Se tivessem dito para o garotinho loiro que tinha tudo que queria, que ele viraria um adulto maluco do outro lado do mundo e que aceitaria fazer coisas muito questionáveis por dinheiro, com toda certeza esse garotinho riria muito ou correria para as saias da mãe com medo, a segunda opção é a mais certa, afinal eu sempre fui meio covarde, mas para que vocês entendam tudo que eu to dizendo e porque eu me tornei essa pessoa, precisamos voltar ao passado, lá atrás quando tudo era apenas doces e arco-íris.
[...]
Sou o segundo e último filho de Ryan Park e MinJee Park, eu sei que isso pode não parecer nada demais, contudo, eles foram o início dos meus problemas atuais.
Por ser o único filho homem, estava destinado a uma vida atrás de mesas de escritórios e grandes papeladas, meu pai é dono da Luxe, uma marca de roupas que ficou tão famosa nos Estados Unidos que seu plano foi investir em outros lugares do mundo e isso deu muito certo porque depois de alguns anos sendo um solteirão, loiro e bem desejado ele foi cair de amores pela assistente da estilista na sua filial na Coreia do Sul. Sem me estender muito nesse assunto e resumindo boa parte dessa junção esquisita de um americano que tinha tudo e uma coreana que não tinha quase nada, que resultou em dois filhos muito gatos e um império familiar enorme que por acaso já não faço mais parte.
Minha família se tornou um símbolo para um país pequeno que não tinha tanta visibilidade no mundo da moda, meu pai se mudou para a Coreia e isso deixou ele tão famoso quanto o presidente, bom quando eu digo famoso significa que eu não podia coçar o saco no caminho para escola que já saía um tabloide sobre, um saco eu sei, mas cá entre nós, eu gostava, sempre gostei de atenção e sempre a tive, garantidamente, o fato de eu claramente ser o filho preferido me dava ainda mais vantagens sobre as coisas. Meus pais de davam de tudo e me tratavam como rei, contanto que eu seguisse os passos deles, mantivessem minhas notas no alto e não aparecesse em manchetes ruins.
Coreia do Sul pode ser bem maldosa quando quer então eles não podiam arriscar nada comprometedor, para falar a verdade eu gostava da vida que tinha, era minha zona de conforto e eu não planejava sair de lá.
Até que a minha adolescência chegou e eu comecei a notar que havia algo de diferente comigo, algo de muito errado que me assustava afinal eu precisava ser perfeito. Passei a notar que tinha um olhar diferente para meninos, tive certeza da minha homossexualidade quando vi o filho do governador em um evento e conversamos durante horas mesmo ele sendo alguns anos mais velho, em minha cabeça eu estava doido para beijá-lo e por Deus eu nem mesmo sabia como fazer, eu só queria.
O Google foi o meu padrinho, a coisa que me tirou do armário. Eu nem precisaria dizer o quanto essa descoberta deu errado né?
Eu fiquei simplesmente obcecado por tudo que envolvia minha sexualidade e isso foi trazendo uma pessoa diferente para fora de mim, eu queria me descobrir por completo o mais rápido possível, só o histórico do Google sabe o quanto eu me diverti nessa descoberta. Tudo ficaria bem enquanto eu guardasse esse segredo dentro do meu quarto, contudo à medida que os hormônios vão aumentando e você ficando mais velho acaba que você se torna um garoto pervertido que só pensa besteira (essa parte eu não mudei).
Como tempo eu não consegui guardar muito esse segredo já que vivia rodeado de homens gostosos, modelos na maioria das vezes. A primeira a notar foi minha mãe e depois que MinJee descobre uma coisa, não dá para esconder mais nada.
Um belo dia no meio da sobremesa eu despejei todo o meu segredo, e cá entre nós, eu demorei até demais, eu tinha tanto tesão acumulado por simplesmente não ter tido minha primeira vez, Eu já tinha 20 anos! Me sentia uma mulher no período fértil.
A merda voou pelo ventilador e a maioria caiu no meu colo, minha mãe ficou estática como uma estátua, minha irmã deu de ombros e manteve a classe enquanto tomava uma taça enorme de vinho branco e meu pai, bom, ele desmaiou... Esse foi o último dia de paz que tive com a minha família.
Depois disso foi gritaria e briga para todo lado, me sentia aquelas famílias pobres dos seriados americanos, mas é claro que todo esse caos era apenas dentro de casa, eu sentia que estava sendo um grande peso, quem se deu bem nisso foi minha irmã, virou a preferida do dia para a noite.
Quer dizer, antes de eu surtar de vez e sumir eles ainda tentaram me salvar...
Depois um mês brigando todo santo dia, minha mãe me convenceu de ir em médicos, a doida queria a cura gay na mão dela, para ontem. Fui a psicólogos, psiquiatras e todos me deram como são, tirando o fato de terem me passado um dose de remédio de ansiedade porque até eles tiveram pena de mim. Por fim eles me levaram para tantos médicos que até exame de próstata eu fiz, e desse eu gostei.
Dessa parte eu não tenho muito do que reclamar, porque eles procuraram tanto que acharam e dessa vez a merda que jogaram no ventilador, caiu exatamente na cabeça dos dois. Eu passei por exames interessantes, um deles me deixou bem doidão, em um desses exames a médica notou um espaço muito do incomum em mim e isso gerou uma comoção gigantesca, onde todo mundo pensou que fosse uma falha ou sei la, até notarem que o fato de eu me sentir um maníaco sexual não era culpa minha e sim pela dose de hormônios sexuais que eram liberados, essa merda toda vinha do tal espaço que poderia caber uma criança. Depois disso foi um trelê-lhe para cá, trelê-lhe para lá e eu parei de ouvir quando disse que eu, um homem, poderia engravidar. Uma condição rara mas que se tornava cada vez mais comum, afetava pouco mais de 25 porcento da população masculina mas que quase nunca era diagnosticada principalmente em homens heterossexuais.
Meus pais enlouqueceram, e eu caguei, já que tinha remédios para diminuir essa produção de hormônios e para cortar toda essa produção de crianças, eu poderia ter um filho e fazer um filho em alguém, me sentia um adaptador de tomada.
Com toda essa situação eles me tiraram da faculdade, me trancaram em casa (não tão literalmente assim), e eu parei de ir em qualquer coisa pública, não por que eu queria. Com isso, eu descobri minha paixão por álcool, do mais forte até o mais fraco. Até que um dia em um evento na nossa própria casa eu os vi anunciarem minha irmã como a herdeira do patrimônio do meu pai, e eu queria muito aquilo, tudo na minha vida girou em torno disso e agora eu não tinha mais nada. Naquele momento eu vi que não pertencia mais aquele lugar.
Com uma mochila cheia de roupas, meus documentos e 15 mil dólares que roubei diretamente do cofre do meu pai, eu saí, para nunca mais voltar. Minha decisão de sair da Coreia se deu porque eles me encontrariam mais cedo ou mais tarde e eu não queria ser encontrado, então fui para os Estados Unidos, um lugar que já tinha ido milhares de vezes e conhecia como a palma da minha mão, pelo menos foi o que eu pensei.
Depois disso foi só ladeira abaixo.
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Contrato Visceral - JIKOOK - mpreg
Fiksi PenggemarNo dicionário o significado de recomeçar é começar novamente depois de uma interrupção, foi isso que aconteceu com Jimin quando teve que tomar a maior decisão de sua vida, ficar e se sentir preso em um palácio confortável pelo resto da vida ou ir e...