The Champions

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O clima de tensão pairava sobre ambas as equipes, o ginásio vibrava com a expectativa. De um lado, o Brasil. Do outro, a Holanda. Ambas as seleções sabiam que estavam a um passo de fazer história, de trazer o ouro olímpico para casa. Os olhares se cruzavam, e o peso da responsabilidade era palpável. As arquibancadas, lotadas de torcedores eufóricos, mal conseguiam conter a emoção.

No centro da quadra, Carol ajustava seu uniforme, os olhos fixos em Anne do outro lado da rede. Elas haviam trocado poucas palavras antes da partida, mas o olhar de Anne já dizia tudo. Carol sorriu de canto, um misto de desafio e algo mais no fundo do olhar. Anne não deixaria aquilo barato.

— Não vai ser fácil hoje, Carol — Anne provocou, ajeitando a faixa do cabelo, o sotaque holandês marcando suas palavras. — Espero que esteja pronta, porque eu vou te bloquear.

Carol arqueou a sobrancelha, desafiando-a com um sorriso divertido. Anne estava claramente tentando entrar em sua cabeça, mas Carol não ia se abalar.

— Engraçado você dizer isso — respondeu Carol, o tom de voz baixo e controlado. — Pensei que bloquear fosse a minha especialidade. Lembra que eu sou a melhor bloqueadora desse torneio, né?

Anne cruzou os braços e deu um passo à frente, ficando a poucos metros de Carol, a rede entre elas. A proximidade fez o ar entre elas parecer ainda mais denso, carregado de competição e algo não dito.

— Isso é passado — retrucou Anne, os olhos faiscando com determinação. — Hoje eu vou te mostrar como se faz. Não vai ser fácil passar por mim.

Carol inclinou-se um pouco, mantendo o olhar fixo em Anne, como se pudesse ler os pensamentos dela.

— Veremos, Anne. Veremos...

O apito soou, interrompendo a troca de olhares e trazendo as duas de volta ao momento. A bola foi lançada, e o jogo começou. Cada ataque, cada bloqueio, era uma batalha entre as duas, um jogo dentro do próprio jogo.

A torcida ia à loucura a cada ponto. Anne subia para atacar, mas Carol estava lá, com seus bloqueios precisos e intransponíveis. E quando Carol ia para a rede, Anne fazia de tudo para cumprir sua promessa, tentando impedir a brasileira de brilhar.

Mas era impossível ignorar a conexão que se formava no meio daquele embate. Por trás de cada ataque, de cada defesa feroz, havia um subtexto que só elas entendiam. A tensão de inimigos dentro da quadra se mesclava com algo mais, um sentimento que as duas evitavam admitir.

Anne atacou mais uma vez, e Carol, como uma muralha, subiu para o bloqueio. A bola bateu em suas mãos e caiu no chão da quadra holandesa. Ponto para o Brasil. Carol sorriu para Anne do outro lado da rede, os pulmões ofegantes.

— Melhor bloqueadora, lembra? — provocou Carol, a voz rouca de esforço.

Anne sorriu, sem perder a compostura, mas os olhos brilhavam. Ela estava adorando cada segundo daquele duelo.

— Mas a noite é longa — Anne sussurrou, recuando para a posição de defesa.

Carol apertou os punhos, mantendo o foco. As provocações de Anne eram certeiras, mas ela não podia se distrair. A partida continuava em ritmo frenético, com os dois lados disputando ponto a ponto. Cada saque, cada ataque, cada bloqueio levava a torcida ao delírio. No fim do quarto set, o placar mostrava 2 a 2, e o jogo seguia para o tie-break.

No tempo técnico, o treinador da seleção brasileira falava em alto e bom som:

— Vamos focar! É tudo ou nada agora! No tie-break, quem errar menos, vence!

Do outro lado, Anne também recebia instruções. O técnico holandês sabia que Carol era uma peça-chave para o Brasil, e ele queria neutralizá-la.

— Na Carol não! Sem erros, mantenham o foco nela! — ele gritou para o time, enquanto olhava para Anne com um semblante decidido.

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