Estava decretando o fim do meu drama coreano naquele dia, as malas prontas, o checkout do hotel feito, eu já não tinha mais coisas a se fazer, eu vivi muitos momentos bons com a minha vó aqui, momentos cruciais para me dar toda a força que eu tenho hoje mas eu não posso deixar de dizer que tudo que aconteceu desde que pus os pés aqui, depois de todo esse tempo, me fez muito mal, e esse já não era mais meu lar, não até eu juntar coragem para construir um novamente.
Meu voo seria após o almoço, então eu ainda tinha um tempinho para me despedir de algumas pessoas e ir a caminho do aeroporto. O táxi parou em frente a Dioses Korea, pedi para o taxista me esperar pois não iria demorar. Entrei no elevador e fui direto para a sala de Jungkook, eu não sabia quando ele iria voltar, mas havia algo que eu tinha que fazer antes de ir.
- Entre. - disse ele após as minhas batidas, seu olhar de confusão se pôs sobre mim assim que meu corpo passou pela porta. - Jimin? O que faz aqui? Aconteceu alguma coisa? - ele largou os papéis que estava segurando e se levantou vindo até mim.
- Estou voltando para casa, tenho algumas coisas para se fazer lá e não acho que precisam de mim aqui, então eu vim fazer um último feito antes de entrar no avião. - Entreguei a pasta que Seojoon me deu e me sentei na cadeira a frente de sua mesa.
- O que é isso? - suas sobrancelhas arqueadas expressavam a confusão clara.
- Lembro de você ter dito que queria entrar no ramo das joias, não vai conseguir nada melhor do que isso aqui, principalmente depois de todo esse drama familiar que a Dioses estava envolvida. - Aponto para a pasta.
- Fez um acordo sem o meu consentimento? Essa não é a empresa do seu novo namoradinho? - indagou, mas foi minha vez de arquear as sobrancelhas.
- Primeiramente ele não é meu namorado, é um conhecido de longa data que foi promovido como amigo e segundo, sim, não assinei, apenas consegui essa proposta para você, mas a partir daí eu não posso mais fazer nada, precisa da sua assinatura, então ligue para ele e marque uma reunião para tirar dúvidas. Não perca essa chance. - Me levanto. - Foi apenas isso que vim falar, eu vou me despedir de Charlie e seguirei para o aeroporto. - Ele ficou em silêncio, então eu entendi que a conversa tinha acabado, andei até a porta e abri, mas antes que eu pudesse sair... ouvi sua voz me chamando.
- Jimin. - Olhei para ele sem dizer nada, apenas esperando o que ele tinha para me dizer. - Muito obrigado, eu não sei quantas vezes eu tenho que te agradecer por salvar minha empresa e por ajudá-la. Quando voltarmos, eu quero você na minha equipe, vamos arrumar um lugar que não desperdice seu conhecimento. - Sorri sem mostrar os dentes.
- Não é como se você tivesse muita escolha, eu sou um acionista e meu currículo é perfeito. - Pisco para ele e saio indo até a sala temporária de Charlie. - Austin não deveria já ter voltado para a escola? - vejo o menino no canto da sala com o Tablet na mão.
- Sim, mas ainda não encontrei algo para ele, conhece alguma escola boa em Seattle? - perguntou e eu arregalei meus olhos.
- Você vai voltar? - indaguei surpreso.
- Decidi que não posso fugir, ele precisa viver uma boa vida e agora que eu terei um sobrinho, precisamos estar perto para que ele não cresça sozinho. - Se levantou e veio ao meio encontro me abraçando.
- Não tem medo dele? - sussurrei para que o menino não escutasse.
- Ele deveria ter medo de mim, eu sou mãe, e não tem nada que uma mãe não possa fazer para proteger seu filho. - Ela parecia confiante, diferente da mulher receosa que encontrei. - Vocês saberá disso quando tiver o seu. - Deixou um selar em minha bochecha.
- Me ligue quando chegar lá então, eu estou embarcando daqui a pouco, preciso organizar minha vida, para me tornar um papai coruja. - Brinco e vou até Austin. - Já estou indo querido, nos vemos quando chegar no seu novo lar. - Olho em seus olhos e recebo um abraço.
- Quero te ver logo anjinho, vou criar um quarto perfeito para a gente. - Concordei e o apertei em meus braços antes de me afastar e deixar um selar no topo de sua cabeça.
- Tudo bem, agora tenho que correr porque o taxímetro está rodando. Tchau gente, até logo. - Sai da sala com pressa, agora de fato não tinha mais nada para fazer na Coreia, era minha hora de me despedir, de dar adeus.
O tempo estava limpo apesar do frio, eu conseguia ver a cidade diminuindo a medida em que a aeronave subia. Diferente da última vez que peguei um voo para Seattle, agora eu não estava com medo, ou magoado, ou com raiva, eu estava até feliz, porque estava voltando com o bem mais precioso da minha vida e com a liberdade em mãos, sem mais pensar em como eles estão sem mim, sem me culpar, estava apenas focado em viver a minha vida, dessa vez do jeito certo.
Eu estava com saudade de Seattle, do clima quase sempre incerto, das chuvas frequentes e dos prédios altos que eu sempre quis morar, mas não tinha dinheiro. Estava com saudades principalmente de uma mulher que cursava design e que era minha única família, Sara, desde que tudo aconteceu nós mal nos falamos, principalmente porque é um contato internacional e eu não esqueci que somos pobres, talvez um pouco menos do que antes, mas a questão é que eu também não queria que ela soubesse do quanto as coisas me abalaram, porque assim, eu causaria uma preocupação nela. Queria chegar e contar tudo pessoalmente, receber o colo que só ela sabe dar e passear no shopping apenas para fofocar e julgar as roupas dos outros.
Era a minha irmã, como Jungkook tinha a dele, eu também tinha a minha, a futura madrinha do meu filho, se ela aceitar. Porque ter uma pessoa como Sara ao seu redor é saber que não pode ser mais sortudo que isso.
Durante essa viagem eu passei a me perguntar se a minha hora de ser exaltado estava por vir, porque Seul já me magoou antes e eu sabia que me magoou novamente, eu só queria ser pertencente de um lugar, mas acabei esquecendo que eu já pertencia a um, e eu amava.
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Contrato Visceral - JIKOOK - mpreg
Fiksi PenggemarNo dicionário o significado de recomeçar é começar novamente depois de uma interrupção, foi isso que aconteceu com Jimin quando teve que tomar a maior decisão de sua vida, ficar e se sentir preso em um palácio confortável pelo resto da vida ou ir e...