Lorenzo
Eu nunca achei que ficaria deitado por tanto tempo vendo um filme água com açúcar e com uma mulher praticamente em cima de mim sem reclamar. A questão é que eu estou adorando. Kalliope está com a cabeça em uma do meu peito e eu tenho quase certeza de que ela está chorando por causa do filme, ao mesmo tempo que eu quero olhar para ver se é isso mesmo, eu não quero me mexer porque ter ela nessa posição é bom demais. Minhas mãos não param de mexer em seus cabelos, isso foi no automático, quando eu percebi já estava assim e ela não reclamou, então não parei. Escuto ela fungando um pouco e um sorriso brota em meus lábios. Nem parece que a uma hora atrás estava sentada em uma mesa planejando um assassinato.
Puxo o seu corpo um pouco mais para cima e faço ela olhar para mim, ela está realmente chorando. Fixo meus olhos em seu rosto vermelho, abro um sorriso maior quando noto seu nariz vermelhinho. Ela é muito linda. Passo meus dedos em seu rosto secando o mesmo e ela fica me olhando fixamente. Puxo ela mais para mim e ela esconde o seu rosto no meu pescoço, olho para a tela e vejo que o filme já está quase no final.
— Porque ver se chora? — Pergunto baixo.
— Tem gente que gosta de filmes de ação porque sabe que nunca vai viver o que ver nos filmes, digamos que eu penso o mesmo. — Afasto ela um pouco.
— Não acredita que pode viver um romance como os dos filmes?
— Não é isso... — Ela se afasta um pouco. — Digamos que os filmes de ação me dão nos nervos porque eu sei que a maioria das cenas são mentirosas, os de suspenses atacam a minha ansiedade, os de terror me dão medo e com isso, de bom só sobra os de romance e os de comédias... E sim, eu amo ver essas cenas clichês e eu penso sim que nunca vou viver algo assim... Isso não quer dizer que eu nunca vou viver um romance, entende? Só não igual aos dos filmes.
— Entendi...
— Que tipo de filme você gosta?
— Para falar a verdade... Nenhum. — Ela se senta.
— Como assim nenhum?
— Eu nunca fui de parar para ver filmes, eu não tenho um gênero favorito, eu só vejo filmes com minha irmã ou com a Bianca, elas praticamente me obrigam...
— Espera, você está dizendo que não gosta de filmes?
— Não é que eu não goste, eu só não consigo focar neles, entende? Eu fico o tempo todo pensando no que eu poderia estar fazendo de útil enquanto estou sentado vendo uma história passar em uma tela.
— Lorenzo Lastra, você é estranho. — Ela se vira para mim deixando o filme de lado. — Música?
— Não sou muito de escutar, mas prefiro as clássicas... Mas devo dizer que depois que eu conheci a Bianca, por ela ser dançarina, meu gosto musical deu uma atualizada.
— Diz uma ou sei lá, um cantor.
— Bruno Mars? — Falo enquanto passo a mão em suas pernas que estão cruzadas.
— Ok, isso é um bom gosto, mas por você gostar de clássicos, ele seria uma das principais opções da atualidade.
— Exato.
Fico um pouco encantado com a atenção que ela bota em uma conversa tão aleatória.
— Você dança bem, aprendeu com quem? — Me lembro da nossa dança na noite em que jantamos juntos.
— Digamos que eu aprendo as coisas bem rápido e bem fácil... — Ela fica me olhando esperando uma resposta mais profundo. — Eu sempre via meus pais dançando pela casa, minha mãe e meu pai amam dançar e eu cresci vendo isso, minha mãe sempre puxava meus irmão e eu para dançar em cômodos aleatórios pela casa e é isso... Eu nunca tive que aprender, parece que de tanto ver eu absorvi tudo.
— Que incrível... Eu aprendi a dançar por causa do meu trabalho... Meu pai sempre dizia que eu não poderia fazer um trabalho sujo ou mal feito, eu tinha que ser impecável em todos os papéis que eu resolvesse assumir e que erro algum era aceitável porque isso poderia custar a minha vida então eu tratei de aprender tudo o que ele me ensinava com perfeição.
— Você realmente assume um papel em todos os seus trabalhos?
— Isso torna tudo mais fácil e mais seguro. Não é só apertar um gatilho.
— Surtiria o mesmo efeito mas com consequências diferentes... — Entendo o que ela quis dizer.
— Exatamente. Meu pai sempre dizia que era melhor nós sermos vistos do que não ser...
— O seu pai te ensinou realmente tudo, né?
— Sim, o meu pai me ensinou tudo porque era só nós dois no mundo, só depois que os irmãos se juntaram a nós, mas também éramos só a gente, então meu pai nos treinou.
— O seu pai era o melhor no que fazia, eu já ouvi muita coisa sobre ele.
— Pois é...
Ela volta a se deitar e sem cerimônia alguma chega mais perto ficando colada em mim e eu adoro isso. Passo o meu braço por trás dela deixando a gente mais colado ainda. Com uma rapidez absurda eu vejo alguém correndo em nossa direção e logo se jogando em cima da gente.
— Irmã. — O garotinho grita e ela abraça ele com força.
— Oi pinguinho de gente. — Eles se solta e o moleque olha para mim.
— Quem é esse? Seu namorado? — Nós dois ficamos paralisados olhando ele.
— Não, ele é um amigo. É isso, amigo.
— Hum. — Ele me olha meio desconfiado. — Não gostei dele.
— Que? Porque?
— Ele está deitado com você e não é o seu namorado, eu não gostei disso. — Ele se levanta e fica me olhando como se fosse me matar. — Não quero você perto da minha irmã.
— Dancam, pare com isso, coisa feia.
— Estou sendo treinado para manter os cara longe de você e da Cléoprata, então eu vou fazer isso. — Ele pronuncia errado e me dá vontade de rir, mas eu realmente estou assustado no momento.
— Não vai ser necessário manter ele longe, Dan...
— Porque ele não fala? O gato comeu a sua língua? Amigo da minha irmã? — Minha boca abre e fecha e eu não sei o que dizer. Como um ser desse tamanho conseguiu me deixar sem palavras?
— Dancam, eu disse que não era para vir aqui. — Orion aparece e começa a puxar o menino pela orelha.
— Ai tio biscoito, eu só estava fazendo o que você me ensinou, eu tenho que botar medo no cara. — Orion vai arrastando ele para fora e eu fico paralisado olhando o nada...
— Está tudo bem? — Kalliope pergunta baixo.
— Eu, um homem que matou tantas pessoas que nem consigo contar, fiquei sem palavras para uma criança que não deve ter nem dez anos. — Estou realmente chocado.
— Ele é assim, completamente igual ao meu pai... Mas não liga para ele não, vamos descer pra comer? Eu já escutei a Cléo gritar todo mundo para comer.
— Comer? Junto com o seu irmão?
— Sim, Lorenzo. — Ela se levanta e eu sei que ela está se controlando para não rir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Fatal. [3° livro da saga Mafiosi Perfetti]
RomanceSendo o único solteiro de quatro irmãos, Lorenzo Lastra está em busca de uma mulher que foi preciso olhar apenas uma vez para se apaixonar. Mas nem sendo membro da maior máfia do mundo esse é um trabalho fácil. Kalliope, conhecida por muitos como El...