CODINOME: DELTA

Capítulo 46

A movimentação era intensa no laboratório subterrâneo onde atuavam os cientistas Mark Denver, Kassandra Winslet e o doutor Brandon Davis. Após uma força tarefa gigantesca, conseguiram trazer Kraken, a criatura que antes era o menino Dylan. Por um motivo desconhecido, ele estava no meio de uma avenida de Westfield, não abatido, mas adormecido. Brendon não parava de pensar na doutora Zhang e no quando era imprudente subestimá-la.

Você é tão astuta, Annchi! Por que não está dividindo esse sonho conosco... e por que está na companhia daquele homem tão terrível...? O que está tentando provar?

Naquela noite, não havia tempo para se pensar em muitas coisas. O espécime precisava ser reanimado e uma solução para um problema desconhecido precisava ser aplicada. Kraken foi derrotado, ele tinha um ponto fraco. Tal fato acendeu mais uma vez a desconfiança de Mark Denver, que chegou a passos silenciosos à presença do doutor Delta.

— Investimos muito dinheiro, tempo e paciência no desenvolvimento dessa criatura! Pode me explicar o que deu errado?

— Não tenho que explicar nada a você! — retrucou Brandon, se virando repentinamente para encarar o doutor Denver — Ao invés de passar horas inúteis criticando o que não dá certo, por que não pensa em uma solução que funcione, para variar?

Inabalável, o doutor Denver manteve o tom calmo em sua voz:

— Está se deixando perturbar, Brandon... o que, exatamente, teria o poder de tirar-lhe a paz?

— Vocês se esquecem que a doutora Annchi Zhang conhece a Ômega com a palma de sua mão... insistem em desprezá-la, assim como subestimam aqueles outros miseráveis do grupo dela! Aonde diabos está o sargento Bruce Anderson?

— Não sei onde aquele homem está... e também não me importa saber! Meu único objetivo são as armas virais! O Orpheu está realizando um trabalho excepcional. Temos soldados no mundo todo e você está concentrando toda a sua preocupação em uma única pessoa.

— Essa única pessoa pode colocar tudo a perder, você não entende? — o doutor Delta aproximou o seu rosto do rosto do doutor Denver — Nós jogamos o planeta no lixo e ainda estamos longe de conseguir nosso objetivo!

— Nada de pânico, crianças! Parem já de brigar! — a voz da doutora Kassandra Winslet invadiu o ambiente — Doutor Davis, o que me pediu está pronto!

— Do que ela está falando? — indagou Denver, frustrado mais uma vez. O sorriso do doutor Delta voltou ao seu rosto. Sua fúria desapareceu como num passe de mágica.

— Me acompanhem!

O trio de cientistas se dirigiu até a sala de experimentos, no andar inferior. Era possível ouvir apenas o ruído de máquinas de mapeamento de batimentos cardíacos. A sala era extremamente iluminada. Toda a luz, pelo menos naquele cômodo, era muito bem vinda. Era um lugar onde se realizavam procedimentos cirúrgicos, exames detalhados e... acompanhamento de mutações. Kraken estava deitado em uma maca imensa e sobre sua cabeça pairava um aparelho compacto de tomografia. O monstro permanecia desacordado, inerte. O doutor Delta caminhou lentamente até a maca. Mark Denver aguardou em silêncio pela explicação.

— Como nós suspeitávamos, o espécime de fraco possui um ponto fraco. E adivinhem só qual é... a sua humanidade! Descobrimos que, minutos antes desse carinha aqui adormecer, seu coração estava extremamente acelerado e suas glândulas sudoríparas estavam em seu estado maior de atividade.

O doutor Denver ouvia as palavras com indignação.

— Está querendo dizer que ele ficou... emocionado?

— Emocionado, triste, saudoso... sim! Nosso garoto ainda é um garoto, apesar de toda essa forma grotesca! Mas vocês estão aqui para ver a solução de mais esse... contratempo! Venham, cheguem mais perto!