Capítulo 10

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Por Jonathan

Dois dias depois, Alex me disse que Júlio havia aceitado ter acompanhamento psicológico com a condição de que os pais não escondessem mais nada a respeito dele.

— Mas isso não é tudo, Jonathan — disse Alex, pegando as chaves do carro de Fernando.

— Tem mais?

— O Júlio exigiu que eu vá com ele nas sessões do psicólogo — respondeu, me deixando surpreso.

— Mas não foi o próprio Júlio que te humilhou naquele dia? — perguntei, me referindo ao dia em que Júlio humilhou o irmão por ele ser gay.

— Sim, mas esse novo Júlio está me surpreendendo a cada momento. Você acredita que ele disse que quer ser meu padrinho de casamento?

— Isso tá me parecendo um pouco estranho. Primeiro ele te humilha e agora quer ser seu padrinho de casamento? Fica esperto, Alex — falei, entrando no carro do Fernando, pois o Alex iria comigo me ajudar com as compras do mês.

— Se acontecer algo, eu irei saber. Meu pai também disse a mesma coisa quando eu contei pra ele sobre esse assunto. Ele foi mais esperto e colocou uma escuta dentro da mochila do Júlio, que ele leva pra todo lugar — ele explicou e fomos para o supermercado.

Por Alex

Miragem, viagem
Já sabe o que é real
No momento em que está sentindo amor
O amor é natural.
Segredo, brinquedo
Pra você brincar
O que faz eterna a primavera
Não pode fazer mal

Esses versos me fizeram lembrar de algumas coisas que me aconteceram na infância, como a tentativa de estupro pelo melhor amigo do meu pai, Felipe Barros. Eu nunca contei isso pra ninguém, muito menos para meus pais, pois sei qual seria a reação deles quanto á isso. Mas foi só um susto, pois eu consegui escapar antes de ser estuprado. Só uma pessoa sabe desse segredo: Ana Rosa. Mas ela foi embora depois que se formou no Ensino Médio e me prometeu que iria levar esse segredo para o túmulo. Já o Felipe, esse morreu de overdose por usar cocaína durante o sexo com uma prostituta, o que acarretou um grande problema para a jovem, que foi acusada de assassinato durante as investigações. Quando o resultado da perícia saiu, o laudo médico dizia que Felipe havia consumido altas doses de cocaína e misturado com bebidas alcoólicas e, no meio da transa, veio a falecer.

Hoje é um dia triste para todos nós, pois, há dois anos atrás, perdemos três amigos: Lara, Gabriel e Matheus, que morreram em um acidente na Terceira Ponte, sentido Vila Velha á Vitória, onde eles tiveram seus corpos carbonizados devido á explosão do carro em que estavam, que, na ocasião, era dirigido por Gabriel. O acidente ocorreu devido á pista estar molhada devido às chuvas do mês de agosto e os três estavam retornando de uma viagem para descobrirem mais sobre o passado de Lara, que vivia com o padrasto desde a morte de sua mãe.

— Você e a Lara eram muito apaixonados, não eram, Pedro? — perguntei ao meu amigo, enquanto visitávamos os túmulos dos nossos amigos. Sim, eles haviam sido enterrados, mesmo com os corpos carbonizados.

— Você não imagina o quanto eu era apaixonado por ela, Alex. Já tinha feito mil planos para depois da formatura e aconteceu aquela tragédia que a tirou de mim — respondeu ele, as lágrimas saindo de seus olhos. O abracei enquanto alguns pingos de chuva ameaçavam cair sobre nós. Na volta para casa, passamos no Sabor & Art, um restaurante aqui de Barra do Sahy, para comermos algo e fico chocado ao encontrar Alberto, o pai do Fernando, ali.

— O que você está fazendo aqui, seu sodomita nojento?

Apaixonado pelo Valentão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora