💋Uma dose de Flores Brancas💋

682 149 33
                                    

Minha vó havia guardado para mim bilhões de wons, em dólares não chega a ser bilhões, mesmo assim é o suficiente para que eu vivesse confortável durante um bom tempo ou se eu fosse inteligente poderia multiplicar esse dinheiro.

Quando anoiteceu, minha vó fez com que cozinhássemos juntos pela primeira vez, eu pude cozinhar algo que eu gostava muito nos Estados Unidos e ela fez sua especialidade coreana, unindo dois países que eu amava.

Nos sentamos a mesa e começamos a comer, comíamos e conversávamos, ela conseguiu me deixar muito mais tranquilo quanto a gravidez, minha vó era meu porto seguro, eu sentia que não havia ninguém no mundo que me dava tanta força quanto ela. Depois de um jantar incrível carregado de lembranças felizes, eu a levei para a cama, dei um abraço apertado nela e saí da cama para que ela fosse descansar.

- Será que eu ficarei viva para ver a sementinha? - sua voz parecia levemente triste e cheia de dúvidas, ela estava bem pensativa. Me sentei em sua frente na cama e segurei suas mãos.

- É claro que vai vovó, e eu prometo que vou levar a sementinha para ver você e comemorarmos o ano novo coreano juntos. - Acariciei suas bochechas e deixei um selar em sua testa. - Eu te amo, agora vá dormir, tivemos um dia bem agitado hoje. - antes que eu pudesse sair ela segurou minha mão.

- tenho um presente para a sementinha, mas só quero que abra quando conseguir descobrir o sexo. - ela abriu a gaveta da mesinha ao lado de sua cômoda e tirou de lá uma caixa de presente, entregando para mim. Agradeci, saí do quarto e fui para o meu, deitei-me em minha cama ainda desacreditado com a minha notícia, toquei em minha barriga e fechei os olhos. - Tudo bem, vamos cuidar de você sementinha. - Proferi antes de dormir.

[...]

Eu acordei bem tarde, estava definitivamente cansado, não tinha muito motivo, mas estava, acabei me levantando ainda de pijama, sonolento, desci as escadas e não vi nada, estava um completo silêncio. Cheguei a olhar a hora e pensei que minha vó estava tão cansada quanto eu, então eu fiz um café da manhã reforçado e fui tomar um banho, tomei um banho relaxante e me arrumei.

Depois de um tempo eu senti a pontada de preocupação e fui até o quarto da minha vó, a chamei, chamei tantas vezes e não fui atendido e ao sentar-se ao seu lado na cama, a toquei, não era mais minha vó ali, era apenas um corpo frio, uma partida silenciosa.

Eu nunca havia visto alguém morto, em toda a minha vida, nem mesmo quando morei por uma dia naquele bairro em Seattle, eu não sabia como lidar com isso, a primeira pessoa morta que vi em toda a minha vida é logo a pessoa que eu mais amo.

Automaticamente passa um filme emocionante na cabeça, momentos felizes que pude viver na minha infância, na minha adolescência e principalmente nesses últimos dias em que estive com ela. Liguei para avisar aos órgãos competentes que fariam a retirada de seu corpo, eu ainda estava atônito, mesmo após retirarem o seu corpo, eu ainda não parecia acreditar.

As vizinhas que eram muito amigas vieram até mim, trouxeram comida e me deram todo o carinho, me lembrando o quanto minha vó me amava e como ela ficava feliz em apenas falar o meu nome, era bom saber que a pessoa que mais importava na minha vida eu consegui orgulhar e principalmente consegui me despedir.

Eu guardei as caixas que me deu antes de partir em minha mala, eu sabia que não poderia ficar em sua casa sem ela, pelo menos não agora com tudo tão recente, era uma falta muito grande, uma dúvida enorme, tão grande quanto o buraco que estava em meu peito. Não foi um ano bom para mim e nem um início bom, mas é o mais importante da minha vida e eu tinha consciência disso.

Eu fiquei em uma pousada ali perto, e não fui sequer avisado da morte da minha vó, minha família não sabia que eu estava com ela, poderiam ao menos avisar, acompanhei pela televisão os detalhes de onde seria, minha vó deixou bem claro que não queria ser cremada, em suas palavras ela dizia "o que veio da terra volta para terra" eu tinha uma opinião ao contrário da dela, mas me tranquilizei com isso, ela poderia pedir qualquer coisa, ninguém seria louco de negar.

De longe eu observei o velório que minha família preparou, estava cheio de gente, pessoas que eu nunca vi na vida, a imprensa estava lá, nem mesmo um momento como aquele era respeitado. Minha mãe chorava de forma alta e dolorosa, eu não tinha certeza se era verdade, já não tinha mais como acreditar no que via, tudo parecia tão falso.

Eu ainda não derramei uma lagrima, também não queria vê-la de novo, não naquelas condições, eu queria colocar na minha cabeça que era apenas um corpo e que não fazia sentido eu vê-la quando no dia anterior eu a vi rindo. Não me surpreendi ao ver Jungkook ali, ele estava sozinho todo de preto como se fizesse parte da família, não tinha muitas dúvidas de que ele estava fazendo acordos com a minha família e isso só me fazia ficar com mais raiva.

Minha vó havia deixado tudo que ela tinha para mim, uma herança que passava da parte financeira, a melhor coisa que recebi dela foi toda a educação, o cuidado com as pessoas, a coragem, e principalmente o amor, eu prometi a minha vó que levaria a sementinha para visitá-la, e passarmos o ano novo coreano juntos e eu vou cumprir.

Eu esperei que até a última pessoa fosse embora, fiquei ali durante algumas horas à espreita, e quando tudo estava vazio eu segui, me sentei na parte da grama já crescida ao lado do túmulo. Eu fiquei surpreso em saber que minha vó estava enterrada ao lado do meu avô, pelo menos minha mãe fez algo de emocionante, algo de bom.

- Eu disse que você veria a sementinha nascer, você partiu antes disso, mas fico feliz de saber que pude dizer que te amava antes de você ir, de passar esse tempo com você. - E então a ficha caiu e as lágrimas saíram como uma cachoeira. - Eu te amo vovó, obrigada pelos melhores dias da minha vida e por cuidar de mim até nos últimos dias se sua vida, eu serei eternamente grato e cumprirei a promessa. Você verá sua sementinha. - E eu fiquei ali com ela, até o último minuto.

Contrato Visceral - JIKOOK - mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora