Yoko - Eu prometo não ir, se você prometer ficar

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Sempre fui uma pessoa completamente ciumenta, mas ultimamente a minha cabeça estava fazendo com que eu tivesse pensamentos obsessivos.
É uma frequente desordem de pensamentos perturbadores sobre o quanto eu gostaria que ela fosse minha.
Não sei se isso tem a ver com o alinhamento dos planetas na hora do meu nascimento, ou realmente era por que se tratava dela, apenas ela, nada mais do que a Miss Tailândia, e quem não sentiria ciúmes dessa mulher?

Só sei que meus pensamentos oscilavam entre o que era real e o que era fantasia. Mas eu cega, era incapaz de distinguir.

Minha irmã me ligou logo pela amanhã, estava animada com um campeonato de escalada esportiva que ela participaria.
Se eu não tivesse que ir trabalhar na próxima semana, eu com toda certeza iria acompanhá-la.

Arrumei meu quarto, depois liguei para minha mãe e pelo visto realmente meu pai ainda permanecia chateado, ele projetou uma vida completamente diferente para mim, e se sentia frustrado por isso.

Entendia como ele poderia se sentir, mas não me privaria de viver a vida que sonhei, por conta dele, ou por conta de qualquer outra pessoa.

Acredito fielmente que ele ainda me olhava com olhos de criança, rodeada por seu castelo, aprisionada em um limbo de conto de fadas, esperando para o grande dia em que enfim se casaria com um príncipe e me entregaria para ele em um pedestal celestial.
Mas eu nunca quis estar lá, nunca quis isso, e sempre dei sinais.
Intimamente eu pensei: Perdoa-me pai, por não ser perfeita.

Mas não iria renunciar a mim mesma para que ele se sentisse satisfeito.
Uma vida me foi dada, uma única vida, e eu não a perderia buscando validação por ser alguém que eu não sou.
Essa era a minha jornada, minhas decisões, mesmo que ele insista com isso, com essa ideia e opinião, mesmo que isso persista, que ele não me entenda, eu vou criar a minha própria narrativa e ser dona de mim mesma.

Me sinto insuficiente para as pessoas, é como se elas sempre esperassem o melhor de mim, e ser suficiente para alguém em minha cabeça estava se torando algo impossível.
Quando encontrei meu primeiro namorado, pensei que ele fosse especial, primeiros amores sempre são assim, pelo menos é o que dizem, tentei ser suficiente para ele, curar suas feridas, amar todos os defeitos, mesmo que fosse difícil e doloroso também para mim, mas não o consegui prender, não consigo fazer isso com ninguém, quem foi embora fui eu, mas fui com vontade de ficar se tudo fosse diferente, também tentei ser o suficiente para meus pais, mas só os desapontei... talvez eu apenas sirva para decepcionar quem eu amo.

Durante esse tempo procurei estudar, não queria mais pensar na Faye e na situação com o meu pai, me distraí ouvindo as minhas músicas, desenhando e conhecendo lugares diferentes pela cidade com a Taya e algumas amigas da faculdade.
Cheguei até mesmo ir em um café próximo ao salão dela, mas me recusei a passar em frente.
Seria loucura demais, obsessão demais e não queria alimentar ainda mais esse sentimento de posse.

Provavelmente não iria para a casa dos meus pais, a minha irmã me ligou pedindo para que eu fosse passar um tempo com ela, mas eu não estava com vontade de passar o ano novo por lá e de repente estragar as coisas para todo mundo devido à situação, porque a minha irmã e a minha mãe não mereciam qualquer situação que poderia se formar com a irá do meu pai.

Talvez ficaria por Bangkok com a Taya, ela era distante da família e criou grandes laços com as amigas do futebol, ou fosse com ela para a casa dessas amigas, conhecer pessoas novas me faria bem diante dessa situação.

Algum tempo depois recebi uma entrega no portão, pelo embrulho parecia algo de comer.
E, na verdade, era, um Udon, suculento e delicioso, pensei que fosse da minha mãe, geralmente ela pedia para entregar alimentos e comida na minha porta.
Mas esse em especial veio acompanhado de um pedaço de papel, que acabei notando após comê-lo.

Faye e Yoko - Blank The Series - GLOnde histórias criam vida. Descubra agora