Unfinished business

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Carol estava mergulhada em um sonho perfeito, onde o quarto era banhado por uma luz dourada suave e o som das risadas infantis preenchia o ambiente com alegria. Ela sentia o toque macio dos pequenos braços de Théo e Emma ao seu redor, os filhos que sempre sonhara em ter com Anne. As crianças riam enquanto se aconchegavam perto dela, e o calor de seus abraços trazia uma sensação de paz que fazia o coração de Carol se encher de felicidade. Era um momento de pura plenitude, em que nada mais parecia importar além da família que ela havia construído em seus sonhos.

Anne entrou no quarto devagar, carregando um bolo de chocolate coberto por morangos frescos. O cheiro doce enchia o ar, e o sorriso dela, iluminado pela luz suave do amanhecer, era tudo o que Carol precisava para sentir que sua vida estava completa.

— Feliz aniversário, meu amor — sussurrou Anne, sentando-se ao lado de Carol, os olhos transbordando de carinho e gratidão.

Théo e Emma se aconchegaram ainda mais perto, ansiosos para começar a cantar parabéns. O brilho nos olhos das crianças refletia a alegria de estarem ali, compartilhando aquele momento em família. Carol fechou os olhos por um instante, deixando-se levar pelo calor da cena e pela profunda sensação de completude que a envolvia. Ela queria ficar ali para sempre, imersa naquele sonho perfeito, onde tudo era simples e pleno.

De repente, o doce som das vozes das crianças começou a se distorcer. O canto alegre foi se afastando, como se estivesse sendo levado pelo vento, se tornando mais fraco e distante. Carol tentou se agarrar ao momento, ao sorriso de Anne, às risadas de Théo e Emma, mas tudo estava desaparecendo.

— ROBERTA, EU JÁ FALEI QUE NÃO VOU DIVIDIR! — o grito de Macris rasgou o silêncio da madrugada, puxando Carol bruscamente para fora do sonho.

Ela abriu os olhos, desorientada e com o coração acelerado. O quarto iluminado e caloroso do sonho se foi, substituído pela escuridão fria do dormitório na concentração. A realidade caiu sobre ela como um balde de água fria, e a paz que sentira há poucos segundos foi rapidamente substituída pela frustração. Macris e Roberta estavam brigando... de novo. Carol olhou para o relógio e viu que ainda não eram nem 4 da manhã.

— Vocês só podem estar de brincadeira... — murmurou, irritada, enquanto puxava o travesseiro e o jogava sobre a cabeça, tentando abafar o som das vozes de Macris e Roberta.

Ela revirou-se na cama, tentando desesperadamente voltar para o sonho que a havia confortado. Mas os gritos das amigas continuavam a invadir o quarto, sem sinais de que a briga terminaria tão cedo.

— Ainda nem são 4 da manhã... — disse Gabi, do outro lado do quarto, também visivelmente irritada com a discussão.

Carol suspirou, sentindo a frustração crescendo dentro de si. Ela jogou o travesseiro de lado, sentando-se abruptamente na cama, os olhos ainda meio sonolentos, mas a paciência completamente esgotada. Macris e Roberta estavam discutindo há dias, e aquela madrugada finalmente foi a gota d’água.

— É sério que vocês vão continuar com isso? — Carol resmungou, sua voz grave ecoando no quarto escuro. Ela jogou as cobertas de lado, levantando-se num movimento decidido.

Gabi, ainda deitada, apenas soltou um gemido de aprovação, enquanto tentava cobrir os ouvidos com o lençol.

Carol caminhou com passos pesados até onde Macris e Roberta estavam, as duas trocando farpas como se fossem duas adolescentes brigando por algo trivial. Ela ficou parada por um segundo, com os braços cruzados, observando as duas. Era óbvio que nenhuma delas se dava conta de que estavam incomodando todo o andar. E pra piorar, Carol sentia o cansaço misturado à saudade de voltar para o sonho com sua família.

— Vocês estão brincando, né? — Carol interrompeu, a voz já tingida de irritação. — A gente tá aqui pra descansar, e vocês não param de brigar nem de madrugada?

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