capítulo 88

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Zoe Miller

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Zoe Miller

Desde que vi a cara de decepção do Tom, ele nunca mais veio me ver. Sabia que estava magoado e que precisava esfriar a cabeça. E sabia que eu tinha deixado tudo em cima dele: três crianças, uma casa para cuidar, o irmão dele morto que voltou... Pensar claramente. Mas isso não quer dizer que ele devia me ignorar. Nem se quer entender do porquê de eu o ter escondido aquilo. Ele quis. Ainda me lembro do quão pálido e desesperado Kaulitz estava quando me encarou. Seus olhos arregalados, punhos fechados, maxilar trincado. Rosto pálido e o corpo rígido. Essa era a imagem que vi dele. Era como se algo o tivesse atravessado e ferido seu peito. Eu precisava conversar com ele. Mas não posso sair daqui e ninguém vinha até mim.

Com um suspiro de cansaço e dores no corpo, me ajeitei melhor na cama e tentei fechar os olhos para dormir. Mas o medo de sentir aquela maldita dor novamente veio à minha mente. Meu pai, Heidi e Gustav tinham ido embora há quase uma hora. Eles iam para a comemoração da lua. Não queria ser egoísta ao ponto de tirar uma memória marcante da minha filha. Eles estavam magoados comigo por eu não pedir ajuda, por não falar com eles. Mas eu estava apenas pensando nos meus filhos. No entanto, eu também estava magoada com todos eles. Ninguém entendia o meu lado.

Quando eu era mais nova, todos tinham que se preocupar comigo. Há quatro anos, todos tiveram que se preocupar comigo. Eles já tinham trabalho demais comigo. Eu apenas queria poupá-los. Mas admito que fui muito egoísta. Mas, droga, eu tinha meus filhos. Agora eu deveria estar lá com eles, mas não fui forte o suficiente. Nessa merda...

— No que está pensando? Que você está tão preocupada? — uma voz rouca me despertou dos meus pensamentos.

— Nada que você deva se preocupar. — Não abri meus olhos, não queria sentir mais culpa em olhar nos olhos do Tom. Mas mesmo assim senti o mesmo me encarar até a minha alma.

— Você está bem? Parece um defunto toda pálida. — Continuou a perguntar com a sua delicadeza de sempre.

— Melhor agora. — Disse simplesmente dando os ombros, e o silêncio predominou e nenhum dos dois quis interrompê-lo.

Nem um dos dois estavam sendo sinceros um com o outro. Os dois estavam mentindo sobre o seu estado mental e físico para não preocupar a nossa família. Estávamos cansados fisicamente e mentalmente.

Eu sei que deveria me abrir com ele e falar tudo que estou passando e ele deveria fazer isso comigo. Mas não dava. Simplesmente não dava para fazer isso. Afinal, não era um conto de fadas o que estávamos vivendo. Que os "bonzinhos" iam ganhar dos vilões.

Dessa vez, sinto que os vilões vão ganhar. E a minha felicidade e da minha família está em risco. E eu não poderia deixar isso acontecer. Não vou perder eles.

Não queria ter que olhar para aqueles olhos, muito mesmos o encara ele, mas era inevitável a partir do momento em que o mesmo não mexia um músculo para fora daquele quarto desde chegou. 

Respiro fundo, e macho no meu cabelo nervoso.

— T-Tom…

— Eu só queria saber o que eu te fiz, zoe. — me interrompeu, fazendo eu abrir os olhos rapidamente e o encarar. Em sinal de confusão. "Que merda eu fiz agora?" Foi a única coisa que pensei. — Então, porque não me disse que estava sofrendo, porra? EM CARALHO!? — estava aumentando a intensidade da sua voz e eu respondo fundo mais uma vez, forçando para não ser mais uma crise de bipolaridade e que isso não se tornasse um escândalo pelo hospital. Olho para ele vendo ele batendo a cabeça dele na parede. — responde porra? — levanto com dor mais o mais rápido possível vendo a dor volta. Puxando ele fazendo o parar de bater a cabeça.

— Eu não queria preocupar, você tomou. — respondi e o abracei…essa maldita dor de novo, não…eu imploro.

— Aê? Mas o que você fez, porra? Mas o que você acabou de fazer? — sinto ele apertando meu braço. — Você não sabe o que passou pela minha cabeça, quando eu te vi naquele estado desprezível. Era como se eu tivesse voltado a anos atrás, quando a Simone matou o meu irmão, te espancou, te fazendo perder a consciência. Quando eu pedi tudo, Zoe, você me fez reviver o pior dia da minha vida. Sendo egoísta desse jeito. — Ele continua me apertando mais forte, já estava me machucando. Tentando me soltar, mas não consigo. — CARALHO, ZOE. Eu não quero perder tudo de novo… Porra, eu não quero te perder de novo… Você tá entendendo? — Soltou meus braços, fazendo eu quase cair, e começou a puxar alguns fios das suas tranças. — Você não vai conseguir me fazer tudo de novo. Você não vai. — Ele dá um murro na parede.

Volto a ver aquele Tom, transtornado de anos atrás. Afinal, bipolaridade não tem cura, muito menos psicopatia com traços de sociopatia. Ele ia conviver com isso para o resto da vida. Olho para ele, vendo aquele olhar de raiva, de ódio pelos meus atos. Ele não estava tomando remédio, então essa crise só iria piorar se eu não cooperasse.

— Você acha que eu quis isso? — Sentindo minha indignação, eu preciso me controlar. — Eu não sabia o que estava acontecendo, Tom. Eu juro que não sabia o que estava acontecendo. Eu precisava cuidar de você e das crianças. — Olho para ele, voltando a deitar. — Não me lembro do que senti quando tudo aquilo aconteceu e, pensando bem, também não quero. Pois, se não me lembrei até agora, é por alguma razão.

— Se você não sabia o que estava acontecendo, você não deveria ter se arriscado. Porra! — Seu maxilar estava trincado, e ele me encarava seriamente, deixando-me mais nervosa. Eu odiava a barreira que o Tom erguia toda vez que estava em crise ou quando algo o incomodava. Era como se o assassino, o antigo Tom, que eu conheci no primeiro dia de trabalho naquele manicômio, estivesse de volta, e todo o processo de anos tivesse valido nada.

the murderer and the psychiatristOnde histórias criam vida. Descubra agora