Faye e Yoko - Blank The Series - GL

Yoko - Olhos de café

Cheiro de café no ar, claro que eu a encontraria ali, nosso ambiente favorito.

A avistei de costas no balcão, ela parecia pensativa, seu cheiro amadeirado me pegou de surpresa antes que eu chegasse próxima a ela, senti um frio na barriga, mas continuei, resolvi chegar sorrateiramente e tapar seus olhos, vamos ver se ela acertaria quem era.

Faye
- Eu sei muito bem quem é!

- Quem?

Faye
- A Dona do cheiro mais delicioso que existe!

Ela estava certa, ao mesmo tempo, errada. Nesse caso, sim, era eu, mas a dona do cheiro mais delicioso que existia no mundo não era o meu, e sim o dela. Ela me deixou tão constrangida, que acabei falando o que já estava evidente.

- Não fale essas coisas, você sabe que eu tenho vergonha!

Sentei-me ao lado dela e pedi meu café preferido.

Eu adorava chegar pela manhã e tomar café com ela ali naquele ambiente, que estava se tornando nosso. Ali éramos nós, somente nós, antes das personagens. Mesmo que o pessoal costumava passar por ali, na maioria das vezes nós duas tínhamos tempo a sós para conversar sobre qualquer outra coisa que não fosse nosso trabalho.

Perguntei como ela estava e se ela havia dormido bem, e ela falou que sim, apenas ficou preocupada e perguntou se o Gus havia me levado para casa.

Sua voz estava carregada de curiosidade e preocupação.

E eu disse que sim, sabia que ela me perguntaria outra coisa, talvez a oportunidade que eu havia pedido ontem à noite, sobre as questões de possibilidade e oportunidade tenha chegado mais rápido do que imaginei, então eu diria o que estava sentindo nessa conversa se ela me desse oportunidade, não demorou muito e ela perguntou:

Faye
- E então? Tem algo para me dizer?

Me fiz de desentendida para tentar entender mais sobre o que ela estava querendo dizer, se era sobre as músicas que havíamos trocado ou sobre o pedido, e se fosse sobre o pedido, como ela sabia as intenções dele?

- O que você quer saber?

Faye
- Ele te fez alguma proposta?

O frio na barriga que eu havia sentido quando entrei no café e a vi, ficou ainda mais forte agora, falei sem hesitar para que não restassem dúvidas para ela.

- Sim, mas eu recusei!

Não tinha nada a oferecer para uma mulher como ela, a não ser traumas, não sei amar, eu não entendo sobre o amor, só entendia que seu corpo era como um ímã para o meu.

Todas às vezes que eu conseguia encostar nela, era como se eu estivesse tocando uma obra de arte que, para muitos, é inacessível.

Seus gestos, seus olhos, me fascinavam e amava como ela me admirava. Todas às vezes que isso acontecia, eu ardia por dentro, como se meu corpo todo estivesse em chamas apenas com seu olhar.

Faltava ar em meus pulmões todas às vezes que ela fazia algo inesperado para mim, como, por exemplo, colocar comida em meu prato, me abraçar, sorrir, ela respirava e em mim faltava ar.

A sensação que tenho é como se existisse uma corrente elétrica invisível entre nós.

Ela não disse nada, então resolvi quebrar o silêncio, já estava ficando um pouco desconcertante.

- A propósito, a música é linda!

Faye
- A que você me enviou, também.