Capítulo 69

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Lorenzo.

Respiro fundo e vou em direção a casa, eu não tenho medo de uma criança, eu sou um adulto. Tá, não é tão fácil assim, esse menino não vai com a minha cara e eu amo a irmã dele, no mínimo eu queria que ele gostasse de mim, eu gosto de criança, eu na verdade gosto muito, mas com ele parece que as coisas vão ser difíceis. Abro a porta e entro, vejo o mesmo no sofá com os olhos cheios de lágrimas, eu posso entender o que ele está sentindo, ele só tem a mãe e ver a mesma naquele estado o assustou, ele está com medo e eu acho que ficar com um cara que nem conhece direito só vai piorar tudo.

— É... Oi? — Tento falar algo para chamar a sua atenção e consigo. Ele me olha, mas não diz nada. — Está com fome? — Mas que merda de pergunta é essa, Lorenzo?

— Não. — Ele se levanta e vem na minha direção, dou um passo para trás. — O que ela tem? Não mente pra mim, ela vai morrer igual o papai? — Puta merda.

— Eu não sei o que ela tem, mas...

— Não diga que ela vai ficar bem, todos dizem isso. — Respiro fundo e penso que conversar honestamente com ele vai ser a melhor opção.

— Vem cá. — Vou em direção a o sofá e chamo ele para se sentar ao meu lado. — Eu vou ser sincero com você, ok? — Ele confirma com a cabeça. — Eu honestamente não sei o que a sua mãe tem, mas pelo o pouco que eu entendo, eu não acho que ela vá morrer, eu acho que ela vai para o hospital, vai ser tratada e logo logo voltará para casa, para você. — Ele fica me olhando por um tempo e depois abaixa a cabeça.

— Você não fala como eles, você fala como o tio biscoito. Eu gosto. — Ele fala a última parte baixinho.

— Pode me explicar sobre o que você está falando?

— Eles mentem, diz que eu sou criança e por isso não posso saber de algumas coisas, mas o tio biscoito sempre fala a verdade pra mim, ele nunca mente e você também. — Ele me olha com aqueles olhos enormes e brilhantes por conta das lágrimas e eu me derreto todo.

— Olha, vamos fazer um trato, eu não minto pra você e você tenta me conhecer melhor, ok? — Ele fica um pouco quieto, parece pensativo, mas logo confirma com a cabeça.

— Tudo bem.

— Agora vamos fazer algo para mudar essa sua cara de tristeza, sua mãe vai ficar bem, não precisa chorar.

— Você gosta de brincar de lutinha?

— Isso é uma desculpa para me bater?

— Sim, tio Elijah disse que é sempre bom deixar os caras avisados. — O incrível de tudo é que ele está falando isso de um modo sério e calmo.

— Ok, mas não vale chorar se eu te empurrar.

— Eu não choro por isso, não sou um bebê, quem chora quando brinca de lutinha é a Kalli e o tio biscoito. — Abro um sorriso imaginando a Kalliope fazendo uma cena enquanto brinca de lutinha com ele.

— Tá, vamos lá, onde vai ser o nosso tatame?

— Que? Não, a brincadeira funciona assim. — Ele se ajeita no sofá e se vira para mim. — O chão é lava, não podemos pisar nele, então vamos ter que lutar em cima das coisas, quem tocar no chão ou bater três vezes perde. — Mais que espécie de brincadeira é essa Jesus? Nós vamos destruir a casa.

— Sua mãe deixa você brincar disso?

— Não, mas eu brinco assim mesmo, os tios sempre conversam com ela e ela não me deixa de castigo, você vai ter que falar com ela quando ela chegar, eu não posso ficar de castigo, tenho a festa do Brian para ir no final de semana.

— Ok, te garanto isso.

°°°

A porta da sala se abre e eu olho rápido na direção da mesma, Cléo, Elijah e Orion estão parados olhando para Dancam e eu no chão. Cléo passa os olhos por toda a sala e resmunga algo baixinho. Dancam está em cima de mim segurando o meu braço direito e passando o meu braço esquerdo por debaixo da minha cabeça, minhas pernas estão livres, mas eu sinceramente estou tão impressionado com o que esse garoto pode fazer que eu nem tento usar as mesmas.

— Mas que merda vocês dois fizeram com essa casa? — Cléo fala alto e o Dancam me solta e se levanta.

— Oi tia cleópatra, oi tio biscoito, oi tio naja. — Ele fala animado e eu abro um sorriso. Me levanto do chão.

— Nada disso mocinho. — Cléo ia começar mas o Orion a interrompe.

— O chão não é lava? Como assim vocês estavam no chão?

— Esse bundão não aguentou e caiu, eu estava em cima dele, então eu não toquei na lava, só ele. — Ele fala com um sorriso enorme e eu reviro os olhos.

— Lorenzo Lastra foi derrotado? — Elijah pergunta rindo.

— Sim, ele é fraquinho, igual o tio biscoito.

— Ei moleque, me respeita.

Os três entram na sala logo depois de fechar a porta. Olho em volta e vejo que realmente fizemos uma bagunça e tanto. A Kalliope vai me matar, ou a Dayane.

— Vocês vão arrumar isso, a Kalli já está voltando para casa com a Day. — Cléo fala e vejo o Dancam arregalar os olhos.

— Vamos logo, eu quero ir na festa do Brian. — Ele grita puxando a minha mão.

Começamos a arrumar a sala e com um olhar de cachorro sem dono os três irmãos também ajudaram, depois de tudo pronto eu perguntei se ele estava com fome e eu afirmou, Cléo e eu estamos na cozinha providenciando alimento para o moleque.

— Vocês se deram bem, né?

— Sim, eu pensei que ele iria me odiar eternamente.

— Ele nunca te odiou, ele só tem todo um protocolo a ser seguido. — Ela riu.

— Ele é um menino incrível e muito, muito inteligente. — O moleque é mesmo inteligente.

— Sim, ele tem uma mente de titanium assim como a Kalliope, a questão é que a mente dele vai ser usada para outros meios. — Entendo o que ela quis dizer e fico com vontade de perguntar uma coisa, mas não sei se eu devo. — Pergunta logo. — Olho para ela um pouco chocado e ela rir.

— Tá... Porque ele não vai ter envolvimento no mundo de vocês? Não me leve a mal, eu sei o quanto essa vida é maluca e perigosa, mas porque?

— Porque o pai dele nunca quis isso para eles, a Kalliope só entrou nesse mundo porque ela só tinha o pai, ela perdeu a mãe e não tinha mais ninguém além do pai. — Ela se vira pra mim. — O tio Dan nunca foi muito fã da ideia de ter a Kalliope trabalhando nesse meio, mas ele não tinha como fazer outra coisa para sobreviver e como ele iria manter a Kalliope com ele, ele precisava ensinar tudo a ela para a proteção dela mesma, entende? Ele a criou com amor, muito amor mesmo, mas também a criou como uma máquina de matar.

— Entendo...

— Quanto ao Dancam, fica tranquilo, ele gosta de você.

— Que bom. — Fico feliz em ouvir isso. 

Amor Fatal.  [3° livro da saga Mafiosi Perfetti]Onde histórias criam vida. Descubra agora