Yoko - Naufrágio

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Enfim estávamos indo embora, depois de um Natal nada muito harmonioso, acredito que enfim o Gus e a família dele havia entendido que jamais nos casaríamos, ou teríamos algo, e que tudo não passou de um mal-entendido, e que o tínhamos se tratava apenas de uma amizade antiga.

No caminho para Bagkok meu pai soltou várias indiretas no carro, e minha mãe e minha irmã permaneceram caladas, até que uma delas foi demais e eu mesmo me impus.
Ele quis se referir ao meu trabalho como instável e eu sempre deixei claro que isso se tratava do meu sonho, o mal dele era ter projetado sua vida e suas expectativas em mim, e eu pelo visto não estava fazendo nenhum esforço para quebrá-las, estava apenas sendo eu mesma.

Eles me deixaram em casa e apesar da viagem eu não me sentia cansada, e sim renovada, pois estava no meu ambiente preferido, no meu quarto e bem próxima dela novamente.

Desfiz as malas enquanto ela não chegava e resolvi fazer uma torta de morango para ela, não vou negar, dias atrás antes de dormir quando eu ainda estava em Bangkok com meu celular, pesquisei alguns vídeos dela na internet, para saber principalmente se ela sabia dançar e me deparei com um vídeo bem intrigante e estimulante, ela estava comendo morangos, ainda fico sem ar só de lembrar.

O tempo passou e enquanto preparava o recheio escutei sua voz ao lado de fora, respirei fundo e tentei não demostrar hesitação, mesmo tentando manter o controle senti minhas mãos suando e meu rosto corando, já havia tomado um banho antes, mas de nada adiantou, estava suando e ainda por cima suja porque resolvi bancar a cozinheira para agradá-la.

Lá fora parecia estar ventando, ao observar o tempo percebi estar um pouco nublado, acabei pegando um roupão apenas para que eu pudesse recebê-la.
Seu perfume chegou primeiro do que sua presença na minha porta, embora ela já estivesse ali, o cheiro exalava pelo quintal como se fosse uma espécie de névoa, uma nova chegada, e realmente era sobre isso que se tratava.

Ela era meu presente e se o universo permitisse, meu futuro também.
Andei com urgência, e no caminho me deparei com seu olhar, seus olhos eram devoradores de alma.
Quando eu ia abraçá-la notei um carro se aproximando da calçada em que estávamos, e ela se afastou indo para o meio fio e observando a pessoa se aproximando, e sim, era a pessoa que eu menos queria ver, foi difícil reconhecer devido ao carro diferente, não se tratava do mesmo que ele utilizava.

Olhei para as mãos dela e pude notar o fechamento dos punhos, não imaginei que nosso reencontro seria assim, ainda mais depois dos momentos mágicos que passamos juntas no interior.

Queria poder ficar em paz com ela hoje, conseguir aprovei-la ao máximo antes que tivéssemos que voltar das férias e ser mais as personagens do que nós mesmas, mas o Gus teimava em estragar com tudo sempre, eu tinha que dar um basta de uma vez por todas, pensei que tivéssemos nos entendido depois da nossa última conversa na casa da minha avó, mas pelo visto eu me enganei.

- Gus, o que faz aqui?

O desconforto era enorme, sei que a Faye era nervosa e se estressava facilmente, eu era calma por fora, mas por dentro também estava no mesmo estado, não estava entendendo o intuito dele estar ali e agora.

Gus
- Comprei um celular novo para você!

Ele disse isso esticando uma sacola em minha direção, e eu estendi a mão ainda sem acreditar, fiquei sem reação, depois de tudo que ele havia feito ele ainda teve coragem de aparecer com um celular novo para mim, como se eu fosse esquecer ou perdoar tanto desconforto, para piorar, veio com um balão de coração, obviamente um gesto brega vindo da pessoa errada.
Estava tão incrédula que não dei ouvidos ao que ele dizia, só consegui ouvir o final da sua provocação para a Faye, e entendi que ele estava se referindo ao carro.

Faye e Yoko - Blank The Series - GLOnde histórias criam vida. Descubra agora