Além das Redes

A lesão de Carol.

Zé Roberto estava com os pensamentos alinhados e a estratégia definida. O próximo desafio seria contra o Japão, as donas da casa, e ele sabia que o time precisaria estar em sua melhor forma, física e mental. Ele já havia avisado as jogadoras no dia anterior: seriam no mínimo seis horas de treino intenso. Cárdio, musculação, aperfeiçoamento técnico — tudo estava no cronograma. Não havia espaço para erros, e ele sabia que precisaria extrair o máximo de cada uma.

No ginásio, todas as jogadoras estavam prontas, uniformizadas e ansiosas, esperando apenas o sinal de Zé Roberto para iniciar. O ambiente estava carregado de expectativa, e, apesar do cansaço natural que vinha com a rotina pesada de uma Olimpíada, o foco e a determinação de cada atleta eram evidentes. A energia era palpável.

Zé entrou no ginásio com uma postura firme, seus olhos queimando de intensidade. Ele sabia que o Japão viria com uma defesa sólida, além de contar com a pressão da torcida local. Elas precisariam ser perfeitas nos detalhes, e ele estava ali para garantir isso.

— Vamos começar, meninas — disse ele, com a voz séria e sem rodeios, enquanto olhava para cada uma delas. — O próximo jogo não vai ser fácil, e eu preciso que vocês estejam prontas para qualquer situação. A gente vai focar no cárdio agora, depois musculação. E, à tarde, vamos aperfeiçoar a parte técnica. Quero precisão. Quero velocidade. Quero intensidade em cada movimento.

Gabi se alongava perto da linha lateral, sentindo o peso das palavras do treinador. Ela já estava acostumada com a intensidade dos treinos de Zé, mas sabia que, naquela fase da competição, cada minuto de preparação era crucial.

— Bora, bora, bora! — incentivou Carol, batendo as mãos uma na outra e tentando animar as colegas. Ela mesma sentia o peso da responsabilidade, mas também adorava o desafio. Enfrentar o Japão seria uma batalha de nervos e técnica.

Gattaz, ao lado de Carol, balançou a cabeça em concordância, seu semblante mais sério.

— Vai ser puxado hoje... — comentou para Carol, enquanto ajustava as joelheiras.

— Melhor assim — Carol respondeu, determinada. — Se for fácil, não é a gente.

As meninas começaram com a sessão de cárdio, correndo em voltas pelo ginásio. Zé Roberto andava de um lado para o outro, observando cada detalhe. Ele sabia que, além de preparo físico, o foco mental seria decisivo. Era comum que os times sentissem a pressão em partidas contra as anfitriãs, mas Zé queria que suas jogadoras mantivessem a cabeça fria, independentemente da barulheira que viesse da arquibancada.

Após a sessão de cárdio, Zé chamou todas para a área de musculação, sem dar tempo para que o cansaço as dominasse.

— Vamos aumentar a resistência de vocês. Precisamos de força, e vamos garantir que cada uma de vocês esteja no ápice — ele orientou, com a mesma intensidade. — Se vocês querem a medalha, têm que fazer cada segundo valer.

Na musculação, Thaisa liderava, puxando peso com uma energia implacável. Sua experiência olímpica a fazia entender bem o que era necessário para superar esses desafios. Roberta e Macris, as levantadoras, seguiam com foco, sabendo que o trabalho de distribuição seria ainda mais exigente contra um time com bloqueio ágil como o do Japão.

Carol, por sua vez, puxava cada exercício com determinação. Mesmo sentindo o desgaste, sua mente estava em Anne e Joe. Lembrar-se de quem estava do lado de fora, esperando por ela, dava-lhe uma força extra.

Quando o treino de musculação terminou, Zé não perdeu tempo e as reuniu para o próximo passo.

— Agora vamos para a parte técnica. Quero ver cada uma de vocês afiando as jogadas. Precisamos de um ataque rápido, precisão nos bloqueios e, principalmente, eficiência no saque. Se vocês acham que as japonesas vão dar mole na defesa, podem esquecer. O trabalho delas é incansável, e a gente vai ter que dobrar isso — ele explicou, seus olhos passando por cada uma das atletas.