Eu desci as escadas pronto para ir embora, era tudo que eu queria, mas antes que eu pudesse passar por todo mundo como uma bala e ir direto para o meu ninho de paz, eu senti meu pulso ser segurado por Charlie, ela carregava um olhar triste e de súplica como se pedisse para mim ficar, em momento algum ela tinha culpa e esse era o momento dela, eu não podia ignorar, um pedido silencioso como esse.
- Tudo bem, eu sei, eu entendi. - Me puxou para um abraço. - Você faz parte da minha família também, e eu estou com você agora, se preferir podemos conversar aqui, eu não sairei do seu lado. - Acariciou meus cabelos, mas eu não iria chorar ali, não poderia atrair mais olhares.
Ficamos ali por um tempo, o abraço dela era bom, cuidadoso, e o jeito como ela sussurrava a palavra "calma", em meu ouvido conseguia acalmar meus nervos.
- Eu também fiquei assim, tudo era muito grande para mim suportar. Uma vez eu chorei porque o bolo que eu gostava de uma confeitaria veio, mas não tinha o mesmo gosto que eu tinha idealizado na minha cabeça, eu passei quatro horas chorando. - Ri e me afastei olhando para ela e sorrindo, entendendo que ela queria tirar minha cabeça de tudo isso.
- Eu chorei hoje porque a bala que eu ia comer caiu no chão da sala. - Ri e ela deixou um beijo em minha bochecha.
- Sim, crianças bagunçam nossa cabeça e o nosso corpo e eu não vou dizer que isso vai melhorar porque até o hoje Austin ainda me faz pensar que eu vou ficar maluca antes dos quarenta. - Olho para o menino feliz que brincava com os carrinhos.
- Ele é tão calmo. - Respondo e ela concorda com a cabeça.
- Ele é, mas isso não significa que ele não tem energia para dar e vender e quando ele inventa ideia com os livros que lê, pronto, acabou a calmaria. - Ela estava realmente me ajudando porque em vez de pensar na situação que eu estava enfiado eu só conseguia pensar em como meu neném seria, se seria calmo ou se me deixaria de cabelos brancos.
A campainha tocou, mas nós não ligamos muito, continuamos conversando até escutar Austin gritando.
- MAMÃE, SEU AMIGO ESTÁ AQUI. - Eu olhei em volta pensando que tinha faltado alguém, mas todos pareciam estar lá, tomei um susto quando vi Charlie correr sem ver quem estava na frente, ela só correu e pegou Austin, e então eu vi a pessoa que estava ali na porta, tendo a coragem de aparecer. Oliver.
- CHARLIE? QUE PORRA TA ACONTECENDO? QUEM É ESSA CRIANÇA? DE QUEM É? - ele começou a fazer menção de que iria entrar, mas Jungkook foi a frente e não o deixou passar da porta. - ME DEIXA ENTRAR PORRA. - Ele gritava enquanto forçava para passar por Jungkook.
- Você não é um convidado, então saia, não tem nada para você aqui. - Se tinha uma coisa que fazia Jungkook perder completamente a cabeça era o Oliver, então se Oliver não saísse por bem eu tinha certeza de que aquela festa se tornaria um enterro.
Olhei em volta desesperado vendo o pai da Charlie e Mark prontos para tomar a rédea da situação com Jungkook. Agi por instinto e antes que acontecesse uma briga generalizada na frente da criança, eu corri e entrei no meio dos dois.
- Jimin, que porra você está fazendo? SAI DAI. - Jungkook gritou, mas eu não movi um dedo sequer, meu coração disparado, eu estava morrendo de medo de ser um péssimo plano e isso acabar pior do que eu estava prevendo.
- NÃO, NÃO VÃO FAZER ISSO COM ELE AQUI. - Olho para Austin, Charlie estava o abraçando claramente abalada. Naturalmente eu fui levado para sensações distintas, já estive no lugar de Austin, assustado vendo a agressividade do meu pai —mesmo que ele não saiba que Oliver é o pai dele— e acabei sentindo o desespero de Charlie porque também me coloquei naquela situação, eu não gostaria de me sentir tão indefesa com o meu filho ali.
Não sei de onde eu tirei minha força ou minha coragem, só sei que empurrei Oliver para fora tão forte que deu tempo de eu pegar a maçaneta da porta e fechar comigo do lado de fora, mantive os dois separados, separados por mim e pela porta.
- Sai daí Jimin, não ouviu seu namoradinho? Eu quero tirar essa história a limpo. - Ele voltou a vir para a minha direção.
- O que vai fazer? Se eu não sair? Vai me bater como da última vez? Porque se você for um pouco mais inteligente vai ver que se eu gritar você morre, se eu abrir essa porta você morre. Eu sou a única pessoa que está te mantendo em segurança aqui. Ali dentro tem três homens doidos para arrancar sangue de você. - Permaneci firme, ignorando minhas mãos trêmulas.
- Eu preciso saber de quem é aquela criança, é do Jungkook né? Eu sempre soube que eles tinham um caso. - Ele andava de um lado para o outro, mas não chegou a tentar forçar uma entrada.
- Não, Oliver, Jungkook é gay, você sempre soube disso, além disso, o que ele tem com Charlie é uma irmandade muito grande. Pense um pouco, e raciocine. - Ele ficou em silêncio depois da minha fala, isso demorou porque eu ainda estava fazendo força para aguentar Jungkook gritando e tentando arrancar a porta de minhas mãos, ele estava transformado.
Uma parte de mim achou muito sexy e outra parte ficou pensando que ele estava fazendo tudo isso para proteger Austin, seu afilhado, o que ele não faria para proteger seu filho? Acho que ele já tinha feito essa porta voar.
- Vamos Oliver, está frio aqui fora, eu não estou com o meu casaco, ou você vai embora ou você começa a agir que nem um ser humano descente, sente, respire fundo e então podemos ver uma possibilidade de uma conversa civilizada. Porque está muito desconfortável segurar essa porta. - O lembrei que ele ainda estava apavorando as pessoas lá dentro e então ele olhou para mim, seus olhos estavam arregalados e eu pude jurar que vi uma lágrima ali.
- Esse menino... ele é meu filho?
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Contrato Visceral - JIKOOK - mpreg
FanfikceNo dicionário o significado de recomeçar é começar novamente depois de uma interrupção, foi isso que aconteceu com Jimin quando teve que tomar a maior decisão de sua vida, ficar e se sentir preso em um palácio confortável pelo resto da vida ou ir e...