Olá, Tóquio

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Era chegado o dia de ir para Tóquio. O coração de Carol estava a mil — mal conseguia conter a ansiedade. Anne e Joe também estavam num turbilhão de emoções, mas por razões diferentes: além de estarem indo para torcer por Carol, veriam a estreia de Luke na seleção holandesa.

— Mas, tia Carol, por que eu não posso ir com você? — Era a terceira ou quarta vez que Joe fazia a mesma pergunta desde que acordara, o tom cada vez mais impaciente.

— Joe, eu já te expliquei... no meu voo só vão as atletas, o Zé e o pessoal da equipe técnica... — respondeu Carol, tentando manter a calma.

— Uai, mas eu sou quase da equipe técnica também! — retrucou Joe, cruzando os braços com uma indignação de quem acreditava ter razão. — Olha só, a tia Gabi é a capitã, a tia Thaisa tem os desenhos no braço pra pintar, a tia Macris e a tia Roberta têm as melhores brincadeiras... não é justo eu não ir junto com você, Anne!

Ele olhou para a irmã mais velha, esperando que ela fizesse algo. Os olhos de Joe começaram a encher de lágrimas, um claro sinal de desaprovação.

Carol suspirou fundo. Sabia que a conversa com Joe seria difícil, mas estava sendo mais desgastante do que ela havia se preparado.

— Olha, Joe, você vai com a Anne e... — Carol tentou continuar, mas foi brutalmente interrompida pela pirraça do pequeno.

— EU NÃO QUERO IR COM A ANNE! — gritou Joe, agora já aos soluços, sua frustração explodindo em lágrimas, os ombros pequenos sacudindo com o choro.

Carol piscou, exausta. Eram nesses momentos que ela se perguntava se realmente queria ter filhos no futuro. Era como lidar com um turbilhão de emoções, e ela já estava à beira de perder a paciência.

— Anne, me ajuda aqui! — apelou, olhando para a namorada com um pedido silencioso de socorro, sem saber mais como acalmar o pequeno.

Anne, que até então observava tudo em silêncio, deu um passo à frente, inclinando-se na altura de Joe.

— Ei, campeão... — disse ela com uma voz suave, tentando fazer contato visual com o irmão mais novo. — Sei que você quer muito ir com a Carol, mas, olha, se você for comigo, vamos ter nossa própria aventura. Que tal? Podemos falar sobre como vai ser torcer pelo Luke, e ainda te compro aquele doce holandês que você gosta!

Joe, entre soluços e fungadas, olhou para Anne com os olhos ainda cheios de lágrimas, mas agora um pouco menos fechado à ideia.

— O stroopwafel? — murmurou, ainda ressentido, mas com uma fagulha de curiosidade.

Anne assentiu com um sorriso acolhedor.

— Claro! E prometo que a gente vai torcer muito pelo Luke. Aposto que ele vai adorar saber que você está lá na arquibancada torcendo por ele.

Aos poucos, o choro de Joe foi diminuindo. Ele fungou mais uma vez e, embora ainda estivesse frustrado, parecia começar a aceitar a ideia.

— Tá bom... mas eu queria muito ir com a tia Carol... — murmurou ele, ainda contrariado, mas menos irritado.

Carol soltou o ar que nem percebeu que estava segurando, agradecida pelo jeito calmo e persuasivo de Anne.

Chegando ao aeroporto, o clima estava relativamente mais calmo. Joe ainda estava chateado, mas a promessa do stroopwafel e a ideia de torcer por Luke com Anne haviam acalmado os ânimos, pelo menos por enquanto. Carol, por outro lado, ainda sentia uma tensão no ar, mas preferiu não mencionar nada, feliz por evitar mais uma birra por enquanto.

Ao entrar no terminal, Carol, Anne e Joe foram recebidos por algumas pessoas da comissão técnica, incluindo Sheila, uma das assistentes de Zé Roberto, e... as gêmeas, duas meninas que estavam sempre presentes nos bastidores da seleção. Assim que Joe viu as duas correndo animadas para cumprimentar Carol, o rosto dele mudou imediatamente.

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