💋Uma dose Paternal💋

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Quando cheguei na entrada principal eu não consegui ir embora, a porta estava ali na minha frente no meio de um hall vazio mas meu coração acelerado não me deixava fugir, eu respirei e olhei em minha volta e vi a escada que dava para o segundo andar, onde meu quarto estava localizado. Eu tinha tantas saudades dele. Então como um fugitivo se escondendo dos guardas eu subi e fui direto para o meu quarto, meu coração acelerado esperava que tudo ainda estivesse como antes e talvez mostrasse que eu tinha uma importância além de fama e negócios, mas assim que abri, meu corpo travou, a esperança sumiu, e meu coração quebrou em milhões de pedaços.

Minha cama ainda estava ali, mas não tinha os mesmos cobertores, havia caixas no canto, caixas essas que ao abrir pude ver que era onde minhas coisas estavam, minhas roupas, meus troféus, ali tinha toda uma história contada de anos, toda uma vida, quatro anos foi o suficiente para que eles me apagassem, me reduzisse a caixas de papelão e a um quarto sem vida, isso doía e como.

Em uma das caixas eu encontrei uma decoração de natal, mas não uma decoração qualquer e sim o que escolhi quando era criança, quando meu pai levou eu e minha irmã para comprarmos algo significativo, na minha mão estava um pai segurando o filho pare ele colocar a estrela no topo da árvore, a tinta estava saindo, havia muita poeira e ele já não passavam a mesma magica que um dia passou mas nada nessa casa é a mesma há muito tempo, tudo parece morto, por mais vivos que eles mostram ser, o dinheiro traz sim a felicidade mas se você deixá-lo dominar ele levará em troca tudo que um dia foi importante para você, não era essa vida que eu queria para mim.

Seattle nunca foi um sonho de criança, eu tinha tudo planejado, mas ficar e não ser valorizado pelo resto da vida, ser tratado como um prisioneiro? Esse também não foi o que planejei, mas eu não posso fugir do destino e mesmo que toda a minha vida esteja no automático esse tempo todo eu ainda prefiro estar lá do que aqui, aqui tem cheiro de morte mesmo que ninguém tenha morrido.

- Quando sua mãe me falou que você estava aqui, eu achei que ela estava ficando maluca. - A voz familiar tocou em meus ouvidos e minha única reação foi apertar e esconder a decoração em minhas mãos.

- Vim aqui a trabalho, mas já estou indo embora. - Me levantei e deixei em cima da cama o objeto.

- Mas já? O que as pessoas pensariam ao saber que o filho mais novo de Park Ryan, foi embora minuto após ter chegado? Logo após uma viagem tão longa, uma volta esperada e reencontro com a família? - Dava para sentir a ironia em sua voz e eu não gostava disso.

- Tô vendo o quão esperado e bem-vindo eu sou. - Olhei em volta e tentei passar por ele. - Licença. - Pedi, mas o mesmo nem se mexeu. Meu pai era um homem alto, forte, o cabelo loiro estava em uma altura média e seu rosto quadrado passava a ele um ar de poder. Eu não tinha seu tamanho, não herdei sua voz grave, nem seus olhos, mas herdei o loiro de seus cabelos e mesmo que isso fosse a nossa única semelhança física, ainda parecia que eu estava em frente a um espelho, porque ele me ensinou a ser uma versão dele. - pai anda logo. - Me afastei para olhar em seus olhos e cocei minha testa, estava ficando sem paciência.

- Não me chame assim, perdeu o direito quando destruiu a nossa família, quando me roubou e principalmente quando foi embora e deixou que cuidássemos da bagunça que você fez. - Ele parecia um gato brincando com sua presa, usando a ironia, a raiva e suas garras para destruir qualquer vestígio da pessoa em sua frente.

- O que você quer dizer com destruiu? Por que quando você faz o seu filho gay passar por diversos exames e especialistas só para ter uma cura? Eu acho que a partir daí você e mamãe destruíram tudo. - Cruzei meus braços, eu não seria um presa fácil.

- Queríamos o seu bem, ficamos preocupados e ainda mais com a sua condição. - Seu tom de voz abaixou, mas ainda manteve o ácido saindo de suas palavras.

- Não, a única coisa que vocês queriam era o bem da Luxe, o bem do poder, queriam que a mídia visse vocês como a família perfeita, juntou tudo que não faz disso aqui perfeito e jogou em cima de mim. Eu nunca fui tão feliz nesses quatro anos longe de vocês, eu bebi, usei drogas e sabe o que é o melhor? - cheguei perto dele. - eu transei com muitos e muitos caras, eu poderia ter engravidado e então você seria avô, não é uma história linda para a mídia coreana? - soltei um sorriso soprado e fui surpreendido com um empurrão que me fez cair na cama.

Ele encostou a porta e se aproximou tão rápido e com passos tão fortes que foi difícil não me encolher, não era uma cena nova, não era incomum.

- Você não vai brincar comigo, tudo que você é fui eu que criei, eu te coloquei em evidência nesses país, te fiz ser a criança, o adolescente e até o adulto mais desejado, não venha voltar agora e tentar estragar o que sobrou depois da merda que você causou, foi você que foi embora e agora não pode voltar e querer sentar na janela, você ainda é uma criança, acha que sabe tudo, mas se for uma ameaça a esse império, essa dinastia. Eu vou garantir que você nunca mais consiga se levantar e que não tenha voz. - Seu dedo estava apontado em minha cara, eu havia engolido seco, em seus olhos era possível ver o ódio, o fogo que cresceu ao perceber que eu era uma ameaça ao seu império, era com esse monstro que passei duas décadas da minha vida. 

Contrato Visceral - JIKOOK - mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora