Faye e Yoko - Blank The Series - GL

Bochechas coradas

Levantei, coloquei uma regata branca e peguei os meus óculos escuros, fui direto para o estúdio da Nine Star, aquela manhã estava bem quente na Tailândia, e provavelmente eu chegaria mais cedo do que o normal, se eu não tivesse que ir trabalhar poderia ir para a praia, Pattaya não ficava longe de Bangkok, e quem sabe não levaria a Yoko para ela ver o pomar das maçãs novamente.

Dei um sorriso de canto de boca, lembrando das atrocidades que eu havia pensando na noite anterior, enquanto chegava na cafeteria do estúdio.

Avistei de longe a pequena garota vindo na minha direção e não me contive, ainda sem jeito abri um sorriso e escorei o meu rosto em cima do balcão, depois da nossa conversa de ontem pelas redes sociais, eu acredito que esteja tudo bem entre nós, se é que tinha algum mal resolvido, isso deixava-me feliz, ela fazia o meu humor que era vulnerável parecer mais maleável.

Yoko
- Sawadee Ka!

- Sawadee Ka! Conseguiu dormir?

Yoko
- Sim.

Disse ela, cheia de vergonha e com as bochechas coradas. Percebi que ela estava mais tímida do que o normal e não entendi se ela queria falar algo, então acabei perguntando.

- Está tudo bem? Se quiser me falar algo, pode falar.

Yoko
- Estou com dificuldade de decorar a minha fala, queria que você repassasse comigo antes de tentarmos gravar.

O meu coração congelou por alguns segundos e as minhas mãos começaram a suar, eu jamais pensei que ela fosse me pedir ajuda nesse sentido.
Claro que eu a ajudaria, com toda a certeza, mas realmente foi uma surpresa, então perguntei qual era a cena.

Yoko
- É a cena em que a Khum Nueng repara nos meus óculos.

Não poderia ser uma cena menos tensa, pensei comigo.
Por que essa? Provavelmente ficaríamos perto uma da outra, isso me causaria sensações e desejos que eu preferia evitar.
Mas Ok, eu teria que ser profissional e ajudá-la, independentemente do que eu estava sentindo, ou pensando.

- Ok, me fala qual foi a última frase que você decorou.

Animada e ainda assim com vergonha, ela pegou o papel que estava nas suas mãos, o dobrou e colocou no bolso.

Yoko
-  Sim, estou nervosa.

- Hey, não precisa ficar nervosa, isso faz parte, vai ter cenas em que realmente vamos precisar muito da ajuda uma da outra, estou aqui para te ajudar.

Tentei transmitir uma segurança para ela, que nem eu mesma tinha, mas nessa situação, o que eu poderia fazer? Eu daria meu total apoio, mesmo que eu estivesse nervosa também.

Yoko
- Obrigada, mais uma vez, Faye.

- Vamos lá, você consegue!

Então ela respirou profundamente e mudou sua expressão facial, era incrível esse autocontrole que éramos obrigadas a ter.

Anueng
- Se a vovó ver isso, ela vai-me repreender, com certeza! Por que você está me olhando assim, está começando a gostar de mim?

- É o quê? Não, não, você está enganada, digo, não podemos.

O que ela está fazendo, que pergunta foi essa?
Tem alguma coisa errada, essa pergunta foi para a Khum Nueng?

Yoko
- Faye, essa é a última parte do texto que decorei, você não ia encenar comigo?

- Ah, desculpa Yoko, para falar a verdade, eu havia esquecido. Mas quis dizer que não estava bom, tem que sair naturalmente, como se você estivesse caçoando da personagem por ficar olhando para você.

Yoko
- Esse é o problema, eu fico nervosa e com vergonha quando eu te olho, e não consigo olhar com deboche.

Impossível existir alguém mais fofa e meiga do que ela, tenho vontade de a proteger contra o mundo.
Preciso controlar-me, conter melhor as minhas emoções.

- É porque você é tímida, mas vou te ajudar. Não precisa se sentir assim.

Me posicionei na lateral do banco na cafeteria, não cheguei a sentar totalmente, e a coloquei no banco ao lado do meu, estávamos de frente uma para a outra, as nossas pernas quase estavam encaixadas, e então a segurei pelo rosto com as duas mãos e pedi para ela respirar fundo.

- Feche os olhos, tente imaginar que eu seja alguém que está louca por você e não consigo demonstrar, e a maneira com que eu faço isso chega a ser engraçado.

Yoko
- Fa, Fay, Faye, como, como assim?

E então ela abriu os olhos, e eu pude perceber o nervosismo na voz dela, a voz dela era nasal como a da personagem, o que deixava ela mais linda ainda, como eu estava com às duas mãos no rosto dela, senti a bochecha esquentar e ficar coradas, ela estava realmente com vergonha, então persisti para ela fechar os olhos novamente.

- Feche os olhos, eu só sou algum que está muito a fim de você, e você vê graça nisso. Então repita as falas da sua personagem pensando desta forma e, de olhos fechados, finja que eu não estou aqui.

Yoko
- É impossível fingir que você não está aqui, eu sei pelo cheiro.

Então ela abriu os olhos, aprofundamos tanto o olhar que pude sentir o barulho que o meu coração estava fazendo, tanto a minha quanto a respiração dela estavam ofegantes.
Dessa vez, eu, que provavelmente estava com as bochechas coradas.
A luz do dia entrava pela janela da cafeteria e reluzia pela pele de porcelana dela, parecia um anjo.
Para deixar o clima menos tenso, eu acabei falando que eu sentia o mesmo na presença dela, o que não era nenhuma mentira.

- Está vendo! Não é só você que fica nervosa e com vergonha, eu também fico assim quando olho para você.

Então ficamos em silêncio por mais alguns segundos e se olhando profundamente até que ela acabou quebrando esse gelo.

Yoko
- Bem, então é só eu fechar os olhos, posso falar? Está pronta?

- Sim, pode falar!

Anueng
- Sim, se a vovó ver isso, ela vai repreender-me, com certeza! Por que você está me olhando assim, está começando a gostar de mim?

Khum Nueng
- Estou pensando, como você pode usar óculos tão grossos?

Anueng
- Eu já te disse que a minha mãe não me queria, então ela me deu à luz prematuramente. Continue perguntando.

- E corta, espetacular!

Falei rindo da situação e a parabenizei, era só autocontrole. Entendi que, do mesmo jeito que ela fica nervosa comigo, eu também ficava com ela, mas ela conseguiu controlar a situação dessa vez.
Então eu levantei totalmente da cadeira e ela também, e nos encaixamos para um abraço, e que abraço, e que cheiro, e que pele, ela era tão pequena que eu não precisava me esforçar muito para abraçá-la totalmente, o calor do corpo dela no meu me trazia várias sensações, que vontade de me fundir a ela, ficamos assim por alguns segundos, provavelmente nossas bochechas ficaram coradas mais uma vez.

[Pattaya: É uma cidade na costa leste do Golfo da Tailândia conhecida por suas praias]