fights and tensions

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Anne teve uma viagem tranquila, ao contrário de Carol, que não conseguia relaxar. Anne estava feliz por voltar ao seu país de origem, especialmente por estar acompanhada de Madison e Celeste Plak, duas amigas e companheiras de equipe que a deixavam mais à vontade. No entanto, apesar da leveza do reencontro, ela também carregava uma crescente tensão dentro de si.

— Finalmente em terras holandesas — comentou Plak, ao se dirigir à saída e abrir espaço para as amigas passarem.

— Eu estava com tanta saudade deste lugar... ainda não parece real — disse Madison, animada. — E você, Anne? Anne?

Madison repetiu, tentando chamar a atenção da amiga, mas Anne parecia distante, presa em seus próprios pensamentos. O que antes era uma mistura de felicidade e ansiedade para reencontrar sua família, agora se transformava em uma angústia que tomava conta de seu corpo. Seus irmãos sempre foram um alívio, mas sua mãe... era outra história. O desprezo que sua mãe demonstrava em relação ao seu relacionamento com Carol vinha à tona, e o medo de reviver essa rejeição crescia a cada passo que dava em direção à casa.

— Anne... — Plak a chamou suavemente, percebendo o nervosismo da amiga. Sem dizer mais nada, ela se aproximou e a abraçou. — Vai ficar tudo bem, viu? Seus irmãos estão ansiosos para te ver e, quem sabe, sua mãe... um dia ela vai aceitar seu relacionamento com a Carol.

Anne soltou um suspiro pesado. As palavras de Plak eram reconfortantes, mas a ideia de enfrentar sua mãe novamente a aterrorizava. Já fazia meses desde a última vez que estivera em casa, e nada havia mudado no comportamento de sua mãe. Ela sabia que aquela seria uma batalha longa e dolorosa.

— Eu queria acreditar nisso, Plak, queria mesmo... — murmurou Anne, com a voz embargada. — Mas minha mãe... ela é tão dura, tão inflexível. Não sei o que vai acontecer quando ela souber que estou morando com a Carol.

Madison, que observava em silêncio, colocou a mão no ombro de Anne.

— Não importa o que aconteça, Anne, você não está sozinha. Nós estamos aqui, e Carol também. Juntas, vamos enfrentar tudo.

Anne assentiu, tentando se manter firme, mas, por dentro, estava despedaçada.

Ela respirou fundo, sentindo o peso do momento se intensificar. Plak e Madison lhe lançaram olhares compreensivos, mas sabiam que essa batalha era pessoal. Plak fez sinal para um táxi, e, em poucos minutos, o carro estacionou à frente delas.

— Cuidado, tá? Qualquer coisa, você sabe onde me encontrar — Plak disse, colocando a mala de Anne no porta-malas. Madison a abraçou uma última vez antes de ela entrar no carro.

— Não esquece, Anne, estamos sempre aqui por você — Madison sussurrou, tentando transmitir segurança.

Anne acenou em resposta, com um sorriso tímido, mas sua mente já estava longe, ocupada pelos pensamentos sobre sua mãe. O motorista deu partida e, à medida que o táxi se afastava, a paisagem holandesa tomava forma ao redor de Anne, mas ela mal prestava atenção. Sua respiração estava acelerada, e o estômago embrulhado. A cada quilômetro que a aproximava da casa, o pânico crescia.

Ela pegou o celular, hesitando em mandar uma mensagem para Carol. Sabia que a namorada estava ocupada se preparando para os jogos, mas sentia uma necessidade urgente de ouvi-la.

"Cheguei. Vou pra casa agora. Nervosa demais."

Ela enviou a mensagem rapidamente e encostou a cabeça na janela do táxi, tentando focar em algo que a acalmasse. As ruas, as bicicletas passando, os canais... nada parecia aliviar a tensão que dominava seu corpo.

O motorista notou o silêncio de Anne, mas não disse nada. Era visível o quanto ela estava absorta em seus pensamentos. A cada quilômetro, a única coisa em sua mente era o rosto severo de sua mãe e o olhar de julgamento que ela sempre a lançava. Por mais que seu pai fosse um porto seguro, a frieza da mãe tornava qualquer tentativa de harmonia familiar impossível.

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