Acabou

2.8K 261 247
                                    


O caminho foi difícil, o trânsito estava intenso por se tratar de uma sexta-feira, e a chuva caía intensamente lá fora, triste para nós que imaginávamos aproveitar a praia.
Durante o trajeto, lembrei das palavras da Tanya, na verdade, elas não saíam da minha cabeça. "Você acha legal fazer isso com a Yoko"

Eu não havia feito nada de mais, sempre fui fiel aos meus sentimentos, tudo bem que no começo eu possa até ter negado, tentado evitar, mas me entreguei.
E estou fazendo o possível e o impossível para não machucá-la.
Porque sei que ela possui traumas, assim como eu.

Estou dando o meu melhor todos os dias, e ela nunca me cobrou mais do que isso.
A Tanya está sendo injusta, o fato deu ter saído com a Lux foi para ajudá-la, ela faria o mesmo por mim se fosse o contrário, sei que ela jamais me viraria as costas.
Nossa amizade pode não ser a mais saudável do mundo, mas é real, e verdadeira.
E nós meus piores momentos, ela sempre esteve lá comigo, me apoiando, chorando e rindo.

Existem várias formas de amar alguém, eu amava a Lux e amava a Tanya, cada uma com sua singularidade, mas sei que a Tanya sentia ciúmes da nossa amizade.

No caminho, decidi que não contaria para a Yoko sobre onde nós estávamos, mas eu contaria para ela o porquê de ter ido ajudar a Lux.
Ela não precisava saber de tudo, apenas precisava confiar em mim, era isso que eu precisava da pessoa com quem me relaciono. Esse companheirismo de que eu precisava.
E o que temos é um fato, embora fôssemos solteiras, não estávamos disponíveis.

A chuva aumentou e eu tive que parar no acostamento para esperar ela cessar um pouco.
Fiquei imaginando o nosso futuro, ela era nova e existiam inúmeras possibilidades, e para nós duas existiam muitos desafios.
Imaginei diversos momentos que passaríamos e em todos eles me vi sempre vulnerável. A dor de cabeça é frequente quando paro para pensar onde meu coração escolheu fraquejar, as chances de me machucar são enormes.
Não tenho controle dos meus pensamentos e da minha imaginação quando se tratava dela.
Às vezes sinto que ela é boa demais para mim, e quando me olho no espelho, eu me deparo com uma pessoa cheia de defeitos, que só restou o corpo sem alma. Se existisse a possibilidade, até ''eu'' fugiria de mim mesma.

Mas, me permiti sentir tudo de novo com ela, me permiti amar novamente, me permiti sentir saudades, me permiti sentir vontade de ligar, de dirigir quilômetros para encontrá-la, fiz loucuras, como alugar um caminhão de areia para trazer a praia até ela e se ela me permitir continuarei fazendo isso por muito tempo.
Todos os meus planos contemplam ela, sinto que enfim meu corpo estava voltando a ter alma.

A chuva havia acalmado e eu segui meu caminho até Pattaya, queria chegar o quanto antes para abraçá-la.
Quando eu não estou próxima a ela, é desesperador pensar que outra pessoa provavelmente estará ao seu lado, vivendo os minutos em que eu não posso estar próxima.
Tenho meus momentos de precisar ser livre, mas às vezes a vontade de proteger, estar grudada nela, e cuidar, não acompanha essa filosofia Faye de ser.

Não demorou muito e eu encontrei o endereço, a casa parecia bem cuidada e pelo visto havia bastante espaço, a equipe inteira estava lá.
Entrei e todos estavam dispersos pela casa, e na cozinha se encontrava a Yoko.
Ela estava no balcão vendo o Big cozinhar, e ao lado dela estava a Marissa.
Ela não me viu por estar de costas, seu cheiro me invadiu instantaneamente.

- Sawadee kaa!

Eu já havia cumprimentado a Wanwand e algumas pessoas da equipe que estavam no quintal em uma área coberta. Para todos, disse o mesmo, que me atrasei porque havia dormido demais.

Marissa
- P'Faye, tudo bem? Pensei que não chegaria a tempo de experimentar o Cheesecake do Big.

- Estava trânsito, mas consegui chegar.

Faye e Yoko - Blank The Series - GLOnde histórias criam vida. Descubra agora