Capítulo 3

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Por Leôncio Antunes

Há alguns anos eu sofri um acidente que me deixou em uma cadeira de rodas. Minha esposa, Beatriz Mathias, faleceu no acidente, junto com nosso filho, que ela estava esperando. Eu me senti bastante culpado pelo que aconteceu, mas a Bruna, minha atual esposa, me trouxe de volta para a vida depois de uma tentativa de suicídio. Bom, tenho cinquenta e sete anos de idade e estou casado com a Bruna há dois anos. Ela tem quarenta e cinco anos e é doze anos mais nova que eu. Quando nos conhecemos, ela me ajudou a encontrar um novo sentido pra minha vida.

FlashBack On

Era uma noite de sexta feira e eu estava voltando de uma festa de aniversário com a Beatriz, quando o carro deslizou na pista, capotando em seguida. Acordei horas depois no hospital e descobri que minha mulher havia falecido, junto com o bebê que ela estava esperando, de dois meses apenas. A notícia veio como um baque, já que eu e a Beatriz estávamos falando em construirmos o quartinho do nosso filho na nossa casa.

— Senhor Leôncio, não podemos fazer nada — disse uma enfermeira, quando eu implorei para me deixarem ver o corpo da minha mulher.

— Eu preciso ver o corpo da Beatriz, eu preciso ver minha esposa — gritei, as lágrimas escorrendo pelos meus olhos.

— Eu posso saber o que está acontecendo aqui? — perguntou uma mulher, entrando no quarto onde eu estava internado.

— Esse homem quer ver o corpo da esposa, doutora Bruna — respondeu a enfermeira, assustada com minha reação.

— Qual é o nome da esposa dele?

— Beatriz Mathias, senhora — respondeu a enfermeira para a doutora Bruna.

— Beatriz Mathias, não é? Vou verificar e já venho resolver essa questão — a doutora Bruna saiu e eu fiquei um pouco mais tranquilo. Alguns minutos mais tarde, ela retorna e, pela sua expressão, pude perceber que nunca mais eu iria ver minha esposa. — Sinto muito, senhor. O corpo da sua esposa ficou muito desfigurado e por isso não podemos deixar que veja o corpo dela.

— Eu não vou ver mais minha esposa? Nem no velório eu irei poder me despedir?

— Sinto muito, senhor — a médica tentou me consolar, mas eu não queria saber de mais nada.

No dia seguinte, tentei me levantar para ir ao banheiro mas não consegui sentir minhas pernas. Gritei por ajuda e um enfermeiro me ajudou a sair da cama, me levando ao banheiro em uma cadeira de rodas. A doutora Bruna chegou poucos minutos depois e me deu a pior notícia depois da morte da minha esposa e do nosso filho: eu estava paraplégico. Foi aí que eu tentei me suicidar pois não saberia lidar com aquilo e a doutora Bruna foi fundamental para que eu me recuperasse dessa dor.

Os dias foram se passando e o velório da minha esposa foi apenas para a família e amigos. Meus pais e os pais dela foram os únicos presentes, pois eu não aguentei sair de casa para me despedir da mulher que eu amei e sempre irei amar.

— Adeus, Beatriz — me despedi, orando para que ela chegasse no céu em paz.

Meses depois da tragédia, a Bruna me convidou para jantar em seu apartamento e eu aceitei, pois precisava refazer minha vida, já que havia perdido minha esposa e meu filho.

— Leôncio, que bom que você veio — disse ela assim que atendeu a porta de seu apartamento para mim.

— Resolvi aceitar seu convite para jantar pois quero refazer minha vida, Bruna — respondi, sendo surpreendido com um beijo na boca. — O que foi isso!? — perguntei, sem entender nada.

— Leôncio, me perdoe, mas eu estou completamente apaixonada por você — ela respondeu, me deixando sem palavras.

FlashBack Off

Hoje, eu e a Bruna somos casados e eu resolvi me mudar da cidade onde eu morava com a Beatriz para Aracruz, cidade do município de mesmo nome do Espírito Santo. Nessa cidade, fiz amigos, como o casal Alex e Fernando, que são pais de Adriano, um jovem que está estudando pra ser médico, já que ele cuidou do tio que estava com Alzheimer nos Estados Unidos e o casal Rocky, tio de Alex e Jonathan, que são pais de Pedro Henrique, que está cursando direito.

— Bruna, e se a gente adotássemos uma criança? Não acha que seria bom para o nosso casamento? — perguntei, ao me lembrar da alegria que eu senti quando soube que iria ser pai.

— Eu também acho, Leôncio — respondeu ela, me deixando esperançoso. — Vou conversar com uma advogada a respeito para saber o que devemos fazer para adotar uma criança .

Eu fiquei feliz ao saber que poderia ter a chance de ser pai outra vez. Se esse filho não fosse do meu sangue, seria meu filho de coração.

Apaixonado pelo Valentão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora