Capítulo 13

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Alex Stevens e Annchi Zhang olhavam atônitos para o que havia se tornado o centro de Westfield. As ruas estavam totalmente desertas, de um modo como eles nunca tinham visto até então. Alex reduziu a velocidade para contemplar o cenário que se seguia, mas vendo claramente, ele custou a acreditar. Eram oito e quinze da noite e costumeiramente o centro de Westfield estaria tomado por um trânsito intenso, os bares estariam lotados de clientes que habitualmente os frequentavam para aproveitar o happy hour e alguns poucos comércios ainda estavam em atividade para convidar os clientes que preferiam passear à noite. Mas definitivamente não era o caso naquela quinta-feira. O odor de morte era quase insuportável. Ao longe, se podia enxergar os mortos que despertaram do seu sono e foram condenados a caminhar eternamente, de um lado a outro, cambaleantes, esperando pelo alimento que nunca saciará a sua fome. Pais de família, professores, advogados, estudantes, engenheiros, policiais... Todos partilhando do mesmo destino mórbido e extremamente cruel.

- Minha casa não está longe! - sussurrou Alex, voltando a olhar para a estrada, pelo para-brisa quebrado. Ele parecia falar mais para si mesmo do que para Annchi ao seu lado.

- A sua esposa... ela também... Sabe se proteger?

- Não, não, ela... Na verdade, ela nunca gostou do fato de eu ser policial! Sempre me implorou para que eu deixasse a corporação ou então pedisse um emprego no escritório, mas...

- Sei! Seria melhor ser morto em combate do que ficar preso a uma cadeira de escritório!

Alex não pôde deixar de soltar uma gargalhada.

- Ora, mas como sabe disso?

- Era o que os meus pais diziam um ao outro! Eles eram agentes da Inteligência Chinesa! Eles amavam o que faziam. Foram mortos em uma emboscada vinda de uma traição de dentro do departamento!

- Eu sinto muito! - disse Alex, sem saber ao certo se era a coisa mais apropriada a se dizer.

- Está tudo bem! Eu era criança quando aconteceu. Foi tudo tão rápido e quando me dei conta, éramos somente o meu avô e eu!

- Seus pais eram agentes secretos e você está contando isso para um cara que acabou de conhecer!

- A essa altura, acho que não existem mais segredos! O mundo está virado do avesso. Já não dá para saber o que vai acontecer nos próximos dez segundos e eu... gostaria muito de te agradecer, Alex!

- Aí, para com isso! Estamos juntos nessa! Acho que somos parceiros de fuga!

De repente, algo à frente chamou a atenção de Annchi. Ela estreitou os olhos para conseguir visualizar com mais clareza pelo vidro enlameado com o sangue dos mortos-vivos.

- Alex... Tá vendo aquilo? Ali à direita, próximo ao acesso do quarteirão!

Alex reduziu um pouco mais a velocidade do Dodge Ram e concentrou a sua visão na direção apontada pela doutora Zhang. À medida que eles se aproximavam do acesso do quarteirão a leste, viram o que parecia a figura de dois cachorros enormes avançando lentamente na direção debl alguém. Uma pessoa... Viva. Annchi se precipitou e olhou de súbito para o policial.

- Alex!

- Eu vi! Se segura!

Alex engrenou a terceira marcha e pisou com força no acelerador. Os pneus do Dodge Ram cantaram violentamente e o veículo impulsionou-se avante. Os dois cachorros também foram infectados pelo Orpheu. Suas peles já estavam em decomposição. Seus olhos eram como pêndulos e os globos oculares eram como badalos de sinos bizarros. Sua saliva caía de forma descontrolada e sem dúvida alguma eles tinham a mesma fome voraz e insaciável dos mortos humanos. No entanto, o que mais apavorou Alex e Annchi era a pessoa que estava encurralada pelos animais zumbis. Tratava-se de uma jovem, aparentando ter no máximo vinte anos de idade. Podia-se dizer que ela tinha um metro e sessenta e cinco de altura. Seus cabelos eram cuidadosamente cacheados e seu rosto estava limpo e bem hidratado, apesar de toda a agitação daquele dia fatídico. Seus óculos não conseguiam esconder o pavor em seus olhos. Ela não carregava nenhuma bolsa, sacola ou nenhum volume similar. Contava somente com uma pequena faca de cozinha, e com todo o medo estampado em seu rosto, era evidente que qualquer esforço seria inútil.

CODINOME: DELTAOnde histórias criam vida. Descubra agora