CODINOME: DELTA

Capítulo 34

A doutora Annchi Zhang finalmente adormeceu após tomar um antiinflamatório administrado por Solomon Locke. O ferimento em sua perna estava cada vez mais grave e Alex e os outros ainda não haviam retornado com o antibiótico. Ele levou Annchi para a antiga sala de observação e ali deitou a cientista para que ela ao menos se recuperasse da dor. Solomon estranhou muito a demora do grupo e decidiu preparar seu rifle de precisão para sair e averiguar o que pode ter ocorrido. Ele equipou novamente o silenciador e carregou o com mais quatro balas, o que o deixou com munição completa. Solomon fechou o quarto de observação e se dirigia ao saguão principal quando ouviu uma música extremamente alta do lado de fora. O som aumentava a cada segundo e o barulho do motor de um carro em alta velocidade também pôde ser ouvido.

- Mas que diabos...?

Solomon destravou o rifle e saiu cuidadosamente pela porta, passando pelo estacionamento e chegando ao portão principal. Ao passar para o lado de fora, ele avistou um veículo vindo em direção ao hospital, e de fato a música vinha dos seus auto falantes. Solomon sabia que em poucos minutos, a área estaria infestada de Carnívoros atraídos pelo som. Imediatamente, ele se posicionou na frente da Ford Ranger e apontou seu rifle em direção ao para-brisa, como um sinal de advertência. O veículo foi reduzindo a velocidade até parar totalmente. O som também foi desligado e a mulher que estava ao volante abriu a porta e saiu do veículo com as mãos para cima. Solomon a olhou de cima a baixo, procurando algo na mulher que pudesse representar uma ameaça. Com o rifle ainda apontado, ele perguntou à mulher.

- Quem é você? E de onde está vindo com a música nesse volume? Vai atrair as criaturas para cá!

- Criaturas? - indagou a mulher - Do que está falando? Eu vim de longe, sabe, procuro uma amiga que não vejo há muito tempo!

- Seja quem for que estiver procurando, não está aqui! Aliás, não sobrou quase ninguém nessa cidade. Aconteceram... algumas coisas!

- Ah, mas isso é uma pena. Eu estou procurando tanto por essa pessoa, mas ela sempre se esconde de mim. Encontrá-la para mim está sendo como encontrar uma formiguinha, que aliás, esse é o apelido que dei a ela, como uma forma de carinho.

Solomon ainda estava com o rifle apontado para a mulher. Claramente, ele não confiava nela.

- Como eu disse, não sobrou ninguém nessa cidade e a cada minuto que você ficar parada aqui, estará literalmente arriscando o seu pescoço. Portanto, meu conselho é que você entre no seu carro e vá embora o quanto antes!

- Tá bom, tudo bem... Pelo visto, só ficaram os mal humorados da cidade. Olha, isso é contagioso, eu tô indo embora!

Com as mãos ainda levantadas, a mulher voltou para o carro. Porém, no momento em que ela abriu a porta do motorista, seu braço direito abaixou e de uma forma incrivelmente rápida, pegou um revólver calibre trinta e oito do banco do console do veículo e apontou para Solomon, que se manteve inabalável, como se já estivesse esperando uma surpresa.

- Para o seu bem, é melhor abaixar essa arma. Não hesitarei em dar um tiro em sua cabeça se julgar necessário.

- Vamos, vovô, ninguém precisa atirar em ninguém - respondeu a doutora Kassandra Winslet - Como eu já lhe informei, procuro uma antiga amiga de muitos anos e que tem uma dívida comigo.

- Não existem mais dívidas por aqui. Caso não tenha percebido, a vida mudou drasticamente em Westfield e talvez no restante do mundo. Não sei do que dívida está falando, mas o dinheiro não possui mais serventia alguma para nós.

- Dinheiro? - Kassandra não conseguiu conter uma gargalhada - Por quem me toma, vovô? Não quero dinheiro algum da formiguinha... ela me deve algo bem mais simples e insignificante Ela me deve, digamos... a vida. E o senhor está obstruindo o meu caminho e isso me deixa muito brava mesmo! Agora, vovô, queira sair do caminho, sim? Uma horda de mortos-vivos está chegando, atraída pelo meu rock and roll e em poucos instantes, tudo vai ficar muito mais difícil.