Ufa...

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Carol despertou ainda com o coração apertado, a mente presa nas imagens do sonho angustiante. A sensação de perda que experimentara ainda parecia real, e por um instante, ela se esqueceu de que tudo não passara de um pesadelo. Lentamente, levantou-se da cama, tentando se recompor, mas o peso daquela despedida imaginária de Joe ainda a rondava.

Com os olhos marejados, Carol caminhou até a sala, tentando afastar o resquício de tristeza que insistia em permanecer. Ela respirou fundo, mas não conseguia se livrar da imagem de Joe se afastando, de sua pequena mão escorregando da sua, como uma despedida final. Ao entrar na sala, perdida em seus pensamentos, ouviu uma voz suave e familiar.

— Tia Carol, por que você tá chorando? Quem te deixou triste? — perguntou Joe, sentado em uma cadeira, os olhinhos arregalados de preocupação, tentando se endireitar para vê-la melhor.

Carol parou e ficou encarando-o por um segundo, sentindo um alívio indescritível tomar conta de seu peito. Joe estava ali, vivo, cheio de vida, a mesma criança que iluminava seus dias. Ela soltou um longo suspiro, como se estivesse liberando todo o peso daquele sonho, e sorriu ao se aproximar dele, enxugando discretamente as lágrimas.

— Ah, meu pequeno, não foi nada. Só… um sonho muito bobo. — Ela se agachou ao lado dele, tocando seu rosto com carinho e vendo-o abrir um sorriso que aquecia seu coração.

Joe a observou atentamente, franzindo o rosto de leve, como se tentasse compreender o que estava acontecendo. Ele estendeu a mãozinha e segurou a de Carol com firmeza, do jeito carinhoso que ele sempre fazia.

— Mas você tá bem agora, né? Eu tô aqui com você, tia Carol. — A frase dele, dita com tanta inocência e convicção, parecia uma resposta direta às sombras que o sonho deixara em seu coração.

Carol assentiu, sentindo a tranquilidade voltar lentamente. Passou a mão pelos cabelos do menino e riu baixinho, como quem recupera a paz depois de um susto.

— Tô bem sim, meu amor. E muito feliz que você também tá aqui comigo. — Ela o abraçou com força, segurando-o por mais tempo do que o habitual, saboreando cada segundo daquela realidade e afastando de vez o vestígio do pesadelo.

Joe retribuiu o abraço, enlaçando o pescoço dela com seus bracinhos e murmurando:

— Eu gosto muito quando você me abraça assim.

Carol se afastou só um pouquinho para olhar aquele rosto cheio de vida e energia. Com um sorriso tranquilo, ela sentiu o coração finalmente em paz, agradecida por saber que tudo estava bem com Joe.

Enquanto Carol ainda estava abraçada com Joe, sentindo o calor e a segurança daquele momento, ela ouviu o som de passos leves no corredor. Anne apareceu na entrada da sala, enrolada em uma toalha branca na cabeça, o rosto ligeiramente corado do banho recém-tomado. Ao ver Carol e Joe abraçados, ela sorriu, percebendo a ternura do momento entre os dois.

— O que eu perdi por aqui? — Anne perguntou, com um sorriso suave enquanto terminava de secar o cabelo.

Joe rapidamente se desvencilhou do abraço de Carol e correu até Anne, abraçando-a pela cintura.

— Anne, eu tava só dizendo pra tia Carol que eu amo morar aqui com vocês — ele disse, com um entusiasmo sincero. — Eu nunca me sinto sozinho com vocês duas aqui!

Anne olhou para Carol, os olhos brilhando de emoção com as palavras do pequeno. Ela abaixou-se para ficar na altura dele, segurando seu rosto com carinho e sorrindo.

— A gente também ama ter você aqui, Joe. Cada dia com você é uma alegria — respondeu Anne, acariciando sua bochecha e trocando um olhar cúmplice com Carol, que parecia ainda mais aliviada depois do sonho.

Carol observava aquela cena com o coração aquecido, sentindo como a presença de Joe realmente tinha transformado o lar delas em algo mais especial.

— E nós também adoramos ter você enchendo a casa de risadas e brincadeiras, Joe. Você sabe que sempre pode contar com a gente, não é? — disse Carol, ainda um pouco emocionada.

Joe assentiu com um sorriso enorme, segurando as mãos de ambas e balançando-as levemente.

— Vocês são a melhor família do mundo! — ele exclamou, o rosto iluminado de felicidade.

Anne e Carol trocaram um olhar cheio de significado, sentindo o quanto aqueles momentos valiam, quanto amor havia construído naquele lar que, pouco a pouco, se tornara o lugar seguro e alegre que Joe merecia.

Joe, ainda com a energia de sempre, de repente soltou as mãos de Carol e Anne e olhou para o relógio na parede com uma expressão de surpresa.

— Ah, não! Eu vou me atrasar pro vôlei! — exclamou, deixando o prato de comida na mesa praticamente intocado. Ele se levantou num pulo e começou a correr em direção ao quarto.

Carol e Anne trocaram um olhar divertido, sabendo que o entusiasmo de Joe pelo treino era uma das coisas que ele mais levava a sério.

— Ei, Joe! E o seu café da manhã? Você mal tocou na comida — Anne disse, sorrindo enquanto o observava correr.

Joe parou no meio do caminho, olhou para a mesa rapidamente, mas logo voltou a correr na direção do quarto, determinado.

— Depois eu como Anne! Preciso pegar o Dino antes de ir! — ele gritou de lá, referindo-se ao seu dinossauro de pelúcia, companheiro fiel que sempre levava para o treino como um amuleto de sorte.

Carol riu baixinho, cruzando os braços enquanto observava a correria do pequeno.

— Esse menino… Não larga o Dino por nada, nem pra jogar vôlei — comentou ela com um sorriso.

— Pelo menos sabemos que ele tem sempre um companheiro à altura — Anne respondeu, rindo também.

Instantes depois, Joe voltou para a sala, com o Dino apertado contra o peito e um sorriso enorme no rosto.

— Pronto, agora eu tô preparado! — ele declarou, ajeitando o dinossauro de pelúcia sob o braço, como um pequeno atleta que não queria ir para a quadra sem o seu mascote.

Carol deu um tapinha carinhoso no ombro dele.

— Então vamos lá, campeão. Não queremos que o futuro craque do vôlei se atrase!

Joe sorriu com entusiasmo, segurando o Dino com firmeza. Ele olhou para Anne, o rosto iluminado de admiração.

— Eu vou ser capitão da seleção holandesa, igual a você Anne! — ele declarou, o peito estufado de orgulho e os olhos brilhando de sonho.

Anne riu e se abaixou para ficar na altura dele, ajeitando uma mecha de cabelo que caía em sua testa.

— Capitão, é? Então você já tem grandes planos, hein? — disse ela, com uma mistura de carinho e orgulho no olhar. — Mas você sabe que precisa treinar bastante, ouvir seus técnicos, e, claro, nunca esquecer do Dino, certo? Ele é o seu amuleto!

Joe assentiu com a cabeça e segurou a mão de Anne.

— Eu vou treinar muito, igual você e a tia Carol. E quando eu for capitão, vocês duas vão estar na arquibancada torcendo por mim! — Ele a olhou com tanta determinação que fez Anne e Carol trocarem um olhar emocionado.

Carol colocou a mão no ombro dele e sorriu, orgulhosa.

— Pode ter certeza, Joe. Vamos estar lá gritando o seu nome o mais alto possível. E quando você for capitão, todos vão saber que você é o melhor que a Holanda já teve.

Joe deu um passo para trás, levantando Dino como se o estivesse apresentando ao mundo.

— Eu vou ser o melhor, e o Dino vai ser meu assistente! — ele declarou com convicção, antes de se virar e seguir animado para a porta, pronto para o treino.

Anne e Carol riram, observando enquanto ele saía com toda aquela energia, o futuro capitão já treinando com determinação e sonhos grandes, cercado pelo amor que ele tanto valorizava.

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