Fazia alguns dias desde a morte da minha vó, eu tirei esse tempo para mim; para processar o luto; para chorar e desabar, eu me dei a esse luxo porque desde que me conheço por gente que escuto que homem não chora, que chorar é sinônimo de fraqueza e eu não queria demonstrar fraqueza nem para mim mesmo.
Agora eu queria recomeçar a minha vida, estava pronto para seguir sem ter uma corrente aos meus pés, sem ter medo, então eu chorei, chorei pela família que achei que tinha, por Jungkook que era a família que achei que iria ter e principalmente pela minha vó que no fundo foi a única que de fato pertencia a minha família, eram tantos motivos, por isso durou tanto tempo.
Ao passar desses dias eu comecei a me sentir melhor, tudo passou a ficar ainda melhor quando eu vi que meu pai estava prestes a fazer uma festa, uma festa em sua casa onde teria participação dos membros de seu partido, as pessoas mais ricas e influentes de toda a Coreia, e que ele comentaria sobre os "boatos" em seu nome. Eu não achei que seria tão fácil, mas ele simplesmente colocou um palco, um microfone em minha frente e uma puta plateia e eu teria que aproveitar e fazer esse espetáculo acontecer.
Eu cheguei um dia antes da festa, fiquei hospedado em um hotel bem baixa renda porque as chances de eu não ser tão reconhecido ou as pessoas nem mesmo se importarem com a minha presença, era muito grande. Minha passagem para Seattle também já estava comprada, eu teria tempo de organizar as coisas aqui na Coreia e depois me mudar para lá, agora parecia que o mundo estava ao meu favor, eu teria um emprego, uma casa, e poderia estudar.
[...]
O dia chegou, uma noite estrelada, a menos fria até agora, mesmo que as ruas de Seul ainda estivessem manchadas pelo branco da neve recente, o clima ainda estava bom, não estava me importando com seguranças ou com a imprensa, não estava nervoso, na verdade eu me permiti extravasar toda a minha raiva, colocar tudo em panos limpos e parar de deixar a vida me fazer de coitado.
A roupa de matar que escolhi consistia em um terno simples, preto, sob medida, eu estava todo de preto e arriscava dizer que até minha cueca era dessa cor também, talvez porque teríamos uma velório hoje, eu deveria estar a caráter. Quando o horário chegou eu peguei um táxi e falei o endereço, saiu de meus lábios com tanta certeza e confiança que até cheguei a me assustar, eu deveria estar receoso, com medo talvez, mas me sentia como um leão prestes a atacar sua presa.
O carro passou no meio de um grupo muito grande de jornalistas, todos pararam para saber quem era que estava chegando em um táxi pela porta da frente, entretanto o silêncio não durou muito, assim que paguei o motorista e saí do táxi, uma chuva de flashes e perguntas começaram a ser disparadas em minha direção. Não respondi, segui pela entrada principal escutando a música ecoando pelo salão, a última vez que estive ali eu me senti como o patinho feio, mas eu sabia que meu lugar era no topo, muitas coisas aconteceram e me fizeram perder minha confiança, esquecer do meu valor, mas agora eu a recuperei e botaria todo esse palácio abaixo.
Em minhas mãos estavam alguns papéis, papéis que não seriam tão importantes para a minha vingança, mas eram importantes no geral e não tinha lugar melhor para matar dois coelhos com uma cajadada. Diante da situação com a mídia e meus dias de sumiço, eu reparei os olhares de surpresa desferidos a mim assim que entrei no salão, estava com passos pesados, queria que soubessem que eu estava ali. Meus olhos bateram-nos de Jungkook, eu parei, respirei fundo porque não poderia retroceder agora, a pessoa poderia me fazer de otário apenas uma vez, eu não deixaria que fizesse a segunda.
Quando ele veio em minha direção em passos rápidos pronto para me tomar em seus braços, eu me afastei e desviei de qualquer toque que ele pensasse em fazer.
- O que está fazendo aqui? Achei que iria voltar a Seattle, Jimin eu liguei para a Sara todo esse tempo, ela não tinha notícias suas, eu fiquei preocupado. Céus, por favor me desculpe, eu estou arrependido, estou arrependido há muito tempo, me perdoe pelas coisas que fiz, que falei, como tratei você. Jimin. - Tentou dar um passo em minha direção novamente, mas eu dei um passo para trás, empurrei os papéis em seu peito sem cuidado algum, ali estava a prova de que estaríamos ligados pelo resto da vida. Assim que dei a ele, eu saí de seu caminho e continuei andando.
Minha vontade era de ir até o bar e tomar uma dose bem boa do Whisky milionário do meu pai, mas a sementinha não iria curtir muito essa demonstração de irresponsabilidade. Eu só consegui andar por alguns metros até ele segurar o meu braço, claramente surpreso e desesperado.
- Jimin, o que é isso? Você... - A palavra parecia não querer sair de sua boca, mas seus olhos queriam muito pular para fora.
- Sim, você vai ser pai, parabéns. Quando a criança nascer, eu peço para o meu advogado contatar você sobre a pensão, seus dias, todos os seus direitos e obrigações como pai. Eu não vou pegar leve. Vou ter meu bebê no melhor hospital, com a melhor equipe e a melhor maternidade. Não, você não vai me acompanhar em consulta alguma, mas terá todos os exames, eles serão enviados a você. Acho que não tenho mais nada a falar. - Olho em seus olhos. - Nos veremos muito, tanto que você vai até enjoar. - Ri ladino. - Aliais essa não é a única surpresa, eu ainda tenho mais um presente para você, veja as novas notícias, as últimas páginas. - Toquei nos papéis e voltei a andar até escutar o grito atrás de mim.
- O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA EMPRESA.
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Contrato Visceral - JIKOOK - mpreg
FanfictionNo dicionário o significado de recomeçar é começar novamente depois de uma interrupção, foi isso que aconteceu com Jimin quando teve que tomar a maior decisão de sua vida, ficar e se sentir preso em um palácio confortável pelo resto da vida ou ir e...