A única parte da minha família que sobrou foi minha vó, eu poderia imaginar que seria ela, por que o único amor verdadeiro foi o seu, ela morava em Busan e não quis sair do lugar que criou sua filha e viveu momentos encriveis com o seu marido, para morar em uma mansão sem alma, sem amor.
Sai de meu quarto em disparada para o lado de fora, estava enojado de tudo isso, eu disse que não queria vim, eu não queria vê-los, eu sabia que no final da noite seria como das outras vezes e aí eu teria que juntar todos os cacos novamente. Eu precisava de ar mas ele não parecia querer entrar em meus pulmões, eu estava enjoado e minha cabeça latejava, eu tentei andar até meu carro mas no meio do caminho eu tive que colocar tudo que comi hoje para fora, direto no chão.
Não estava legal, meu coração estava disparado e eu tentava me manter bem, mesmo com a sensação de dormência no meu corpo, estava difícil de engolir. Limpei minha boca mas antes que eu pudesse tentar voltar para o carro outra sequência de vômito saiu, sem aviso, apenas a sensação de estar colocando todos os meus órgãos para fora. Tentei me estabilizar, parei em frente a porta do motorista e respirei fundo várias vezes para tentar controlar as inúmeras sensações e desconfortos que me cercava.
Consegui chegar ao hotel em segurança, consegui ignorar ou apenas adiar toda a bomba que estava prestes a explodir, eu apenas sussurrava para mim mesmo "espere chegar no quarto" não era como se isso ajudasse muito, mas seria muito problemático eu passar mal no meio do Hall de um hotel chique, ainda mais sendo quem eu sou. Então quando a porta se fechou eu busquei sentar no sofá, não gostei do que senti, não gostei do sentimento de rejeição que eu havia tentado esquecer, não gostei da dor torturante que parecia aumentar a medida que minhas lágrimas caiam
Eu odiava me sentir assim, eu não queria me sentir o menino indefeso e com problemas, o menino que apenas queria um abraço da mãe e que ela dissesse que iria ficar tudo bem, mas nada parecia estar bem. Tudo piorou dez vezes mais no momento em que pisei na Coreia, eu tinha uma vida lá, uma vida em Seattle que não me deixava lembrar de coisas como essa, uma vida na qual eu poderia fingir que não era tão grave quanto parecia mas aqui eu não consigo, estou perto demais e isso suga minha energia, a força que Sara insiste em dizer que eu tenho.
E então eu senti todo o meu corpo tremer, minha mão estava tão fraca que eu talvez não conseguiria segurar nada, estava dormente. Minha garganta fechou e eu comecei a suar frio, sentia que iria morrer, parecia que toda a dor iria me matar que talvez meu coração não tivesse aguentado toda a emoção e estava prestes a explodir como uma bomba, eu escorreguei do sofá pelo chão, puxando meus cabelos com força, como um tentativa de salvar minha vida, eu não conseguia respirar, tudo estava tão lento, borrado talvez? Eu já não sabia mais dizer.
Eu não sei se foram minutos ou horas, pareceu horas de tortura para mim, mas quando a crise passou ela não levou consigo os outros sentimentos, porque em seguida eu voltei a chorar, mais forte, mais profundo, como se estivesse acabado de perder alguém que eu amo e talvez eu tenha perdido mesmo, porque no momento eu não me sinto bem nem comigo, meus pensamentos estão a todo tempo me sabotando e agora tudo parece pior.
Estava tão absorto em minha própria angústia que não percebi quando a porta foi escancarada, só entendi do que se tratava e quem era quando os gritos começaram a soar por toda a suíte.
- QUE MERDA VOCÊ TINHA NA CABEÇA PRA DEIXAR A GENTE? ESTAVAMOS COM UMA CRIANÇA PORRA. - era Jungkook, gritando, de um jeito que eu nunca vi antes, mas eu não estava em condições para me mostrar forte, eu nem sabia onde ele estava, ouvia passos andando por todo o lugar e portas batendo, me encolhi quando ouvi os passos pesados se aproximarem da sala, cheguei a me arrepiar e fechar os olhos, chorando em silêncio, eu era especialista nisso.
- Jungkook deixa isso pra lá. - a voz mais calma era de Charlie, ela havia fechado a porta, pude ouvir o som mas não tive coragem para levantar a cabeça. - ele não está aqui? - ela perguntou mas logo ouvi seus passos mais perto de mim e senti suas mãos em meu ombro, eu me afastei, por instinto talvez, não conseguia receber toques de ninguém quando isso acontecia. - O que aconteceu Jimin? tudo bem não estamos bravos, só preocupados, você sumiu. - ela tentou tocar em meus cabelos mas o resultado não mudou então não insistiu mais. - Jungkook não é hora para brigas. - sua voz parecia mais distante, talvez ela tivesse saído de lá.
Em seguida todo o lugar foi tomado por um suspiro pesado, eu ouvi passos mas estes já estavam calmos e então a porta bateu, um silêncio enorme reinou por alguns minutos e eu realmente acreditei que estava sozinho, deixando de controlar o meu choro silencioso e deixar que as lágrimas acumuladas de anos saíssem como quisessem.
Levantei minha cabeça apenas para passar a mão em meu rosto, então eu percebi a aproximação de alguém, senti o perfume se Jungkookie entrar pelas minhas narinas, mas como antes, isso não estava me acalmando, estava me deixando mais nervoso, assustado e magoado. Talvez fosse errado dizer o quanto eu estava arrependido de ter vindo, eu deveria ter seguido minha razão, e meu coração, mas ele foi corrompido e não pode me dar uma resposta clara.
Ele não falou nada, mas suas respirações pareciam altas ou talvez o silêncio que as deixavam assim, eu não conseguia entender o que ele estava fazendo, sentado ali do meu lado, sem dizer nada.
Eu só sei que não éramos mais os mesmos e ele não estava sendo minha cura como antes.
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Contrato Visceral - JIKOOK - mpreg
أدب الهواةNo dicionário o significado de recomeçar é começar novamente depois de uma interrupção, foi isso que aconteceu com Jimin quando teve que tomar a maior decisão de sua vida, ficar e se sentir preso em um palácio confortável pelo resto da vida ou ir e...