Amor Fatal. [3° livro da saga Mafiosi Perfetti]

Capítulo 92 - Bônus

18 anos depois.

Joe

Não sei em qual momento tudo se tornou tão frio e sem graça nessa casa. Na verdade eu não sei em que momento tudo se tornou tão frio e sem graça nessa família. Cresci em um ambiente cheio de vida, carinho e felicidade, mas hoje estou tomando frente da máfia do meu pai e todos estão em lágrimas. Não lágrimas de felicidade e orgulho e sim de tristeza, e o pior, a pessoa que sempre esteve do meu lado compartilhando tudo comigo está a sei lá quantos mil quilômetros de distância.

Não era para eu está nesta posição hoje, não era para está tomando o lugar do meu pai aos dezoito anos, porra, eu tinha planos, eu tinha muitos planos com os meus primos, os meus irmãos, eu tinha uma lista de coisas a se fazer antes de assumir esta responsabilidade, mas por obra do destino aqui estou eu segurando a porra de uma arma de ouro, sentado em uma porra de um trono e vendo pessoas que eu nunca vi na vida curtir uma festa chata em que eu nem queria está. E para piorar a situação, estamos ansiosos esperando a chegada de uma só pessoa, a única pessoa que faria disso aqui um lugar realmente feliz. Estamos esperando Pietro Lastra, o meu primo, mas como eu gosto de dizer, o meu irmão.

A presença dele nesta noite é a confirmação de algo muito importante, se ele não aparecer, estará deixando claro que não é um dos nossos aliados, está deixando claro que não somos mais nada para ele.

Em todos os dezoito anos da minha vida nunca vi meu pai e tios chorando, não por algo sério, e agora, desde alguns meses atrás, desde que o Pietro fez seus dezoito anos, eu os vejo chorar sempre. Meu tio Giovanni está acabado, não sai de casa para nada assim como a tia Mali que era a tia mais louquinha e divertida e agora nunca vejo seu sorriso. Tio Lorenzo voltou a ser o que era antes, eu nunca vi, mas cresci escutando histórias sobre ele, nunca de fato acreditei porque eu cresci vendo ele como o tio amoroso que sempre nos livrava das broncas e nos acobertava nas merdas, mas agora... Eu o desconheço. Meu pai anda tão desnorteado e triste que nem consegue parar em casa e eu sei que se minha mãe pudesse faria igual a ele. Porra, eles me passaram a máfia por não ter coragem de reagir caso o Pietro queira declarar uma guerra. Como se eu fosse capaz de atacar a porra do meu irmão. O que eles peçam? Que eu sou a porra de um louco? Minha família toda está destruída, eu estou destruído, porra. Eu quero o meu irmão.

Limpo o meu rosto quando vejo a Safira vindo em minha direção, ela também sente falta e diferente de todos, ela não consegue ter filtro, ela simplesmente fala o que sente e isso deixa tudo dez vezes pior.

— Irmão, eu quero comer doce.

— Oi princesa, porque não pediu a tia Isa ou o tio Heitor? — Pergunto ajeitando o seu vestido.

Safira é a mais nova entre nós, ela tem seis anos, antes dela vem o Isac e antes dele vem eu. Ela é a nossa princesinha.

— Eu não sei onde ele está. — Ela faz um bico fofo. — Cade o Pietro? Ele não vai chegar nunca? — Meu pai que estava sentado ao meu lado se levanta na mesma hora.

—Vem querida, eu vou lá com você pegar o seu doce. — Minha mãe pega ela e vai também.

Olho para frente e fico encarando a porta. Vamos, Pietro, não seja a porra de um filho da puta, volta pra gente. Pego o meu celular e mando mais uma mensagem, e assim como todas as outras, ele não responde. Meu peito se aperta ainda mais, é um sentimento tão ruim que eu nem sei explicar, é literalmente algo inexplicável.

— Querido, não vai comer nada? — Olho para tia Kalliope e nego com a cabeça.

Meu treinamento foi todo com a tia Kalliope e com o tio Lorenzo, já o Pietro foi treinado pelo meu pai e pelo tio Ryan. Na verdade, não foram apenas os quatros, eles foram apenas líderes de um grupo. Para Pietro foi tia Isa, meu pai, tio Ryan, o velhote Felix, o tio Thomas e o meu tio Giovanni. Já para mim ficou o tio Lorenzo, a tia Kalliope, os irmãos Baumes e o tio Pedro. Nossos treinamentos foram diferentes, a parte psicológica não foi aplicada a fundo com o Pietro e na época eu não sabia o porquê, até achava ele privilegiado por isso porque essa foi uma das piores, mas a real é que hoje eu sei. Como iria ficar a cabeça dele hoje se ele passasse pelo o que eu passei? Ele iria assemelhar tudo com a família biológica dele, ele iria pensar que meu tio fez o mesmo com a família dele, ele não iria saber separar, por isso ele não teve o mesmo treinamento psicológico que eu.