Chegamos

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As meninas haviam acabado de chegar à Vila Olímpica da edição de Tóquio, e o ambiente estava carregado de expectativas. Um misto de surpresa e ansiedade tomava conta do grupo. Mesmo as mais experientes, como Thaisa e Fê Garay, sentiam um frio na barriga ao pisarem no local, enquanto as estreantes em Olimpíadas, como Ana Cristina, Rosamaria e Nyeme, mal conseguiam conter o nervosismo.

— Não acredito que estamos aqui! — exclamou Rosamaria, olhando ao redor com os olhos brilhando.

— Sabe, nunca imaginei que a Vila Olímpica fosse tão grande... — completou Ana Cristina, quase pulando de empolgação.

O Brasil estava com um time de peso, e a responsabilidade pesava nos ombros de todas. Macris e Roberta eram as levantadoras; Tandara e Rosamaria completavam o papel de opostas; Gabi, Fernanda Garay e Ana Cristina eram as ponteiras que traziam equilíbrio e potência ao ataque; o trio de centrais contava com Carolana, Carol Gattaz e Thaisa; e, por fim, as líberos Natinha e a reserva Nyeme eram as garantias defensivas. Todas estavam sob a liderança do veterano técnico José Roberto Guimarães, ou simplesmente Zé Roberto, que já conhecia bem o peso de uma competição olímpica.

Assim que fizeram o check-in e pegaram suas chaves, o grupo seguiu para os quartos no alojamento.

— Galera, vamos lá, as orientações são simples: dois dias de descanso e adaptação! — disse Zé Roberto, tentando tranquilizar as meninas, que claramente estavam ansiosas.

— Aproveitem pra descansar, comer bem e dormir. A gente sabe que a ansiedade é grande, mas precisamos controlar. Amanhã, treino leve, só pra soltar a musculatura — ele completou, olhando para cada uma delas com aquele olhar calmo, mas firme.

— O descanso vai ser nosso melhor amigo agora, hein? — Thaisa brincou, esticando os braços e soltando um suspiro de alívio.

— Isso se a gente conseguir dormir, né? — Gabi riu, olhando para Carol.

As jogadoras se separaram para seus respectivos quartos. Carol, Gattaz e Gabi estavam animadas para ver o que as esperava.

— Será que tem alguma surpresa nos quartos? — perguntou Carol, enquanto subiam os degraus.

— Tomara que seja uma cama confortável, porque eu só quero cair de cara nela! — Gattaz respondeu, rindo.

Quando entraram no quarto, as três ficaram em silêncio por alguns segundos. Não era luxuoso, mas havia um conforto simples no ambiente que de alguma forma as fazia lembrar o quanto estavam longe de casa, mas ao mesmo tempo tão próximas do sonho.

— A gente realmente está nas Olimpíadas... — murmurou Gabi, deixando a mala no canto e se jogando na cama.

— Pois é, Gabi. Agora a ficha caiu de vez — disse Carol, ajeitando a mala ao lado da cama. — Só o cheiro de novo desse lugar já dá aquela sensação de responsabilidade, sabe?

Gattaz, que estava com um sorriso no rosto, se sentou na beira da cama e olhou para as duas.

— Vocês têm noção de que estamos vivendo o sonho de milhões de pessoas? Mas a gente vai fazer mais que isso... vamos lutar por esse ouro — disse ela, com uma confiança que encheu o quarto de energia positiva.

— E vai ser com muito suor, mas também com alegria — Carol completou, dando um leve soco no ombro de Gattaz.

As três se acomodaram, rindo e conversando, enquanto tentavam se ajustar à nova realidade. Lá fora, o barulho das outras delegações chegando misturava-se ao som dos primeiros ventos da cidade. Zé Roberto sabia que esse tempo de descanso era crucial. Nos próximos dias, a pressão só aumentaria, mas ele confiava que sua equipe estava preparada para o que viesse. E elas, mais do que nunca, também acreditavam.

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