Who is that girl?

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A equipe brasileira estava reunida no refeitório para o almoço, e o ambiente estava leve, repleto de risadas e brincadeiras. Mas, entre todas as jogadoras, Carol parecia um pouco mais calada, com o olhar distante. Seus pensamentos ainda estavam presos ao incidente no corredor e à jogadora holandesa que havia capturado sua atenção de uma forma inesperada. No entanto, seu devaneio foi interrompido por Roberta e Fê Garay, que não deixaram o silêncio passar despercebido.

— O que tá acontecendo, Carol? — começou Robertinha, com um sorriso curioso. — Você nem falou nada ainda... Nem parece a mais animada da seleção.

— Tá esquisito mesmo... — Fê Garay completou, arqueando uma sobrancelha. — Cadê a Carol de sempre?

Antes que Carol pudesse responder, Gabi, que estava sentada ao lado, cortou a conversa com uma risada curta, enquanto dava uma garfada em sua comida.

— Ela tá assim desde o encontro com a holandesa lá no corredor… — Gabi comentou, acompanhada de um sorriso travesso.

No instante em que as palavras saíram, o clima à mesa mudou. De repente, todos os olhares estavam sobre Carol, que imediatamente ficou corada.

— Ih, lá vem... — Thaisa brincou, cruzando os braços e olhando diretamente para Carol. — Eu tô achando que não vai ser só eu que vou me aventurar pelas terras holandesas, hein?

A brincadeira arrancou um sorriso tímido de Carol, que baixou a cabeça por um momento, tentando disfarçar o nervosismo. Ela sabia que a atenção das companheiras só iria aumentar se tentasse negar ou mudar de assunto, então optou por soltar uma risada contida.

— Vocês estão viajando... — Carol disse, balançando a cabeça, tentando afastar a figura da misteriosa holandesa que encontrou no corredor.

Mas suas colegas de equipe não iam deixar o assunto morrer tão fácil, e o clima descontraído à mesa logo voltou, agora com Carol no centro das provocações. Thaisa comentou com as meninas sobre o seu encontro com as holandesas, e isso virou novamente motivo para brincarem com Carol. Ela, por sua vez, não se importava e entrava na diversão junto com as amigas. As jogadoras conversaram tanto que, quando perceberam, já passava das duas horas da tarde. Então, de repente, o semblante de Carol mudou. Ela avistou alguém que acabava de entrar no refeitório: era Anne, a holandesa que havia esbarrado nela mais cedo no corredor. Sem pensar duas vezes, Carol se levantou bruscamente, o que fez suas colegas pararem de falar por um momento, intrigadas com a atitude repentina.

— Onde você vai, Carol? — Roberta  perguntou, mas Carol nem ouviu.

Enquanto ela se aproximava da mesma, suas colegas trocavam olhares confusos. Não acreditavam que Carol realmente ia até a holandesa, que, pelo visto, nem falava português. "Ela tá mesmo indo falar com ela?", se perguntava Gabi, incrédula.
Anne, que mexia no celular, deu um pequeno salto de susto ao ver Carol chegando rapidamente em sua direção. Ela olhou para Carol com um sorriso tímido, sem entender direito o que estava acontecendo.

— Ei, você! Lembra de mim? A do corredor! — Carol falou em português, gesticulando animadamente. Anne piscou algumas vezes, visivelmente confusa, e balançou a cabeça.

— Sorry? — respondeu Anne, sem entender nada.

Carol percebeu o problema e deu uma risada, falando para si mesma: — Claro, ela não entende nada do que tô falando...

Ela então apontou para si mesma e tentou simplificar as coisas, num inglês um tanto improvisado. — Me Carol, but no English, ok? — disse, fazendo uma pausa e gesticulando. — I help you, no problem! — completou, sorrindo como se estivesse resolvendo a situação.

Anne olhou para Carol, ainda um pouco confusa, mas o sorriso caloroso da brasileira a fez relaxar. Mesmo sem entender todas as palavras, havia algo genuíno na maneira como Carol gesticulava, se esforçando para se comunicar. Elas continuaram a trocar frases desconexas e risadas, sem perceber o tempo passando. Quando finalmente se deram conta, o refeitório já estava quase vazio e o céu, que antes brilhava com a luz da tarde, agora estava escuro. As duas ficaram surpresas com o quanto haviam se entretido e como o tempo havia voado.

Carol olhou para a janela, percebendo o cair da noite. — Já anoiteceu... — murmurou, meio distraída, enquanto olhava para Anne com uma expressão divertida.

Anne, sem entender exatamente o que Carol dissera, apenas riu e respondeu: — Yes... night... very fast. — Sua tentativa de inglês era tão desajeitada quanto a de Carol, o que as fez rir ainda mais.

De repente, o celular de Carol vibrou. Era Gabriela, ao atender, Carol já sabia que as meninas estavam curiosas.

— Oi, Gabi... ah, já estão todas se arrumando? Eu perdi a noção do tempo aqui... tô indo, já já tô aí! — disse Carol, desligando em seguida.

Ela se virou para Anne, tentando explicar. — Eu... tenho que ir... as meninas... se arrumando. Passeio daqui a pouco! — Carol apontou para o relógio e depois para a porta, esperando que Anne entendesse.

— Ah, yes, I understand... passeio... few hours, right? — respondeu Anne, compreendendo o básico.

Carol sorriu, satisfeita que o recado havia sido entendido. — Isso, isso! A gente se vê daqui a pouco. — Ela fez um gesto de despedida, meio desajeitado, mas sincero.

— See you soon! — Anne acenou, sorrindo, enquanto Carol saía do refeitório com um aceno rápido.

Carol caminhou em direção ao alojamento onde as outras meninas já estavam. Ao chegar, encontrou todas no meio do caos de roupas espalhadas e maquiagem, com música tocando e risadas enchendo o ambiente.

— Olha quem chegou! — gritou Thaisa assim que viu Carol entrar, interrompendo a bagunça. Todas as meninas viraram ao mesmo tempo, curiosas.

— E aí, Carol! Conta tudo! — provocou Gabriela, com um sorriso malicioso.

— Rolou selinho, Carol? — brincou Sheila, arrancando gargalhadas de todas.

Carol revirou os olhos, mas não conseguiu segurar o sorriso. — Gente, nada disso! A gente só conversou... quer dizer, tentou conversar. A coitada não entende nada do que eu falo!

— E tu também não fala nada do que ela entende, né? — riu Thaisa, provocando mais risadas. Carol se jogou na cama, suspirando. — Pois é, mas a gente vai se encontrar daqui a pouco no passeio. Quem sabe até lá eu aprendo umas palavras em inglês.

As meninas a cercaram, ainda cheias de curiosidade. — Mas sério, Carol, tu e a holandesa? Tô achando que tem coisa aí... — disse Gabriela, com um sorriso sugestivo.

— Não tem nada, gente! — Carol respondeu, tentando soar séria, mas seu sorriso a entregava. Ela mesma não sabia o que esperar, mas algo na maneira como o tempo passou voando ao lado de Anne fazia seu coração bater mais rápido.

Enquanto todas continuavam se arrumando e fazendo planos para o passeio, a curiosidade e as brincadeiras em torno de Carol e Anne não paravam.

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