Pôr do Sol

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O sol aparecia ao fundo, cansado, após um dia intenso, ele descansava calmamente sobre a linha do horizonte
O céu estava preenchido de um laranja avermelhado e o refletia sobre o mar azul anil, pensei comigo, nenhuma dessas cores se compara a beleza dela, eu estava em um lugar privilegiado, fiquei contemplando a beleza dela e meus olhos se encheram, senti que aquilo me acarinhava e confortava a alma.
Ela era como aquele sol, que veio para aquecer o meu corpo e iluminar os meus dias.

Para minha surpresa, ela quebrou o silêncio entre nós, não que estivesse ruim. Eu ficaria assim por mais mil anos, contemplando o entardecer com ela, acompanhada da briza do mar trazendo seu perfume, cada vez mais para perto de mim, com ela ali ao meu lado, tudo era perfeito.


Yoko
- Posso te perguntar uma coisa?

Fiquei surpresa e um pouco sem reação, mas me concentrei e falei para ela que ela poderia perguntar.

- Claro que sim! Pode falar.

Yoko
- É uma pergunta pessoal.

- Não tem problema, quanto mais soubermos uma da outra, mais próximas vamos ficar.

Yoko
- Nossa, você falou como a minha personagem.

Rimos da situação, olhei para o lado e estavam todos entretidos ainda com as suas conversas, o que provavelmente daria para ela me perguntar e eu conseguir respondê-la sem sermos interrompidas, mas mesmo assim eu a convidei para andarmos pela praia.

- Vamos para lá, podemos caminhar enquanto conversamos, o que acha?

Yoko
- Claro, vamos!

Estendi a mão para que ela pudesse se levantar, que mãos macias, que toque acolhedor. Fomos nos afastando do restante do pessoal e agora, sim, éramos só eu e ela, e aquele esplêndido pôr do sol à beira-mar.


- Pronto! Pode perguntar, se você quiser!

Yoko
- Eu vi algumas entrevistas suas, mas teve uma que me chamou bastante atenção, foi há alguns anos.

- Bom, muitas coisas mudaram de uns anos para cá, então, dependendo do que falei, pode ser que não seja mais isso, eu posso ter mudado de opinião, mas o que era?


Yoko
- Não tem como você ter mudado, até por que você falava sobre o seu passado na entrevista.

- Ah, sim.

Yoko
- Você disse que seu primeiro amor, você conheceu no primeiro ano do ensino médio, e era um garoto, e foi terrível, que você gostava muito dele, mas ele tinha terminado com a ex, e um dia ele não te respondia mais, nem retornava suas ligações, e após um tempo ele falou que havia voltado com a ex. E o seu segundo amor foi uma garota, que você conheceu saindo do ensino médio e entrando na faculdade, que ela cuidava muito de você, que você se sentia amada e protegida, e aí terminaram por que você foi para o exterior, você disse que namorou ela por 5 anos, e hoje ela está casada e com filhos, e agora você só fica com mulheres, é isso?

Me senti surpresa, ela tinha o dom de me deixar sem palavras.

- Pelo visto você assistiu à entrevista toda.


Eu ri bastante, achei engraçado a curiosidade da garota com relação a minha vida amorosa.

- É verdade! Eu me apaixonei poucas vezes em toda minha vida.

Yoko
- E agora, prefere somente mulheres?

- Sim, sinto que posso ser eu mesma, gosto de mulheres carinhosas, atenciosas, e fofas.


Yoko
- Hum, entendi!

- Por que a curiosidade?


Yoko
- Não é curiosidade, estamos trabalhando juntas, e eu gostaria de saber mais sobre você.


Aquilo realmente me pegou de surpresa, se eu estivesse fazendo um check list, com toda certeza esse estaria no topo da lista apontando que ela tem interesse.
Vou aproveitar que estamos tendo essa conversa para saber mais sobre ela também.

- Eu posso te perguntar algo, agora?

Yoko
- Sim.

Ela estava com bastante vergonha como sempre, paramos em um pequeno muro, encostamo-nos e permanecemos de frente para o mar, para podermos observar o pôr do sol no horizonte.

- Você já namorou alguém?

Yoko
- Sim, foi bem traumático. Desde então, optei por não me relacionar mais.

- Hum, entendi!

Ficamos em silêncio, acho que era essa conversa que ela estava tendo com a Marissa, ela comentou sobre algum trauma, talvez seja isso, vou continuar perguntando, preciso saber o que aconteceu.

- E faz muito tempo isso?

Yoko:
- Sim, meu primeiro e único namorado.

Namorado? Será que ela era hétero?
Não estava surpresa por ser um homem, estava apenas surpresa por saber que ela já havia gostado de alguém, estava curiosa para saber mais sobre como tudo terminou e o que ela sentia por ele.

- E por que você disse que foi traumático?

Yoko
- Um dia meu único e melhor amigo me ligou chorando, ele disse que havia terminado com a namorada dele, ou seja, eu sabia que ele precisava de mim, então, falei para o meu namorado na época que iria sair para ver o meu amigo, e então ele disse: se você for, vamos terminar! Ele fazia isso com muita frequência, todas às vezes ele me fazia sentir que eu não poderia ir, e mesmo assim eu resolvi ir, mesmo ele falando que eu tinha outra pessoa e que eu não valia nada, ele ficou furioso e começou a pegar todas as coisas dele, e então eu desci para o estacionamento, ele desceu atrás e entrou no carro, aí ele começou a me perseguir, e eu saí correndo no estacionamento, ai ele freou o carro em cima de mim, quase me atropelou, então eu busquei refúgio nas escadas de emergência, e mesmo assim ele desceu do carro e veio correndo atrás de mim, um dos vizinhos que me ajudou, até a minha irmã mais velha chegar. Eu fiquei com muito medo, nunca mais quero passar por isso novamente.

Ela me contou a história com lágrimas nos olhos, eu não acredito que ela havia passado por isso, por um relacionamento abusivo, uma pessoa tão fofa e tão linda passando por um trauma como esse, nesse momento eu não consegui dizer nada, apenas a abracei com toda ternura e forças que eu tinha, eu queria a proteger de tudo e todos, e ela se aninhou nos meus braços como se fosse um neném, o que ela tem de fofa e força, uma garota tão meiga, não deveria passar por algo assim, aliais, nenhuma garota deveria passar por algo assim.

- Tudo bem, Yo, eu estou aqui!

Yoko
- Obrigada, P'Faye.

Eu não queria largar ela, por mim ela poderia ficar em meus braços até se sentir segura o suficiente para conseguir me soltar, ficamos assim por algum tempo, até que notamos o pessoal nos gritar e acenar.
Então caminhamos em direção a eles.


- Yo, antes de ir, se você precisar de alguém para conversar quando se sentir sozinha, eu estarei sempre aqui.

Yoko
- Eu sei, e mais uma vez obrigada.

Chegamos próximo ao restante da turma e, após o pôr do sol ir embora, concedendo espaço à noite, voltamos para a mansão.

É incrível que, por mais escuro que o mundo possa parecer, haverá sempre uma luz. No meu caso, essa luz estava diante dos meus olhos, vestindo um shorts, e uma blusinha de algodão cor de caqui.

Quero que ela sinta essa mesma luz em mim, que ela me veja como alguém em quem ela possa confiar, e ser ela mesma, sem medo.
Esse cara estava definitivamente com o meu mundo nas mãos.

Faye e Yoko - Blank The Series - GLOnde histórias criam vida. Descubra agora