Capítulo 84

307 38 3
                                    


Lorenzo.

Estamos com um mês de viagem e agora estamos na Grécia. Éramos para encontrar Aurora e Yuri na nossa primeira parada, mas mudamos os planos e agora estamos juntos aqui na Grécia. Acho que dos quatros irmãos, o Giovanni é o único que não é apaixonado por esse lugar porque Aurora, Francesco e eu amamos. Foram poucas as vezes em que vi minha irmã tão animada com algo como ela está neste momento olhando para Santorini. Acho que é clichê vir para Grécia e visitar Santorini, mas sinceramente? É lindo demais.

— Eu estou tão feliz por está aqui com você. — Minha irmã fala enquanto me abraça. — Você sempre foi o que mais gostou de me ouvir falar sobre histórias e lendas. — O amor da Aurora por história é uma coisa linda e até mesmo inspiradora de se ver.

— Eu vou adorar ouvir você falando sobre cada cantinho desse lugar, minha princesa.

— Flor, me conta, me conta sobre esse lugar. — Yuri fala com um bobo apaixonado e eu acabo rindo.

— Bom, achei alguém que pode competir com você nesse ponto de me escutar. O Yuri ama quando falo sobre cada lugarzinho que a gente vai. — Ela fala baixinho e eu a solto para olhar em seus olhos.

— Ninguém é capaz de tomar o meu lugar, Aurora. — Ela riu e eu acabei rindo também vendo o seu sorriso lindo.

— O primeiro nome da ilha foi Caliste, a mais bela. Ela foi criada por Eufemo, um dos argonautas, após ele jogar no mar um pedaço de terra que ganhou de Tritão, filho de Poseidon, o deus dos mares. — Ela é curta em suas palavras e isso não me agrada muito e parece que o Yuri, assim como eu, não gostou muito. Olho para Kalliope e vejo que ela olhava para Aurora esperando por mais.

— Só isso? — Pergunto e ela ri.

— Não quero encher vocês com histórias em que só eu acho interessante. — Ela provavelmente está falando isso por causa da Kalliope.

— Poxa, eu queria saber mais. — Kalliope fala e eu abro um sorriso.

— Santorini costumava ser uma ilha vulcânica... — Agora é a parte em que ela sobre o lado científico. Ela sempre faz isso, mistura lendas, mitologias e ciência. — Mas em 1550 a.C., sofreu com uma grande erupção causando um tsunami com ondas de mais de cem metros de altura que inundou a região, dividindo a ilha em quatro partes.

— Eu adoro saber sobre coisas que aconteceram há milhares de anos atrás. — Yuri fala empolgado.

— Porque as casas são todas branquinhas? — Kalliope pergunta olhando em volta.

— Isso pode parecer estranho mas isso foi feito para a higienização. —Aurora fala e todos nós fazemos uma cara estranha e ela ri. — a cal usada para pintar as casas continha calcário. O calcário é um poderoso desinfetante, e muitos outros não eram de uso comum na época. Os cidadãos gregos, assim, branquearam suas casas para ajudar a higienizá-las e reduzir a propagação da cólera. — Ela fala como se fosse algo muito simples de se saber.

— Com todas essas viagens e história, eu passei a valorizar mais a tecnologia e as pessoas que lutam para a evolução. — Yuri fala ainda olhando tudo ao seu redor e eu fico tentando captar o seu raciocínio. — Hoje em dia muita coisa é normal para gente, mas... — Ele se vira e olha para cada um de nós. — Antigamente tudo era uma descoberta.

— O mundo evolui. — Kalliope fala e percebo que ela entendeu sobre o que ele estava falando.

— Sim, claro, mas já parou para pensar que o fogo, por exemplo, para gente é algo normal, mas um dia foi uma descoberta e algo essencial para um povo? Por mais que a nossa geração siga descobrindo coisas novas e melhorando o nosso modo de vivencia, as coisas excepcionais para gente, foi criado em uma época em que ninguém tinha equipamentos avançados ou algo do tipo.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que hoje em dia, a maioria das descobertas são um modo de melhoria de algo já criado. Claro que tem coisas que são inéditas, mas o essencial para vivermos bem e com facilidade, foi criado a anos atrás e foi melhorado e aprimorado. Tipo... Fogo para cozinhar, luz para iluminar...

— Eu entendo o que quer dizer, eu já pensei dessa forma, mas o que despertou esse pensamento em mim foi a lua e o sol. — Eles me olham e só Aurora parece me entender. — Sabe, aquele lance dos indígenas saberem distinguir sobre hora, dia e meses por conta do sol e da lua... Hoje em dia temos relógios, celulares, calendários... A facilidade que temos hoje é por conta da descoberta deles, ou seja, tudo foi apenas aprimorado.

— Exatamente. — Yuri fala empolgado. — Eu achei que era maluco em pensar assim, mas tipo. Eles de algum modo souberam na época que a Cólera era uma doença bacteriana, com isso deduziram que a higiene era algo essencial... Mano, eles foram tão fodas que fizeram da prevenção deles, algo atraente por anos e vai ser assim eternamente. Essa prevenção deles se tornou algo turístico, as casinhas brancas são simplesmente a atração do lugar. Mas hoje, não é a "tinta" das casas que o previne da doença, ou seja, a prevenção foi modificada, aprimorada, mas com base no que já foi descoberto a anos.

— Eu entendo o seu raciocínio, mas acredite, tem muitas descobertas científicas atuais que são maravilhosas para a nossa vivência. — Kalliope fala e eu busco em mente algo que foi descoberto atualmente que seja realmente útil para nossa sobrevivência.

— Mas que papo nada a ver é esse? — Aurora é quem pergunta e depois de alguns segundos de silêncio, começamos a rir.

— Somos pessoas cultas. — Kalliope fala ainda rindo.

— Falou a mulher que mata mais que todos os mercenários juntos. — Yuri fala rindo e Aurora rir mais ainda junto com Kalliope. Eu não peguei a referência. — Calma, você nunca viu Os Mercenários? Cara, em que mundo você vive?

— Amor, ele não curte muito esse lance de parar para ver filmes, ele só parava porque as meninas e eu pedia e nós só estávamos filmes de princesa.

— Você pode me perguntar todos os nomes das princesas da Disney que eu vou saber.

— Tá, essa eu quero ver. — Kalliope se vira para mim. — Qual é a princesa que foi envenenada com uma maçã?

— Sério, Linda? Faz uma pergunta mais complicada.

— Tá, você que pediu... Qual é o nome da princesa escocesa?

— Mérida.

— Princesa negra?

— Tiana.

— Fala sério, um mafioso que sabe sobre princesas da Disney... — Aurora abre um sorriso orgulhoso.

— India?

— Pocahontas... Vocês sabiam que a Pocahontas realmente existiu? — Yuri e Kalliope me olham de um jeito engraçado e Aurora rir.

— Ciei direitinho. — Ela fala animada me abraçando logo em seguida. Minha irmã é linda.

Amor Fatal.  [3° livro da saga Mafiosi Perfetti]Onde histórias criam vida. Descubra agora