Capítulo 20 - Temporada 3

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Por Kalberty

Já se passou um mês desde que eu fui acusado de matar o Jordis. Meus sobrinhos estavam de volta e eu estava feliz, mas triste porque nunca mais iria ver o Jordis, que mesmo tendo feito o que fez, foi o homem da minha vida.

Durante os dias em que meus sobrinhos estavam presos pelo assassino do Jordis, eu conheci o Leôncio, um homem que mexeu comigo de uma forma que só o Jordis foi capaz de mexer. O Leôncio sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico, ficando anos em uma cadeira de rodas. Ele se casou com Bruna Antunes, uma mulher interesseira, que só estava casada com ele porque ele era rico e podia lhe proporcionar uma vida de luxos e conforto.

Mas eu não dizia nada sobre ela porque não queria perder o único amigo que eu fiz desde que cheguei de Nova York. Eu sei que o Fernando é meu amigo, mas não é a mesma coisa. Ele faz parte da família, e eu não gosto de misturar família com amigos. Digo, família é família e ela sempre vai estar lá pra te apoiar quando você precisar, mas o Leôncio me apoiou muito quando eu fui preso injustamente por ter matado o Kalberty.

— Você vai sair dessa, meu amigo, eu sei que vai — ele haviae dito no dia em que fui preso.

Me agarrei no que ele disse e aguentei duras semanas na cadeia, fazendo amizade com alguns presidiários.  Um deles era ex do Maury, meu primo, já falecido, Arthur Ferreira.

— Olha só quem eu encontro por aqui. O que você aprontou, Kaberty ? — ele me perguntou, assim que me viu entrar na mesma cela que ele.

— Arthur?

— Eu mesmo, em carne e osso. Depois que meus pais faleceram, eu me envolvi com drogas e acabei virando traficante. Não deu muito, certo, né? — ele respondeu, olhando pra mim. Ele parecia muito triste. Não era mais o Arthur que eu conheci há alguns anos atrás antes do Maury conhecer o Chuck. — E o Maury, como ele está?

— O Maury faleceu, Arthur — respondi e ele ficou paralisado. — Faz alguns anos já . Ele faleceu depois de perder o Chuck em um grave acidente que quase o matou, tirando a vida do homem que ele amava.

— Eu sinto muito, Kalberty. Mas me diga, o que você aprontou pra vir parar aqui?

— Eu sou inocente, eu juro — respondi, vendo ele abrir um sorriso e começar a rir.

— Conta outra, Kalberty. Todo presidiário diz isso, mas sempre tem culpa no cartório — ele respondeu e eu não tive outra saída a não ser contar toda a confusão e volvendo o Jordis.

Eu estava me arrumando ao som de On The Rocks, da Rita Lee quando o Jordis entrou no meu quarto, me deixando surpreso, pois ele havia dito que nunca mais queria me ver.

— Jordis? O que você está fazendo aqui? — indaguei, assustado.

— Eu vim visitar um velho amigo, não posso? — respondeu, me deixando intrigado.

— Mas eu não sou seu amigo. Pelo menos foi o que você disse há muitos anos atrás em Nova York — rebati, tenso. O Jordis podia ser um homem perigoso quando ele queria; bastava algo para deixá-lo irritado e ele se transformava.

— Kalberty, eu sinto muito a sua falta — disse ele, cínico. Da última vez que a gente se encontrou ele apontou uma arma para minha cabeça.

— Jordis, o que eu senti um dia por você, morreu no dia em que você apontou aquela arma pra mim — respondi, firme.

— Eu já te expliquei por que eu fiz aquilo, eu estava sendo ameaçado por aquele agiota de Nova York e eu precisava dar um susto em você — ele tentou se justificar, mas eu não quis saber. O empurrei para fora do meu quarto e tranquei a porta, deixando ele do lado de fora.

— Kalberty, por favor, abre essa porta — ele estava sendo gentil? Sério isso? Em todos os anos que a gente esteve junto ele nunca foi gentil comigo. O que aconteceu com o Jordis que eu conheci um dia? Eu abri a porta e o beijei, apenas para descobrir se ele havia mudado ou se era o mesmo. Assim que nos separamos, ele me olhou surpreso e me abraçou forte, como se estivesse precisando de um abraço. — Eu te amo, Kalberty e demorei muito para perceber isso. Eu sinto muito por tudo o que eu fiz no passado; durante esses anos que a gente esteve afastado um do outro eu percebi que te amo.

— Eu também te amo, Jordis. Eu não queria que nosso relacionamento tivesse terminado da maneira que terminou — rebati, pegando na mão dele. —Eu disse que o que eu sentia por você se acabou por que eu queria te magoar da mesma forma que você me magoou. Mas agora tudo isso já passou e eu quero ficar com você para sempre.

***

Alguns minutos mais tarde, fomos para a beira da piscina admirar as estrelas, quando ouço o som de um disparo e Jordis começa a sangrar.

— Jordis? O que aconteceu? De onde veio esse tiro?  — olhei para os lados então vi ninguém que poderia ter feito aquilo com o homem da minha vida. Enquanto eu abraçava Jordis e implorava pra ele não morrer, ele caiu na piscina e o corpo ficou boiando. Foi aí que tudo começou a desmoronar na minha vida.

— Tio Kalberty? — ouvi a voz do Alex, meu sobrinho e sabia que tinha que confessar o que realmente tinha acontecido ali. Mas será que ele iria acreditar em mim?

— E foi isso que aconteceu, Arthur. O Jordis foi assassinado bem na minha frente e eu fui considerado culpado, já que não encontraram pistas do assassino. Infelizmente, meus sobrinhos Adriano e Pedro Henrique foram sequestrados por terem presenciado o crime e eu me sinto culpado por isso ter acontecido com eles — expliquei tudo e ele entendeu minha situação. Ficamos amigos até o dia em que fui solto por falta de provas. No dia em que fui solto, a pessoa que viera me buscar junto de Alex e Fernando era o Leôncio. Eu não fazia ideia de que estava me apaixonando pelo meu melhor amigo hétero.

Apaixonado pelo Valentão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora