💋Uma dose de Sangue💋

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Eu passei alguns dias com ela, dias divertidos onde eu tentei ao máximo ignorar a possibilidade de ter um bebê crescendo dentro de mim, eu não queria fazer exame nenhum, estava com medo do resultado e se tivesse um papel provando isso toda a minha ficha ia cair e acho que não seria uma coisa boa.

Minha vó parecia animada, fomos comprar materiais onde fizemos um bolo juntos, um bolo de morango com os morangos que coletamos, eu amava morangos e eu adorei que podíamos fazer algo assim, apenas eu e ela.

Na noite anterior nós fomos a um bar onde comemos e bebemos muito, na verdade ela não me deixou beber sequer uma gota de álcool, mas bebeu tanto que tive que levá-la para casa, minha vó estava se mostrando muito ativa e animada, eu não via ela tão lenta quanto cheguei a reparar no começo, ela parecia estar revigorada como se estivesse sido atingida por um raio que a deixou elétrica.

Quando eu acordei eu fui direto em seu quarto para saber como estava sua ressaca, mas ela não parecia estar ruim, estava arrumada, cheirosa e com sua bolsa em mãos.

- Eu achei que estivesse de ressaca, ia fazer uma sopa. - falei, mas ela não ligou, apenas passou por mim e se sentou no sofá.

- Eu sou velha querido, ao ter minha idade descobrimos truques para isso. Já acordei há muito tempo, tomei meu café e reguei minhas plantas, agora você vai subir e tomar um banho, se arrumar que vamos até o hospital. - Ela não estava pedindo, era apenas um aviso.

- Você está bem vovó? Se quiser posso chamar uma ambulância. - Fui até ela me certificando que a mais velha estava bem.

- Não é para mim, precisamos saber da sementinha. Não tente fugir menino, vamos fazer isso sim e não é um pedido. Você tem trinta minutos para se arrumar. - Sua voz estava carregada do tom autoritário que era raro de eu ouvir, ainda mais sendo dirigido para mim, mas esse tom indicava que eu não tinha escolha alguma, teria que fazer.

Com minha barriga revirada e não pelos enjoos frequentes e sim de nervosismo, eu subi e tomei meu banho, me arrumei da forma mais quente e despojada que consegui e desci, a mais velha se levantou e já saiu de casa.

- Já chamei um táxi, vamos rápido para dar tempo de voltar para o almoço, eu tenho coisas para terminar. - Fechei a porta e corri atrás dela, minha pequena vó rabugenta parecia mais ansiosa do que eu.

Fomos a uma clínica particular, eu não tinha sequer um cu para cagar direito, mas lá estávamos fazendo um exame de sangue onde o resultado seria rápido, e demoraria apenas uma hora.

[...]

- Eu não entendo, eles falam que o resultado é em uma hora, mas já se passaram uma hora e cinco e nada. - Fez um bico e cruzou os braços, como uma criança, foi impossível não a abraçar.

- Sabe que eu te amo né vovó? Eu sei que quer um netinho, mas eu não quero, está mais ansiosa do que eu, se eu pudesse ignorar isso eu faria. - Sou sincero e acabo levando um tapa.

- Isso é uma benção, vamos dizer que a probabilidade era pequena, mas ainda assim aconteceu, então é um milagre, o trate como um, não seja como seus pais, é a sua chance de se mostrar melhor do que eles em tudo. A sementinha vai florescer a sua vida, eu tenho certeza disso. - Me afastei dela, mas ela voltou a me abraçar.

- Park Jimin. - Meu nome foi chamado pelo recepcionista, eu me separei da minha vó e corri até lá, peguei o envelope que parecia tão pesado em minhas mãos e me sentei em seu lado.

- Estou com medo, vovó, temos mesmo que fazer isso? - olhei para ela, sentia minhas mãos tremerem.

- Sim, querido, temos sim. Vamos abrir juntos. - Eu abri de um lado e ela do outro e assim tivemos em nossa frente o resultado. Negativo.

Minha vó olhou para mim e depois para o papel e então se levantou e foi até o recepcionista.

- Quero fazer uma ultrassonografia agora. Quanto custa? - eu já estava animado com o resultado em minha frente, eu entendia que ela queria um neto, mas isso não ia acontecer, pelo menos não comigo. - Venha Jimin, eu não aceito não como resposta. - Saiu me puxando para clínica adentro.

Chegamos em uma doutora onde minha vó explicou da minha condição e dos meus sintomas, eu não gostava de falar com médicos, na verdade eu odiava hospitais. Ela me fez deitar naquela maca, eu estava morrendo de fome porque não havia tomado café e ainda estava perdendo o meu tempo ali.

- Vovó vamos embora, eu estou morrendo de fome, não tem nada além de um estômago vazio aqui. - Tentei convencê-la.

- Na verdade tem sim, um limão de 12 semanas. - A mulher olhava surpresa, afinal minha condição ainda era rara e por muitas das vezes pouco conhecida.

- Viu, uma sementinha. - Minha vó bateu palmas enquanto olhava para a tela.

- Quer saber o sexo? Acho que dá para ver. - ela tentou aproximar.

- Acho que não, eu não sei. - Olho para o lado oposto.

- Parece que o bebê também não quer mostrar, está de perninhas cruzadas. Bom, bem saudável, 5,5 centímetros e pesando 15 gramas. - Ela imprimiu os papéis e limpou minha barriga, eu me levantei ainda incrédulo, eu estava feliz com o resultado negativo e agora eu tinha um limão dentro de mim. Optei por não ouvir o coração, precisava de um tempo.

[...]

Chegamos em casa e minha vó foi para seu quarto toda animada com a chegada de seu primeiro neto, já eu fui direto atacar a geladeira porque antes a cabeça vazia do que a barriga.

Depois do meu buchinho cheio a ficha caiu, eu me sentia mais perdido do que em qualquer outro momento e não sabia o que fazer. Bati na porta e entrei,  vi minha vó sentada na cama, estava tricotando, concentrada.

- O que eu vou fazer vovó? Eu não posso ser pai, eu não tenho como criar uma criança. - Me sento em sua frente e ela larga o tricô

- Você tem tudo que precisa para criar uma criança, você tem amor de sobra mesmo que ainda não saiba, tem o senso de cuidado, o costume com as responsabilidades e a força de um leão. Além disso você tem isso aqui. - Pegou uma caixa velha que estava ao seu lado e me entregou. - Isso vai ser o meu presente a você, pode não ser muito, mas todo o dinheiro que sua mãe me deu para que eu tivesse uma vida mais rica eu guardei, guardei porque sabia que alguém precisaria mais do que eu. - Abri a caixa e havia papéis com o meu nome e um valor extremamente alto.

- Vovó isso é muito dinheiro, com esse dinheiro você poderia reformar a casa e viver eternamente. - Olho para ela, eu não sei se poderia aceitar.

- Isso sempre foi seu, eu decidi colocar em uma conta em seu nome assim que percebi o quanto você estava crescendo de um jeito diferente, sua irmã tem tudo, e agora tudo que você tinha também, ela nunca vai passar pelo que passou, mas você segurou todas as pontas da família e merece isso, tudo que é meu, será seu. Eu deixei todas as provas caso você precise, caso achem que me roubou, tudo está nessa caixa, inclusive o dinheiro do restaurante que vendi. - Segurou meu rosto. - Escute querido, a sua chance de ser feliz é agora, sei que vai tomar a melhor decisão com esse dinheiro e com essa criança, eu não preciso disso, eu tive um grande amor, uma linda família e já foi o suficiente para mim. Estou velha, cansada, minha única riqueza é passar esse tempo com você. Me prometa que vai tentar ser feliz e estamos quites. - Acariciou meu rosto e eu a abracei.

- Eu prometo vovó.

Contrato Visceral - JIKOOK - mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora