CODINOME: DELTA

Capítulo 43

— Fiquem juntos! — exclamou Alex Stevens, vendo as criaturas mutantes se aproximarem, sedentas por suas carnes. A Magnum já estava carregada, a Ruger de Annchi Zhang também estava pronta para atirar; Beatrice Murray sacou a faca de combate e se preparou para mais uma batalha: A espada de Kai Yagami já estava sobre a sua cabeça; Lancelot Miller preparou seu taco de baseball e também se integrou à linha de defesa. Solomon Locke posicionou-se na retaguarda, com seu rifle de precisão. O que escapasse do ataque do grupo iria direto para ele. Havia cerca de vinte monstros; nenhum deles ostentava a atitude letárgica e semi-inoperante da maioria dos Carnívoros. Eram extremamente rápidos, tinham firmeza em seus movimentos e até mesmo seus olhares eram mais fixos e cruéis. Era impressionante a maneira que eles avançavam. Era de fato um exército de mortos-vivos. O doutor Delta alcançou o seu sonho doentio, cumpriu o que prometeu. O Orpheu fez nascer super soldados, guerreiros incansáveis e imortais. Alex jamais enfrentaria um confronto tão terrível em seus mais de vinte anos como policial.

O primeiro cadáver, uma mulher, aparentemente com quarenta anos quando falecida, foi para cima do grupo com toda a vontade, sem um pingo de temor ou hesitação. Alex disparou o primeiro tiro no crânio da criatura e, com a força de inércia, sua cabeça e seu corpo foram arremessados para trás e ela dormiu para sempre. Dois monstros vieram logo atrás, na direção de Kai. O jovem, sem muitas dificuldades, os decapitou sob o fio de sua espada. Solomon abateu os soldados que vinham logo atrás, enquanto o grupo combatia as criaturas que corriam na intenção de fechar o cerco. Poderia parecer absurdo, mas Solomon jurou que os monstros estavam atuando em uma estratégia militar.

— Não baixem a guarda! — gritou ele — Esses são diferentes do que conhecemos!

Beatrice e Lancelot lutavam um de costas para o outro. A menina era rápida e possuía reflexos extremamente aguçados. Ela se manteve firme, perfurando os olhos dos monstros com a faca de combate. Ela sabia que a lâmina poderia atravessar a membrana ocular e perfurar o cérebro, visto que o tecido dos mortos era bem mais flexível, em decorrência da decomposição. O Orpheu poderia ser o mais letal dos vírus, mas não conseguiu combater o poder da natureza. Lancelot destruía o cérebro das criaturas com o seu taco. Embora seu corpo fosse imenso, medindo um metro e noventa e dois e pesando noventa e oito quilos, o homem era extremamente rápido. Sua vida, toda dedicada ao esporte, contribuiu para a sua agilidade e destreza. O combate parecia estar sob controle. Entretanto, um pesadelo ainda maior vinha do céu de Westfield.

Um bando de abutres infectados chegou ao campo de batalha e voou em um rasante na direção do grupo dos vivos. As aves não mais se interessavam pela carne morta. Contaminados pelo Orpheu, eles sentiam o cheiro de vasos sanguíneos e células em atividade. Kai avistou o perigo e alertou os companheiros:

— ABUTRES! NO ALTO!

Kai correu na direção de Beatrice e Lancelot e retalhou duas aves que quase a pegaram. Alex sentiu sua espinha congelar. O desafio aumentou de maneira considerável agora. Agora os inimigos eram voadores e absurdamente rápidos. Sem contar os errantes que ainda não tombaram e que avançavam, repletos de fome e fúria. Sahyd se aproximou de Alex e recarregou as duas armas rapidamente.

— Eu darei cobertura em cima! Cuide dos que estão no chão!

— Entendido, Sahyd!

Solomon já estava atirando de maneira eficaz contra os abutres. Cada disparo era uma queda e o homem não aparentava cansaço. Alex ficou admirado e Sahyd percebeu, mesmo concentrado no combate.

— Esse é o nosso Solomon! — exclamou o árabe — Nós vamos vencer, fique firme!

O último abutre enfim foi neutralizado, porém do lado oeste do campo de batalha, da margem de um canteiro próximo a um posto de gasolina, um cadáver imenso veio correndo, sem que ninguém percebesse. Ele mirava o gigante Lancelot, mas Beatrice estava em seu caminho. Seria questão de tempo atrás o monstro saciar parcialmente sua fome com dois seres vivos de uma só vez. Não havia medo, nem hesitação. Ele já estava morto, nada mais importava. Ele correu ao encontro dos dois e já estava saltando para cima de Beatrice quando esta se virou e o viu, mas já era tarde. O Carnívoro era enorme, seu corpo era semelhante ao de Lancelot. Ele derrubou Beatrice ao chão e a encurralou. Ele tentava cravar os dentes em seu pescoço, mas a jovem era rápida e obstinada. Tentava empurrar o gigante para longe de si, mas diferença de forças era muito grande. Com um forte chute, Lancelot o afastou dela. O monstro rolou pelo chão, mas se levantou rapidamente, como se nada lhe tivesse acontecido. Ele correu, avançando em Lance para finalmente lhe abocanhar, mas Beatrice subiu em suas costas e tentou cravar a faca de combate em seu crânio. A criatura era extremamente forte; ele conseguiu alcançar Beatrice em suas costas e a lançou com força ao chão. Do lado oposto, Alex gritou: