. Tomou o café da manhã dele e quando ele deu um beijo no rosto daquela Natalie, eu senti o beijo e levei a mão no rosto e quando ele passava pela porta ele olhou em minha direção e piscou pra mim. Ele me viu. Eu acordei num rompante e chorando muito. – Meu filho... Eu vi meu filho...
Pri: Natalie... – acendeu o abajur... – Amor o que foi?
Eu: Eu vi, o Matteo... Eu vi meu filho – soluçava e ela me abraçou.
Pri: Foi um sonho amor, calma. Eu vou pegar água pra você – saiu da cama pegou uma água no nosso frigobar e me deu.
Eu: Pri, ele era lindo, adulto já e lindo. Ele tinha uma bola de basquete... – contei a ela chorando muito. Eu estava muito mexida. Eu voltei a dormir agarrada na Priscilla. Acordei já era quase hora do almoço estava com muita dor de cabeça tomei um banho, tomei um remédio e me sentei na cama. A Pri logo veio.
Pri: Trouxe seu almoço. Está se sentindo melhor?
Eu: Eu ia descer já. – suspirei.
Pri: Está uma loucura lá embaixo. – colocou a bandeja na mesa. – Está com dor? Seus olhos estão vermelhos.
Eu: Estou com dor de cabeça, mas já tomei um remédio. – dei um selinho nela.
Pri: Sua mãe fez uma comida maravilhosa, come um pouco vai te fazer bem. – eu sentei e comecei a comer. A Manu logo veio.
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NATIESE EM: ENTRE O AMOR E O ORGULHO - RECOMEÇOS.
FanficMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 32 anos sou chefe de cirurgia no maior hospital de Boston, o Massachusetts General Hospital. Minha especialidade hoje é cirurgia fetal e a cirurgia geral e pediátrica. Moro em Boston a quase 2 anos, desde...