Além das Redes

Future moms

Anne foi despertada pela voz grave e autoritária de Irene, anunciando que o dia já havia começado na propriedade da família Buijs. Um sorriso involuntário brotou no rosto de Anne ao lembrar da noite anterior com Carol. Contudo, sua tranquilidade logo se dissipou ao perceber que Carol não estava ao seu lado. Num movimento brusco, levantou-se da cama, preocupada. Seu coração só acalmou quando escutou o som familiar da água correndo no chuveiro. Carol estava no banheiro, e Anne soube disso pela mania da namorada de cantarolar durante o banho. Soltou um suspiro aliviado e começou a voltar para a cama, quando a porta do quarto se abriu subitamente, revelando a silhueta rígida de sua mãe.

Anne congelou, sentindo-se como uma adolescente prestes a ser repreendida.

— Por que está acordada tão cedo, Anne? — a voz de Irene soou cortante, enquanto seus olhos percorriam o quarto, parando na filha. — Você não costuma levantar a essa hora... E o que é isso que você está vestindo? — Irene olhou de cima a baixo para Anne, claramente desconfortável com o top esportivo e a calcinha box que a filha usava. — Onde está a Ana Carolina? Passei no quarto dela e não a vi. Espero que vocês não tenham desobedecido minha regra...

Anne ficou sem reação, surpresa com o tom incisivo da mãe. Sua mente girava, tentando formular uma resposta plausível.

— Eu... eu só... estava com calor à noite e troquei de roupa... — disse Anne, tropeçando nas palavras, sua voz fraca. — E a Carol... bom...

— Eu vim tomar banho no banheiro da Anne — a voz de Carol interrompeu a tensão, enquanto ela saía do banheiro enrolada em uma toalha. Anne suspirou aliviada, agradecendo mentalmente pela intervenção.

Carol, sem perder a compostura, encarou Irene com firmeza.

— Espero que isso não seja um problema para a senhora, considerando que, na nossa casa, compartilhamos o mesmo banheiro. — Carol continuou, sem hesitar. — Tenho certeza de que a senhora não gostaria que um dos seus filhos me encontrasse no banheiro social, certo?

Irene, visivelmente indignada, apertou os lábios. Seus olhos faiscavam de raiva mal contida, mas ela preferiu não prolongar a discussão.

— Isso é completamente inaceitável — murmurou Irene, enraivecida, enquanto se virava em direção à porta. — Nunca pensei que minha filha chegaria a esse ponto.

Assim que Irene cruzou a soleira do quarto, Carol revirou os olhos, impaciente, e fechou a porta com um leve empurrão, deixando o som seco ecoar pelo cômodo.

— Que mulher insuportável — murmurou ela baixinho, antes de se virar para Anne com um olhar cúmplice.

Carol trancou a porta com um clique decidido, garantindo que não haveria mais interrupções indesejadas. Com um sorriso travesso nos lábios, ela caminhou em direção a Anne, que ainda estava sentada na cama, meio desconcertada com a visita surpresa da mãe.

Ao se aproximar, Carol abaixou-se e deu um selinho suave em Anne, que fechou os olhos por um breve momento, deixando-se relaxar ao sentir o toque familiar e reconfortante da namorada.

— Bom dia — murmurou Carol, encostando a testa na de Anne por um instante, sua voz suave contrastando com a tensão que ainda pairava no ar.

Anne abriu os olhos, respirando fundo, mas não conseguia disfarçar o embaraço da situação anterior. Olhou para Carol com um sorriso tímido, mas a preocupação logo voltou a surgir.

— Ficou muito evidente que eu estava contando uma mentira? — perguntou ela, mordendo levemente o lábio inferior, os olhos cheios de incerteza.

Carol soltou uma risada curta, mas cheia de carinho.