Capítulo 8

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Por Alex

Os pais do Fernando apareceram na casa dos meus pais naquele fim de semana em que o Júlio estava mais rebelde. O meu pai tentou contornar a situação, mas o Júlio estava impossível naquele sábado. Primeiro, ele ficou metade da manhã trancado no quarto. Pra completar, ele saiu vestido com uma roupa preta, evidenciando que ele precisava de acompanhamento psicológico, pois não era normal usar preto em um dia quente como aquele.

— Júlio, por que está vestido assim? — perguntei para ele, depois do café da manhã.

— Me deixa, Alex — respondeu, me deixando perplexo com sua reação. Ele nunca me tratou desse jeito antes. — O Júlio que você conhecia não existe mais, ele morreu, por isso estou de preto.

— Julio, meu irmão, isso não é normal. Tá fazendo o maior calor lá fora e você vai sair vestido assim, todo de preto?

— A vida é minha e eu faço o que eu quiser — respondeu ele, saindo porta afora.

— Eu ouvi o Júlio? — minha mãe entrou na sala, preocupada.

— Mãe, você não vai acreditar no que acabou de acontecer: o Júlio saiu vestido de preto e disse que o Júlio que eu conhecia não existe mais — expliquei, ainda chocado com as duras palavras do meu irmão.

— Aconteceu alguma coisa, Roberta? — perguntou meu pai, entrando na sala á nossa procura.

— Depois a gente conversa, Felipe. Agora vamos receber os pais do Fernando, vamos — respondeu minha mãe, saindo junto com meu pai, me deixando sozinho na sala.

O que será que está acontecendo com meu irmão? Ele era tão doce, tão carinhoso. Agora ele tá muito diferente, tratando as pessoas com desprezo, etc. Eu estou muito preocupado com ele.

Por Jonathan

Eu e o Rocky acabamos de chegar de viagem quando percebo que tem alguém nos espiando por detrás de uma árvore.

— Quem está aí? — gritei, sem obter resposta.

— Sou eu, o Júlio. Vi vocês chegando e não quis atrapalhar — respondeu ele, sendo cordial comigo e com o tio.

— Deixa de bobagem, menino. Você é meu sobrinho, sabe muito bem que eu gosto de você e o Jonathan também — falou Rocky, repreendendo o garoto por sua atitude suspeita. — E seus pais, como eles estão?

— Pais? Eu não tenho pais. Só dois estranhos que me adotaram quando eu era bebê — respondeu o garoto, com uma frieza que me deixou arrepiado.

— Deixa disso, Júlio. Você sabe muito bem porquê a Roberta fez o que fez. A sua mãe biológica não te queria e a Roberta te pegou pra criar como se fosse filho dela e do Felipe — Rocky tentou argumentar, mas não adiantou.

— Ela não é minha mãe e muito menos ele é meu pai. Sabe quem é meu pai? Um desses vagabundos de beira de estrada, por que a vadia da minha mãe biológica transava com todos os homens da cidade, não se importando nem se iria pegar AIDS — a forma como ele dizia tudo aquilo me deixava assustado, pois o Julio que eu conhecia nunca diria essas coisas.

— Isso é jeito de falar, menino? — indagou Rocky, perplexo.

— Ué, e eu tô mentindo por acaso? — rebateu Júlio, me deixando assustado.

— Júlio, por que você está de preto? — perguntei, preocupado com ele.

— Não te interessa — rebateu ele, quase desmaiando.

— Júlio! — Rocky exclamou, correndo até o sobrinho e o segurando antes que ele caísse no chão. — Vamos levar ele para casa, Jonathan. Ele deve estar precisando de acompanhamento psicológico.

— Vamos, sim. Coloca ele no carro que eu dirijo — respondi, pegando a chave do carro dele e deixando nossas malas na sala da casa.

Ao chegarmos na casa do Alex, percebemos que está acontecendo alguma coisa, pois Roberta está chorando e o Fernando está ao lado de um casal que eu nunca vi na minha vida. Alex está desesperado e seu desespero passa quando ele me vê chegando com o Rocky segurando o Júlio no colo.

— Mãe, pai, o tio Rocky e o Jonathan trouxeram o Júlio — ele gritou para os pais, que ficaram surpresos por nos verem com o filho deles.

— O que aconteceu? — perguntou o pai do Alex.

— Ele chegou lá em casa falando de uma maneira estranha, com essa roupa toda preta e desmaiou de repente — respondeu Rocky, preocupado com o sobrinho.

— Meu filho, acorda — Roberta tentou acordar o filho mas não adiantou.

— Precisamos levá-lo ao médico — falei e ela me olhou furiosa.

— Meu filho não está doente — gritou ela, me deixando assustado.

— Alex, precisamos conversar sobre o Júlio — Rocky o chamou e ele veio até nós. — Podemos conversar em particular?

— Claro, tio — respondeu o meu amigo, nos acompanhando até a sala, onde contamos tudo o que havia acontecido mais cedo com o Júlio e ele ficou preocupado também. — Eu também pensei na mesma coisa, tio. O Júlio está agindo de maneira muito estranha. Vocês podiam ver a forma como ele me tratou hoje.

— Seu irmão precisa de acompanhamento psicológico, Alex — disse Rocky, no mesmo momento em que Roberta abria a porta do quarto.

— Como é que é?

Alberto, 66 anos, pai de Fernando

Alberto, 66 anos, pai de Fernando

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Joana, 56 anos, mãe de Fernando

Joana, 56 anos, mãe de Fernando

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Apaixonado pelo Valentão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora