💋Uma dose de Carinho💋

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Antes que eu pudesse responder e aquilo se tornasse uma briga catastrófica onde todos os convidados veriam, a porta se abriu, eu fechei meus olhos e olhei para baixo me dando por vencido, o suspiro pesado como se eu já estivesse muito cansado para um segundo ou terceiro round.

- Ryan, saia daqui. - A voz baixa mais ainda firme soou pelo quarto, o coreano que há muito tempo não falava e o amor que há muito tempo não sentia estava ali. Meu pai saiu sem contrariar a mais velha, minha vó tinha os cabelos grisalhos, as rugas deixavam seu rosto redondo ainda mais fofo, ela estava um pouco mais curvada, tinha tanto tempo que não a via, que não sabia o que esperar. - Eu me perguntei todos esses anos desde que sua mãe contou que você havia ido embora, se você estava comendo bem e o que esses americanos estavam colocando nessa barriga, aposto que muita gordura e industrializados. - Ela caminhou lentamente até a cama e se sentou ao meu lado, minha vó materna gostava das coisas antigas, apreciava a comida caseira feita com ingredientes frescos e com muito amor

- É vovó, lá as coisas não são como aqui, então eu quase não tinha tempo e muito menos dinheiro, lembra, eu fugi. - Ela riu e deitou sua cabeça em meu ombro.

- Não consigo perdoar sua mãe, não entendo como ela pode deixar você ir, você era nosso sol, eu lembro de você correndo para cima e para baixo, mostrando para todo mundo o quanto era inteligente. O seu sorriso alegrava as pessoas. - Sorri de lado sendo arrastado por essas lembranças.

- É, quando se é criança é muito mais fácil deixar para lá e colocar um sorriso no rosto. Não era tão feliz quanto parecia, mas eu adorava quando você estava por perto, tudo parecia mudar. - Seguro sua mão. - Eu senti sua falta e me doeu muito não ter notícias suas, eu espero que entenda por que fugi, não podia ficar aqui e ser tratado como um nada, não vovó, eu precisava viver e amar. - Ela olhou para mim e eu me sentei de frente para ela, ela colocou as mãos em minha bochecha e sorriu sem mostrar os dentes.

- Eu vivi em uma época bem conservadora, antigamente se eu soubesse disso eu daria razão a sua mãe, mas quando você e sua irmã nasceram eu só queria ver a felicidade dos dois. Sua mãe brigava tanto comigo dizendo que o conservadorismo era antiquado e vê-la torturar você por isso, não é certo, meu menino. - Sua mão secou minhas lágrimas. - Se eu não tivesse tanto medo de voar, eu iria até você, eles sempre souberam onde você estava, o que estava fazendo, mas não por preocupação, não querido. - Eu abaixei minha cabeça.

- Estava cuidando para que eu permanecesse longe da mídia, longe de causar problemas. - Ela concordou com a cabeça. - Eu sei, essa família já não é mais a minha família, na verdade todas as boas lembranças que eu tinha hoje em dia eu consigo analisar e ver que não eram tão boas assim, eram sempre acompanhadas por algo ruim que me marcou para sempre, me trouxe traços de comportamento que eu não entendia. Eles me abandonaram no meu momento mais assustador, me invalidaram e bom, eles nem me querem aqui. - Ela me toma em seus braços como fazia quando eu era pequeno.

- Aqui não é mais a sua casa querido, mas você sabe que se precisar de um lar coreano, tem um guardado para você. - Me apertou. - Agora eu fico me perguntando o porquê de sua volta, se está tão feliz lá, o que aconteceu para que reaparecesse do nada? E principalmente aqui? Sei que não foi por saudades de sua família ou por vingança, você é doce demais para se vingar. - Separei do abraço e respirei fundo.

- Não estava bem lá vó, eu tive que parar de estudar, trabalhar em cafeterias ou bares, eu tinha três empregos. Também me meti em coisas ruins para ter dinheiro, eu precisava do dinheiro para os remédios, não sei se sabe deles. Foi difícil, solitário, mas eu fiz amigos e consegui estudar por um ano sem o dinheiro do papai, mas vim para cá e acho que arruinei as chances de ganhar uma bolsa e terminar. - Aperto suas mãos e dou um suspiro leve, mas profundo e logo um sorriso singelo sai pelos meus lábios ao lembrar dele. - Eu vim por amor vovó, eu amo uma pessoa, e eu o magoei há alguns meses, agora estamos tentando nos acertar, vim para cá como um ato de amor, para provar que o que eu sentia não era mentira, não como todas as que contei. Eu queria te apresentar a ele, mas não sei se vim para cá ajudou muito na nossa relação, está tão tudo diferente, que eu tenho muitas dúvidas. - Minha vó sempre foi compreensiva, acho que aprendi com ela o lado bom da vida, o amor familiar, como ser carinhoso e mostrar que ama a todo momento. Minhas avós sempre foram as melhores, infelizmente só me restou uma e eu não cheguei a conhecer meus avôs, então a única família de sangue que eu tenho, está em minha frente.

- Eu iria adorar querido, mas quando for a pessoa certa. Uma coisa eu sei, se você precisa provar seu amor, talvez não seja o lugar certo para estar. O amor não tem prova, você só sente e às vezes nem consegue lidar com esse sentimento, não tem dúvidas. Quando me casei com o seu avô eu o odiava, apenas me casei para sair de casa e tinha que cuidar dos meus irmãos, que Deus os tenha. Com o passar do tempo, mesmo que eu tentasse odiá-lo, eu não conseguia mais, me apaixonei pela pessoa mais boba e lerda do mundo, mas que cuidou de mim até o último dia. Eu nunca duvidei de seu amor, ele nunca precisou me provar, mesmo brigados eu ainda sentia, nos mínimos detalhes, ele tinha o costume de sentar-se ao meu lado emburrado e pegar no meu dedinho mindinho, apenas para mostrar que estava ali, mesmo bravo comigo e eu brava com ele. Siga seu coração e então não perca tempo, perder tempo é o maior erro. Quando o amor da sua vida se vai, você fica pensando em quanto tempo perdeu e essa angústia não tem preço. Assim que tiver certeza, leve-o lá para casa, eu adoraria cozinhar para vocês. - Sorriu e se levantou com dificuldade, ela estava mais lenta, parecia mais fraca, mas ainda portava o sorriso simples no rosto.

- Será que ele vai me deixar levar minhas coisas.? - me perguntei, mas acabou saindo em um pensamento alto.

- Levarei para minha casa quando voltar e você busca se quiser. Eu quero muito ter sua companhia antes de ir embora. Um beijo filho e não arrume mais brigas.

Contrato Visceral - JIKOOK - mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora