Capítulo 04

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Lorenzo.

Fico olhando meu irmão e minha cunhada na minha frente e minha vontade é sair correndo, eles estão tramando contra minha vida e não me ajudando.

— Não me olhe assim, você não entende nada sobre isso, eu entendo. — Maria Alice fala.

— Foi por isso que se apaixonou e vai casar com o homem que disse que odiava? — Pergunto e ela fica me olhando.

— Isso fazia parte do meu plano. — Francesco começa a rir. — Lorenzo, pensa... Se ela pensar que você vai está aqui sempre esperando ela, ela não vai vir até você tão cedo, você precisa mostrar que quer ela, mas que não existe apenas ela.

— Ela vai é enfiar uma bala no meu pau...

— Espera ai, você está com medo dela? — Francesco pergunta.

— Não óbvio? O pai dela era louco, com certeza ela é louca igual a ele.

— Eu... Eu não acredito... O Lorenzo sente medo. — Meu irmão faz drama.

— Para Francesco.

— Não, isso é inédito, toda a família precisa saber disso.

— Francesco, claro que eu sinto medo dela porque se essa mulher enfiar uma bala em mim, eu não vou poder fazer nada, eu seria incapaz de machucar ela... — E esse era a porra do meu medo, gostar de alguém a ponto de deixar ela me machucar e eu não fazer nada.

Eu nunca fiquei tão vulnerável, por isso esse tempo em que ela está me fazendo esperar está sendo bom para mim, eu estou tentando me acostumar com essa vulnerabilidade, eu não estou acostumado com isso, eu tenho medo. Por mais que eu queira que ela apareça pra mim, eu ainda quero distância, é confuso e estranho.

— Ok, então vamos fazer assim... — Maria Alice se senta ao meu lado. — Só vamos fazer algo para que ela ache que sua vida não está parada, ok? Ela precisa saber que você não pode esperar o tempo todo, Lorenzo, por mais que essa espera pode ser como uma segurança para você, é ruim... Isso não é saudável, você fica na frente daquele computador olhando para nada enquanto ela te ver, te escuta e não se manifesta.

É, ela também tem razão, isso não é nada justo comigo, por mais que eu não me importo, eu ainda tenho a voz da razão ativa nos meus pensamentos e sei que esperar assim por uma pessoa beira a humilhação. São meses assim, meses esperando por ela na frente daquele computador, minha paciência não está nem perto de acabar, mas eu a quero, quero muito, mas acima de tudo eu quero ter certeza se ela quer isso, por mais que pareça que sim, tem horas que minha mente se vira contra mim e tenta dizer que ela não quer nada comigo, na verdade isso se chama insegurança, eu sei disso, eu sei perfeitamente, mas eu odeio sentir isso, por isso que quando essas coisas vem a minha mente eu as tiro fazendo a única coisa que me faz pensar em nada, matar.

— Ok, vamos fazer isso.

— Ok... — Pietro reclama no bebe conforto e Francesco pega ele. Logo Maria Alice continua. — Não queremos que ela pense que você desistiu dela, porque isso de fato não aconteceu. Mas queremos mostrar que você pode querer ela, pode esperar por ela, mas curtindo a sua vida.

— Mas eu não curto a vida.

— Mas vai fingir que sim, me ajuda Lorenzo...

— Ok, ok... O que quer que eu faça?

— O plano é o seguinte... 

°°°

 Saio do meu quarto e vou em direção a escada, vejo Bianca sentada na escada e olho a mesma meio confuso, o que ela está fazendo aqui? Me sento ao seu lado e ela me olha e abre um sorriso pequeno.

— O que foi, meu anjo?

— Eu estou com saudades de dançar, de trabalhar... Essa vida de madame não é pra mim. — Eu começo a rir do jeito que ela fala.

— Você sabe que quando meu sobrinho nascer você vai poder fazer tudo isso, né?

— É, eu sei... Mas estou com medo de ser aquelas mãos que não consegue desgrudar do filho e... E se eu me perder, Lorenzo? E se eu perder a minha essência por me tornar mãe? Isso seria bom ou ruim? Eu não sei..

— Ei, calma. Você não vai deixar de amar a dança só porque vai se tornar mãe, você apenas amará mais o seu filho...

— Você fala como se fosse uma mãe. — Ela fala limpando as lágrimas.

— Não sou mãe, nem poderia ser, mas eu sou eu. Um homem que observa as pessoas e estuda elas. Bianca, você dançando é como se... Sei lá, eu iria dizer que você parece outra pessoa, mas você se torna você mesma quando dança, isso não vai morrer nunca. Meu sobrinho só vai te mostrar que existem mil outras formas de amar, eu sei que você já sabe disso, mas você aprenderá de uma forma diferente.

— Como sabe disso? — Ela me olha com aqueles olhos grandes e cheios de lágrimas.

— Eu sei porque eu tenho uma mãe... Mamãe Lastra, como diz Maria Alice, amava lutar, ela amava de verdade, era uma lutadora exemplar, quando ela teve o Francesco, ela o ensinou luta, ela fez isso com os quatros filhos dela, ela fazia de uma forma tão amorosa que ninguém acreditava que a gente poderia de fato derrubar alguém com os ensinamentos dela, mas quando botamos o nosso treinamento em prática, nós não derrubarmos apenas um, derrubamos uma sala inteira de homens... O que eu quero dizer é que ela amava luta, mas depois amava ensinar a gente a lutar. Você não vai deixar de amar a dança, você apenas vai amar ensinar ela para seus filhos, vai amar dançar com seus filhos... Você vai amar ela de uma forma diferente.

Ela me abraça e eu abro um sorriso, eu amo essa mulher, eu amo muito ela. Bianca para mim é como uma esperança, como um aviso de que eu ainda sou capaz de deixar alguém entrar na minha vida... Eu me vi confiando nela em um momento em que eu não confiaria em ninguém, mas mesmo sem a conhecer, eu confiei e não me arrependi. Eu não acreditava que ninguém fora da minha família seria capaz de ter a minha confiança e ela veio e derrubou todas as minhas paredes. Muitos olham para gente e ver um casal, eu não ligo para o que ninguém pensa, mas o que eles não sabem é que Bianca é a minha única amiga, a única pessoa que eu confiei e que não era do meu sangue, isso foi e é de uma importância imensa para mim, porque foi confiando nela que eu vi que um dia eu poderia confiar em uma pessoa para viver ao meu lado, ela me mostrou que eu não era impenetrável, os meus muros não era a prova de balas como eu pensei que era.

E por mais que eu odiasse os meus muros, eu não conseguia derrubar eles, ela fez isso. No fundo eu quero ser como meus irmãos, claro que sair com muitas mulheres e ter mil amizades não é nada a minha cara, eu realmente nunca fui assim, mas eu queria poder confiar em alguém que não fosse eles, mas eu não conseguia, na verdade isso ainda é difícil, mas hoje é um pouco mais fácil por causa dela. Essa mulher é o meu anjo. 



Eu espero que vocês tenham entendido o porque do Lorenzo ser assim com a Bianca. Já li comentários falando que ele amva ela mas não dizia por causa do irmãos e muitas outras coisas do tipo, mas o Lorenzo sempre se mostrou ser um personagem mais complicado, nesse livro quero tentar mostrar mais essa parte dele, a parte em sua dificuldade em confiar.. 

Amor Fatal.  [3° livro da saga Mafiosi Perfetti]Onde histórias criam vida. Descubra agora