Getting to know the Netherlands

294 28 4
                                    

Duas semanas haviam se passado desde o início dos campeonatos europeu e sul-americano, e as realidades de Carol e Anne não poderiam ser mais distintas. Anne, capitã da seleção holandesa, sentia o peso da eliminação precoce de sua equipe pelas mãos da Turquia. Mesmo sabendo que o desempenho do time era um esforço coletivo, ela se culpava profundamente pela derrota, carregando nas costas a responsabilidade de ter decepcionado sua nação. A dor da eliminação e a pressão de ser a líder faziam com que Anne se isolasse, lidando com a frustração em silêncio.

Carol, por outro lado, vivia um momento de grande êxito. O Brasil não apenas se classificou para as Olimpíadas, como também havia conquistado o campeonato sul-americano. A euforia pela vitória e a expectativa do mundial, que aconteceria na Holanda em maio, contrastavam com a melancolia de Anne. Mesmo em meio à comemoração, Carol sentia um vazio que só a presença de Anne poderia preencher. Durante os jogos, ela sentia falta da energia contagiante de Anne na arquibancada, da maneira como a holandesa vibrava e fazia com que Carol se sentisse especial, uma espécie de amuleto silencioso que agora estava ausente. A saudade apertava cada vez mais.

Antes de voltarem ao Brasil e retomarem a temporada de clubes, Carol e Anne ainda tinham um mês de férias pela frente. Decidida a aproveitar esse tempo para matar a saudade e apoiar Anne, Carol resolveu viajar para a Holanda. Anne e seu pai, Teun, fizeram questão de que Carol ficasse na casa da família. Embora Irene, a mãe de Anne, tivesse torcido o nariz para a ideia, ela acabou aceitando com a condição de que o relacionamento amoroso entre Carol e Anne não fosse mencionado dentro de casa. Era um acordo velado, uma trégua frágil que ambas sabiam ser temporária, mas Carol estava disposta a enfrentar qualquer desconforto para estar perto de Anne.

Além disso, a viagem seria uma oportunidade para Carol finalmente conhecer os irmãos de Anne, Luke e Joe, com quem ela já havia trocado mensagens, mas nunca encontrado pessoalmente. Para Anne, ter Carol ao seu lado nesse momento tão delicado era um alívio. Saber que, mesmo em meio à sua própria glória, Carol ainda a priorizava, fazia com que a dor da derrota se tornasse um pouco mais suportável.

A chegada de Carol à Holanda não era apenas uma chance de matar a saudade, mas também de fortalecer os laços com a família de Anne, mesmo que de forma contida.

Após um longo voo e o coração batendo mais forte a cada quilômetro, Carol finalmente desembarcou na Holanda. O frio outonal era cortante, um contraste marcante com o calor brasileiro ao qual estava acostumada, mas a ansiedade e o desejo de ver Anne aqueciam seu corpo e sua alma. Ao passar pela alfândega, Carol já podia imaginar o momento em que veria sua namorada novamente, depois de semanas de saudade e de silêncio. A distância entre elas, agravada pelos campeonatos em andamento, parecia ter criado um buraco em seu peito, algo que só a presença de Anne poderia preencher.

Com uma mala carregada de presentes e lembranças para Anne e sua família, Carol se dirigiu ao ponto de encontro que combinaram. O aeroporto estava movimentado, mas seus olhos estavam fixos na procura por uma pessoa: Anne. E então, como se o tempo desacelerasse por um instante, ela a viu.

Anne estava encostada numa das colunas do saguão, vestindo um casaco pesado e cachecol, visivelmente abatida, mas ainda assim com um brilho nos olhos quando avistou Carol. Elas sorriram instantaneamente, o tipo de sorriso que só quem compartilha algo profundo consegue dar. Sem pensar duas vezes, Carol correu para ela, largando a mala no chão e envolvendo Anne em um abraço apertado, como se o mundo inteiro desaparecesse naquele momento.

— Eu senti tanto sua falta — Carol sussurrou no ouvido de Anne, apertando-a ainda mais forte.

— Eu também senti... mais do que você imagina — Anne respondeu, com a voz embargada, tentando disfarçar o cansaço emocional que carregava. A presença de Carol era como um bálsamo para sua alma ferida, algo que ela precisava desesperadamente.

Além das Redes Onde histórias criam vida. Descubra agora