A criatura Kraken olhou fixamente para o ambiente onde agora se encontrava e sobretudo para Beatrice. Por alguma razão, ele sentia que aquela pessoa tinha uma importância que as outras não lhes faziam recordar. Entretanto, assim que seu cérebro desejava se recordar de algo mais pessoal e mais afetivo, imediatamente o casulo entrava em ação e, com uma poderosa onda de choque no crânio, disseminava todo o poder da adrenalina, fazendo o monstro enlouquecer. E foi assim que o Kraken avançou furiosamente na direção de Beatrice. Ele tentou esmagá-la, abrindo e fechando dois de seus quatro braços, mas ela rolou rapidamente para o lado. Sahyd interveio rapidamente e sacou a sua pistola para disparar contra o monstro. Ainda caída ao chão, Beatrice gritou:
— Não, Sahyd! Por favor, não o machuque! Ele ainda é o Dylan!
— Não o machucar? Beatrice, se não fizermos nada, ele vai nos fazer em pedaços!
— Eu sei... me deixe pensar por um momento... preciso dar um jeito!
A criatura correu na direção de Beatrice. Furiosamente, Kraken revirou algumas mesas e computadores que estavam no saguão do hospital. Tracey já estava no recinto, com seu arco preparado para disparar.
— Beatrice! — Tracey lançou uma flecha, que atingiu em cheio a nuca do monstro. Kraken virou-se repentinamente e correu alucinado na direção de Tracey. A garota lançou mão de mais duas flechas de seu alforge e atingiu uma no pescoço e outra no ombro direito do Kraken. Isso não o impediu de continuar avançando, com sede de morte. Beatrice se levantou rapidamente e agarrou-se às costas do Kraken. Kai correu para ajudá-la, mas o monstro o golpeou em cheio com um dos seus braços poderosos. Kai foi lançado a quase dois metros de distância, caindo atordoado.
Ah, não... Kai!
Beatrice se agarrava com força às costas do Kraken. Ele tentava agarrá-la por trás com seus braços, mas sem sucesso. Ela conseguia se encolher todas as vezes se o monstro tentava alcança-la em suas costas. Tal distração deu a Tracey a oportunidade para saltar e atingir o rosto do Kraken com um chute poderoso. A criatura sentiu seu crânio balançar. Recuou alguns passos para trás e Beatrice se soltou se suas costas. Porém, a vantagem das irmãs durou apenas alguns segundos. O monstro se recuperou quase que imediatamente, sacudiu sua cabeça enorme e avançou novamente em direção às garotas. Beatrice e Tracey correram, procurando uma forma de se esconder ou despistar o Kraken. O salão era aberto e havia poucos objetos que pudessem interceptar o monstro, mesmo que por alguns instantes. Não havia alternativa, a não ser a escada que dava para o primeiro andar. Elas começaram a subir, correndo incansavelmente.
— Como será que vamos poder pará-lo, Beatrice? — indagou Tracey, ofegante.
— Sedativos... muitos deles! No primeiro andar, na sala de medicações. Vamos colocar o Dylan para dormir e depois pensaremos em uma solução.
— Quem?
Só então Beatrice percebeu que não teve tempo de contar sobre detalhes da sua vida com sua irmã. Tracey era recém-chegada e eles estavam no meio de uma corrida contra o tempo e contra inimigos asquerosos.
— Dylan é uma das crianças que moravam no orfanato que eu trabalhava. Era o que mais me ajudava, meu braço direito.
— E como ele se transformou nessa coisa?
— É uma variante do Orpheu, outro experimento doentio da Ômega. Diferente dos zumbis, Dylan ainda está vivo e está cumprindo ordens, como um robô ou uma máquina. Essa não é a primeira vez que eu o encontro desse jeito. Só que por algum motivo, dessa vez ele está diferente... Por mais que ele esteja nos perseguindo, tenho a impressão de que ele também esteja sendo perseguido.
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CODINOME: DELTA
HorrorWestfield é uma grande e importante metrópole. Regida quase que completamente pelo capitalismo, abriga diversas empresas e oferece oportunidades a muitas pessoas, o que a torna uma cidade convidativa e perfeita para se viver. Porém, tudo muda radica...