Drinks and Beach

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Pov's Carolana

Eu e Anne tínhamos passado a tarde juntas, rindo, comendo e assistindo a alguns dos meus filmes favoritos — todos eles, para o divertimento dela, eram animações infantis. Ela deu risada, achando curioso esse meu gosto, e eu me senti leve ao vê-la tão despreocupada. Era como se o tempo simplesmente desaparecesse quando estávamos juntas. Não tínhamos a menor noção de quanto tempo havia passado até que Gabi bateu na porta.

— Oi, Anne... A Carol tá aí com você? Ela sumiu e... — Gabi parou de falar ao me ver sentada no sofá. — Ah, já vi que sim. Vocês vão pro luau hoje?

Anne olhou para mim, claramente surpresa. Ela havia esquecido do evento. Virou-se para Gabi, ainda pensando no que dizer, mas eu me adiantei.

— Não, a gente já tem outros planos para hoje. — Respondi, caminhando até a porta. Sussurrei para Anne, sorrindo de lado: — Deixa isso comigo.

Voltei minha atenção para Gabi e, com um olhar decidido, acrescentei:

— Você pode ir com as meninas, mas arranje um lugar pra dormir esta noite.

— O que você tá tramando, hein, sua pervertida? — Gabi perguntou, desconfiada, percebendo o brilho malicioso nos meus olhos.

— Nada demais... Você me deve essa, lembra? — Falei de forma simples, referindo-me ao que havia acontecido entre nós dias atrás.

Gabi riu e saiu, indo se juntar ao restante da equipe. Fechei a porta e me virei para Anne, com um sorriso travesso que a deixou visivelmente intrigada.

— Vai se arrumar. Tenho planos pra nós duas hoje. — Disse enquanto me aproximava dela, apoiando o queixo em seu ombro e inalando o perfume do seu pescoço. Senti os arrepios percorrendo sua pele. — Te vejo no meu quarto em dez minutos. Quero que fique surpresa quando me vir.

Dei um último olhar sugestivo antes de sair e ir em direção ao meu quarto. Lá, fui direto para o banho, aquele banho demorado e luxuoso que sempre fazia questão de tomar antes de algo importante. Depois, passei uma maquiagem leve, organizei o cabelo e selecionei meus acessórios. O vestido que escolhi era um cetim vermelho com alças finas e um decote em "V", discreto, mas suficiente para insinuar sem revelar demais. Combinei com um salto vermelho.

Enquanto terminava de me arrumar, ouvi batidas na porta. Anne havia chegado. Enrolei a toalha ao redor do corpo e fui atender. Ela estava deslumbrante em uma camisa social branca impecável e uma calça de alfaiataria preta. Sorri ao vê-la.

— Tô quase pronta, só falta o vestido e os saltos. — Falei, voltando ao quarto para me trocar.

Quando voltei, segurando os saltos nas mãos, Anne se aproximou e, sem hesitar, os pegou de mim.

— Deixa que eu te ajudo. — Ela disse, com um tom firme, mas carinhoso.

Tentei protestar, mas Anne não me deu escolha. Ela parecia tão à vontade, como se esse pequeno gesto de cuidar de mim fosse algo natural. Isso me fez refletir: talvez esse fosse o jeito dela de demonstrar carinho, sutil e atencioso, bem como a sua personalidade reservada. O fato de estar ali, cuidando de detalhes que poderiam parecer insignificantes para outros, me fez sentir algo mais profundo por ela.

Mais tarde, já arrumadas, saímos para uma espécie de festa social, um encontro reservado em um ambiente acolhedor à beira-mar, com uma iluminação suave e música ao fundo. O vinho fluía com facilidade, e, à medida que a noite avançava, a tensão entre nós aumentava. Cada toque, cada olhar, carregava algo não dito. Não sabíamos ao certo se era o vinho ou o que já estava entre nós há tempos, mas o clima esquentava, e as faíscas que até então tentávamos controlar pareciam prestes a explodir em algo muito maior.

A brisa do mar era suave, e as luzes do ambiente criavam uma atmosfera intimista. Sentamos à mesa, cada uma com uma taça de vinho nas mãos. Ao início, a conversa era leve, um reflexo da tarde descontraída que havíamos passado juntas. Mas, à medida que o vinho esvaziava as taças, as palavras se tornavam mais carregadas de segundas intenções, e os silêncios prolongados entre nós falavam mais alto do que qualquer frase.

Anne olhava para mim de um jeito que eu nunca havia percebido antes. Havia algo no seu olhar, um misto de curiosidade e desejo. Cada vez que nossos olhares se encontravam, sentia o calor subir pelo meu corpo, e minha mente começava a vagar por pensamentos que eu sabia que não deveriam estar ali. Mas era impossível resistir à química que nos envolvia. Talvez fosse o efeito do vinho ou o fato de estarmos sozinhas, afastadas do mundo.

— Carol… — Anne começou, sua voz baixa, quase um sussurro. — Você sabia que sempre me provoca, né?

Ela estava com um sorriso nos lábios, aquele sorriso que ela usava quando estava tentando esconder algo. Levantei a sobrancelha, surpresa com a pergunta, e ri um pouco, tomando mais um gole do vinho.

— Eu? Provocando? — Respondi, fingindo inocência. — Você deve estar confundindo as coisas.

Ela inclinou o corpo para mais perto, o braço repousando no encosto da minha cadeira, e eu sentia a proximidade dela como um imã, atraindo cada pedacinho da minha atenção. O calor da sua pele parecia irradiar, quase como se estivéssemos num campo magnético, e me vi engolindo em seco.

— Você sabe muito bem do que estou falando, Carol… — Anne murmurou, agora bem mais perto, seus olhos fixos nos meus, como se estivesse buscando uma confirmação que eu mesma não sabia se estava disposta a dar. — Toda vez que me olha desse jeito, ou quando me toca sem pensar. Eu sinto.

Meu coração disparou. Era como se tudo ao redor tivesse desaparecido, como se nada mais importasse além daquele momento. O barulho das ondas parecia distante, a música agora soava como um fundo longínquo, e tudo o que eu conseguia ouvir era o som da respiração dela, tão perto de mim.

Sem hesitar, Anne levantou uma mão e tocou levemente o meu rosto, traçando uma linha suave pela minha bochecha. Eu fechei os olhos por um breve segundo, deixando-me levar pela sensação. Quando abri os olhos novamente, ela ainda estava lá, observando-me com um brilho diferente no olhar, como se estivesse esperando por uma resposta.

— Eu… — Tentei falar, mas minha voz falhou. Tomei mais um gole de vinho para ganhar tempo. — Talvez eu esteja provocando, sim.

A resposta fez Anne sorrir de canto, aquele sorriso que me deixava sem fôlego. Ela se inclinou ainda mais, seus lábios agora perigosamente próximos dos meus. Pude sentir a respiração dela no meu rosto, e meu coração parecia bater forte demais para o próprio corpo.

— Você não sabe o quanto eu esperei por isso… — Ela sussurrou.

Antes que eu pudesse responder, Anne aproximou-se de vez e encostou seus lábios nos meus. O beijo foi suave no início, como se estivéssemos experimentando algo novo e incerto. Mas, em poucos segundos, ele se tornou mais intenso, mais profundo, e o mundo ao nosso redor deixou de existir.

O gosto do vinho misturava-se ao calor do momento. A cada segundo, o toque de Anne me fazia esquecer tudo, e o desejo que havia entre nós, há tanto tempo reprimido, finalmente explodiu. Nossas mãos começaram a explorar com uma urgência contida. A tensão entre nós, que havia sido adiada por tanto tempo, agora se manifestava em toques, carícias e beijos que carregavam toda a vontade acumulada.

Quando nos afastamos, ofegantes, encarei Anne com um sorriso genuíno. Ela estava diferente, e eu também me sentia diferente, como se algo finalmente tivesse sido libertado. Não precisávamos de palavras naquele momento, porque tudo o que queríamos já estava claro.

— Acho que a noite só está começando, né? — Eu disse, quebrando o silêncio com um toque de malícia.

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