Carol já havia conhecido toda a propriedade da família Buijs e estava encantada com o quanto os pais de Anne eram pessoas extremamente dedicadas à família. A casa transmitia aconchego, e Carol podia perceber como aquele ambiente era repleto de memórias e carinho. Ela notava nos detalhes, desde os porta-retratos espalhados até o cuidado com o jardim.
— Acho que é só isso... — disse Anne, abrindo a porta do seu quarto e conduzindo Carol para dentro.
Carol entrou devagar, seus olhos percorrendo o espaço. O quarto de Anne transbordava sua personalidade, com objetos que contavam um pouco de sua história. Havia pôsteres de jogos importantes, medalhas penduradas nas paredes e fotos antigas com a família e amigos. Carol sorriu ao ver uma pelúcia desgastada no canto da cama.
— Eu adorei tudo. Mas... — Carol hesitou por um instante, olhando para Anne de forma pensativa. — Será que eu não poderia simplesmente ficar aqui no seu quarto?
Anne deu um leve sorriso, surpresa pela pergunta, mas gostou da ideia. Ela assentiu com a cabeça e, sem dizer uma palavra, caminhou até a cama, deitando-se confortavelmente.
Carol observava o jeito despojado de Anne, sua forma descontraída de se deitar, como se estivesse em seu lugar mais seguro no mundo. O quarto parecia respirar a essência dela, cada detalhe refletindo quem Anne era. Carol se aproximou, sentando-se à beira da cama, sentindo-se cada vez mais conectada a tudo aquilo.
— Fique à vontade — murmurou Anne, sorrindo enquanto fechava os olhos por um breve instante, como se a presença de Carol tornasse o ambiente ainda mais acolhedor.
Carol, ainda fascinada pelo quarto de Anne, olhou ao redor, seus olhos pousando sobre um pequeno porta-joias em cima da cômoda. Era delicado, com detalhes em prata e um toque de modernidade, algo que combinava perfeitamente com o estilo de Anne.
— Posso... mexer nas suas coisas? — perguntou Carol com um sorriso de canto, apontando para o porta-joias.
Anne, ainda deitada, apenas abriu os olhos e assentiu com um sorriso tranquilo.
— Claro, fique à vontade.
Carol se levantou da cama e caminhou até a cômoda. Ao abrir o porta-joias, encontrou peças simples, mas cheias de significado: uma pulseira com pingentes, brincos pequenos e um anel que Carol reconheceu de uma das vezes que Anne o usara em uma ocasião especial. Tudo parecia ser parte das memórias de Anne, e Carol se sentiu ainda mais conectada à intimidade daquele espaço.
No entanto, foi quando seus dedos tocaram uma caixa escondida no fundo de uma das gavetas que algo chamou sua atenção. Era uma caixa simples, de madeira, um pouco desgastada, mas cuidadosamente preservada. Carol a pegou e se virou para Anne, curiosa.
— O que é isso? Posso abrir? — perguntou com uma leve curiosidade no tom de voz.
Anne, ao ver a caixa nas mãos de Carol, levantou-se levemente na cama, agora sentada, e sorriu com um toque de timidez.
— Ah... — Anne coçou a nuca, um pouco envergonhada. — São... são cartas que eu escrevi para você. Mas nunca tive coragem de entregar.
Carol ficou surpresa. Sentiu o coração acelerar ao ouvir aquilo, um misto de emoção e surpresa tomando conta dela.
— Posso ler? — perguntou com suavidade, segurando a caixa como se fosse algo precioso.
Anne hesitou por um segundo, mas então assentiu com um sorriso encorajador.
— Pode... — murmurou, agora um pouco ansiosa.
Carol abriu a caixa com cuidado e encontrou várias cartas. Eram longas, algumas datadas de 2016, logo após as Olimpíadas no Rio, quando elas se conheceram. Cada carta parecia cuidadosamente escrita, como se Anne tivesse colocado todo o seu coração em palavras. Havia um padrão de saudade que transparecia em cada uma delas, especialmente durante os anos em que estiveram distantes, até Anne assinar com o Praia Clube em 2019.
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Além das Redes
FanfictionEm "Além das Redes", Anne Bijus e Ana Carolina da Silva se conheceram durante as Olimpíadas do Rio 2016, onde, entre treinos e jogos, uma conexão especial nasceu entre as duas. No entanto, a rotina intensa e as expectativas da carreira as separaram...