Capítulo 55

4 1 0
                                        

Dias antes...

A ex-agente secreta Mia Zhang encontrava-se eufórica e ansiosa naquele dia, o que era um fato incomum, pois durante toda a sua vida ela aprendeu a lidar com suas emoções e controlar a sua psiquê. Ela havia passado a trabalhar para a Organização Ômega em segredo. Sua função consistia justamente em espionar as empresas concorrentes e garantir que nenhuma outra organização estivesse desenvolvendo armas virais sem que ninguém descobrisse. Mas no fundo ela sabia que o seu trabalho não iria se limitar a isso por muito tempo. Ela era uma funcionária cara demais para desempenhar uma tarefa tão simples. Qualquer outra pessoa poderia fazer aquele trabalho ridículo. Mia estava ficando cada vez mais aborrecida e entediada. Até aquele fatídico dia.

Ela nunca havia visto aquele prédio tão agitado. O sobe e desce de homens e mulheres usando jalecos brancos parecia não ter fim. Mia ouviu algo sobre alguém ter sido assassinado no oitavo andar. Aquele ambiente tinha o acesso restrito, estava reservado somente para o doutor Brandon Davis e sua equipe, que estavam trabalhando em um projeto extremamente confidencial e que não ela poderia ter acesso. Seja o que for aquilo, deu muito errado e pelo visto, as consequências eram as mais terríveis que se poderia imaginar. No meio de toda a balbúrdia e correria, uma jovem virologista correu na direção de onde Mia estava escondida. A espiã rapidamente se ocultou atrás de uma pilastra e viu quando a virologista pegou o seu walkie-talkie e acionou o alerta.

- Suporte de segurança, na escuta?

"Na escuta!" - respondeu a voz no alto falante do comunicador.

- Aqui é a doutora Kelly Parsons. A doutora Annchi Zhang solicitou que evacuássemos todo o prédio e requisitássemos um helicóptero de resgate com urgência! Não sabemos o que houve no oitavo andar, mas... pelo jeito foi gravíssimo!

" O que.. o que disse? Helicóptero de resgate? No que a doutora Zhang está pensando? Eu não posso simplesmente ir aí heliporto, pegar o Condor e voar Deus sabe para onde! Eu preciso preencher o relatório de requisição e..."

- Pro inferno com esse relatório, porra! - esbravejou a doutora Parsons pelo comunicador - Está todo mundo louco aqui embaixo! Pelo modo como as coisas estão... eu tenho certeza... Foi um vírus muito perigoso que se espalhou por esse prédio e está causando uma contaminação em massa!

"Cacete... Entendido! Estamos solicitando apoio aéreo agora mesmo! Na medida do possível, tente evacuar o pessoal pela ala oeste, onde está a rota de fuga para incêndio... Eu vou ver o que consigo fazer!"

- Obrigada! - disse a doutora Parsons, desligando o comunicador. Seguindo as instruções do funcionário do suporte de segurança, ela correu em direção da ala oeste. Contudo, antes que pudesse chegar ao pessoal para conduzi-los à rota de fuga, um homem de jaleco, que andava trôpego e vacilante cruzou o seu caminho e esbarrou na virologista. Os dois foram ao chão. A doutora Parsons se levantou imediatamente e correu em direção ao homem.

- Ei! Precisamos sair daqui! Estou indo para a ala oeste, onde um helicóptero estará nos esperando para fugirmos da zona de contaminação! Vem comigo!

O homem se levantou lentamente, mas não respondeu e não dava sinais de que iria reagir ou correr do perigo. Uma vez em pé, ele cambaleou e nem virou o seu rosto para a doutora Parsons. Continuou de costas, aparentemente olhando para o nada. Devia estar bêbado. Maldito plantão e suas biritas, pensou ela. Irritada com a letargia do homem, ela se aproximou e o agarrou o ombro.

- Ei! Não temos tempo a perder! Você está me atrasando, vamos!

O homem, movido pelo impulso causado pela mão em seu ombro, se virou repentinamente e seu rosto era uma máscara do mais puro terror. Seus olhos eram leitosos e vazios. Sua boca estava aberta e derramava bile negra descontroladamente. A doutora Parsons não teve tempo de assimilar o seu horror e seu cérebro não conseguiu enviar o estímulo necessário para que ela pudesse gritar por socorro. O homem avançou em direção e seus dentes se cravaram profundamente em seu pescoço. O grito de dor da doutora Parsons aumentou e sumiu quase no mesmo segundo. A criatura abocanhou a sua jugular e seu sangue foi esguichando de maneira assustadora pelo ar. O rosto do monstro recebeu o jato escarlate, mas isso não o impediu de continuar devorando a pele da virologista. Todas as pessoas próximas à cena corriam apavoradas. Alguns gritavam:

CODINOME: DELTAOnde histórias criam vida. Descubra agora