Capítulo 41

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Não havia tempo para decidir se os olhos dos sobreviventes estavam realmente contemplando a realidade. Os túneis da rede de esgoto de Westfield estremeciam com os golpes e espasmos do monstro enorme que assomava diante deles. A imensa cauda do crocodilo ricocheteava nas paredes e no teto dos túneis, causando uma bizarra sensação de viver no tempo jurássico, onde os seres humanos já não compunham o topo da cadeia alimentar. Alex Stevens se colocou à frente do grupo e exclamou:

— Fiquem todos juntos!

— Mas que merda é essa? - indagou Kai Yagami, mais para si mesmo do que para os outros.

— É uma mutação causada pelo Orpheu! - explicou Annchi - O vírus, quando injetado em certos organismos, pode aumentar a capacidade celular, triplicar a densidade hormonal e intensificar a níveis astronômicos o nível de adrenalina.

— Isso quer dizer...? - questionou Sahyd

Kai resolveu responder no lugar da doutora, antes que ela resolvesse dar mais uma explicação técnica totalmente irrelevante naquele momento.

— Quer dizer que qualquer lagartixa que tomar por acidente uma dose dessa bosta pode se transformar em um monstro capaz de nos engolir inteiros sem fazer nenhum esforço!

O crocodilo gigante sacudia enlouquecidamente seu pescoço, como se não conseguisse conter seu apetite voraz. Após finalmente conseguir visualizar as pequenas e suculentas presas, ele avançou na direção do grupo.

— Espalhem-se! - bradou Alex. Imediatamente, o grupo se desfez. Annchi, Beatrice e Lancelot saltaram para a esquerda, enquanto Sahyd, Kai e Solomon evadiram para o lado oposto. Alex desferiu alguns disparos contra a cabeça do monstro, mas os projéteis não surtiram efeito algum. A pele do crocodilo parecia feita de metal. O silenciador apenas ecoou na imensidão dos túneis e, sobre as costas e crânio da criatura, podia-se ver nada mais que apenas algumas faíscas causadas pelo atrito dos disparos. O ataque serviu somente para aumentar a fúria do monstro, que se arrastou assustadoramente na direção de Alex. O policial correu, mas sabia que, sob nenhuma possibilidade, venceria o crocodilo em velocidade. Ele usou o imenso labirinto de túneis a seu favor, despistando o animal estúpido. Kai correu e o alcançou.

— Ele não vai nos deixar em paz! Precisamos de uma estratégia para matá-lo!

— É, estou pensando no que fazer aqui! - respondeu Alex, recarregando a Magnum, como se fosse usar naquela ocasião.

— Vá com o pessoal adiante dos túneis! Devemos estar na trilha certa para achar o antivírus. Eu distraio o nosso amigo! - sugeriu Kai.

— Nem sonhando! E vai distrai-lo com o que? Com sua espada afiada? Não viu que os tiros não fizeram nem cócegas nele?

Kai sorriu com pretensão.

— Acho melhor não me subestimar, policial! Posso reverter qualquer situação ao meu favor.

Totalmente impaciente, Alex se aproximou do rosto de Kai e resmungou, baixo o suficiente para que apenas eles pudessem ouvir um ao outro.

— E por acaso você já viveu uma situação parecida com essa? Já enfrentou um inimigo como esse? Onde pensa que está? Em um treinamento? Não podemos brincar aqui, você me entendeu?

— Me dê uma chance! - retrucou Kai - Respire um pouco e olhe ao seu redor! Eu sei o que fazer!

Alex se virou e, como Kai sugeriu, percorreu os olhos pelos túneis. Ele ainda não havia visto, mas o lugar estava rodeado de dutos de gás. Ele avaliou a situação, assim como a ideia do agora aliado.

— Seria uma ideia excelente, se nós também não estivéssemos aqui dentro! No momento em que explodimos um desses dutos, se iniciará uma reação em cadeia. Assim como o monstro, toda a rede de esgoto e talvez um bairro inteiro irá pelos ares. Nem preciso dizer que não vai sobrar nada de nenhum de nós para seguir procurando o vírus.

CODINOME: DELTAOnde histórias criam vida. Descubra agora