Capítulo 15

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Lorenzo.

Ajeito meu terno e constato que minhas roupas estão como eu gosto, impecável. Me viro e saio do meu quarto, no corredor eu encontro Bianca que está estranha comigo a alguns dias. Olho a mesma e ela desvia o olhar. Isso está me matando por dentro, eu não aguento ficar assim com ela.

— Quando vai dizer o que eu te fiz? — Pergunto andando ao seu lado em direção às escadas.

— A real é que eu estou irritada, então relaxe, logo passa. — Ela fala séria e eu fico ainda mais incomodado.

— Irritada comigo?

— Não, estou irritada com outra pessoa.

— E porque isso está respingando em mim? — Ela para e se vira pra mim.

— Amor, é coisa da gravidez, eu tenho medo de te magoar ficando ao seu lado.

— Bianca, você pode ser grossa comigo, eu não irei me importar, você ficou meio louca nessa gravidez e eu acho isso a coisa mais linda. — Abro um sorriso.

Eu realmente gosto dessa loucura dela, eu sempre ouvi minha mãe falando que em cada graviz dela foi de uma forma diferente e quando a Bianca disse que estava grávida eu me preparei para tudo, eu queria e ainda quero ver ela fazendo coisas estranhas, escutar ela gritando ou até mesmo ter uma Bianca melosa... Meu amor por essa mulher é grande demais.

— Eu senti falta de te abraçar. — Ela fala se agarrando em mim e eu retribuo o abraço.

Ficamos abraçados em silêncio por algum tempo, mas isso não dura muito, escutamos um choro e é do Pietro. Nos soltamos e eu vejo os olhos dela brilhando, ele começa a andar rápido até a escada e eu vou atrás. Descemos e ela vai até meu irmão que está com meu sobrinho no colo.

— Sai, me dê ele. — Ela fala pegando a criança e Giovanni me olha confuso e eu faço sinal para ele ficar quieto.

Ela se sentou no sofá com ele e nós dois ficamos olhando.

— Cadê a sua mamãe? Seu pai é muito maluco para com você sozinho.. — Ela conversa com o bebê e ele vai parando de chorar. — Vamos deitar aqui no sofá e dormir juntos, tá bom? — Ela se deita com ele e fica em silêncio.

— Lorenzo, o que está acontecendo com ela? — Giovanni pergunta baixinho.

— Giovanni, ela está grávida, isso está acontecendo.

°°°

O Ryan está insuportável hoje é o culpado disso é o Pedro, eu sabia que esse cara ia trazer problemas para a minha vida... O Pedro saiu com o tal Clovis Adrian e isso está fazendo o Ryan surtar. Porra, será que ele não sacou que os caras são amigos?

— Ryan, acalma esse rabo, o seu nervosismo está afetando o meu nervosismo. — Giovanni fala enquanto amarra o homem à sua frente com mais força.

— Não, como ele foi capaz de sair com aquele cara e nem me chamar? Tipo, eu não conheço aquele policial de merda e se ele fizer algo com o Pedro?

— Ryan, o Pedro também já foi um policia. — Falo o óbvio e ele me olha com raiva. — E o cara nem é mais policial.

— Eu acho que somos a única máfia que não vê problema com policiais. — Giovanni fala chegando se o homem está bem amarrado.

— Porque teríamos problema com eles se somos mais pacíficos que ele. — Falo indo até a mesa na sala e pegando um alicate.

— Ironia você falar isso quando está escolhendo uma ferramenta para tortura. — Ryan fala debochado.

— A questão é que nós sempre tivemos uma boa relação com os policiais porque todos são corruptos, eles trabalham para nós, nós pagamos os salários deles.

— E isso é muito bom porque olha para o nosso país, não tem tiroteios a todo momento, não tem perseguição, não tem mortos pelas ruas... — Giovanni fala enquanto para na frente do homem e tira o boné de sua cabeça. — As outras máfias deveriam aderir isso.

— Mara Salvatrucha nunca faria uma coisa dessa. — Paro ao lado do meu irmão.

— Eu gosto do chefe deles, mas fala sério, os caras são agressivos demais, adoram uma confusão e na real?! Eles estão mais para uma gangue do que para uma máfia. — Giovanni puxa o alicate da minha mão.

— Porra, como o assunto foi parar nesse ponto? Eu estou aqui falando do meu namorado que saiu com outro cara que eu nem conheço.

Neste momento, o cara amarrado revira os olhos e vira a cabeça para o lado, nítido sinal de deboche e até mesmo indignação. Tipo a fita de sua boca

— Algum problema, caro homem?

— Espero que você me mate e que não deixe esse viadinho encostar em mim. — Hum, saquei. Preconceituoso.

Olho para Giovanni e ele me olha com a mesma intenção.

— Ryan, eu sei que não era a sua intenção tocar nesse verme, mas agora você irá fazer isso. — Falo enquanto me afasto.

As pessoas pensam que por sermos da máfia temos que ser algo padronizado, homens arrogantes, grosso, impiedoso e até mesmo sanguinários, mas essa porra não é um filme. Cada um tem sua personalidade e jeito. Se dependesse da minha família para caracterizar um filme de máfia o mundo iria enlouquecer porque o chefe dessa máfia é um fofoqueiro, boiola pela mulher, nada sério e chora com filme de princesas. Sem contar o resto da família, Giovanni poderia facilmente roubar o trabalho de um palhaço, ele é igual um cachorro quando se trata da Maria Alice e é um estilista encubado. Isa é uma patricinha maluca, Aurora é um anjo em forma de gente, Ryan é um homem bissexual que namora um homem e tem eu... Tá, ao meu ver, eu sou o que mais tem um perfil de mafioso julgando pelos padrões do mundo, mas fico todo bobo perto de um bebê e deixo uma mulher grávida fazer o que quer de mim. Somos uma piada para os padrões alheios.

— Homofóbico, é? — Ryan perguntou parando na frente do cara.

— Só não gosto que viados encostem em mim.

Ryan dá um soco na cara dele.

— Adivinha só, o viado aqui vai te quebrar na porrada antes de te matar, seu filho da puta. 

Amor Fatal.  [3° livro da saga Mafiosi Perfetti]Onde histórias criam vida. Descubra agora