A Pure Love

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Carol estava deitada no colo de Anne, os dedos de Anne deslizando suavemente pelos fios de seu cabelo. As duas observavam suas medalhas sobre a mesa de centro: o ouro de Carol e a prata de Anne, que brilhavam sob a luz suave do abajur.

As colegas de equipe haviam saído juntas para celebrar a final, mas Carol e Anne preferiram ficar na vila, aproveitando o que mais valorizavam: tempo de qualidade juntas, longe da agitação.

— O que será que elas estão fazendo agora? — perguntou Anne, com um sorriso leve, sem desviar o olhar das medalhas.

Carol riu baixinho.

— Provavelmente já estão na terceira rodada de caipirinha — disse, virando o rosto, ficando de lado no colo de Anne, e fitou-a com carinho. — Mas eu prefiro mil vezes estar aqui... com você.

Anne sorriu, inclinando-se para dar um beijo suave na testa de Carol.

— Você sempre sabe o que dizer.

Carol pegou a medalha de ouro, virando-a nas mãos.

— Eu sempre achei que ganhar essa medalha fosse o auge, sabe? Mas agora que estou aqui, com você, percebo que a verdadeira conquista é outra. — Ela ergueu o olhar, os olhos brilhando de emoção. — Você me fez ver o que é um amor puro, Anne. Isso vale mais que qualquer ouro.

Anne sorriu, sentindo o peito aquecer com as palavras de Carol.

— Eu me sinto da mesma forma. Nunca pensei que algo pudesse superar a sensação de estar em quadra... até te conhecer.

O silêncio confortável tomou conta do ambiente por alguns segundos, até que Carol quebrou a quietude com uma leve provocação.

— Você ainda acha que deveríamos ter ido comemorar com elas?

Anne balançou a cabeça, rindo.

— De jeito nenhum. Estar aqui, com você, é tudo que eu preciso. — Ela olhou para o lado, pensativa. — Sempre imaginei que a medalha fosse o ponto final de tudo, o que eu buscava... Mas, ao te ter comigo, percebi que a verdadeira vitória é outra.

Carol riu, ajustando-se no colo de Anne.

— Então, somos duas. Afinal, medalha nenhuma substitui a paz que a gente sente aqui. — Ela apontou para o coração, antes de acrescentar com um sorriso: — Até o Djavan diria que o nosso amor é puro.

Anne fechou os olhos por um segundo, absorvendo o momento.

— Você tem razão. E esse amor é a única coisa que realmente importa

(Um amor puro- play on)

Enquanto o tempo passava lentamente, Anne pegou o celular e começou a procurar algo. Carol ergueu uma sobrancelha curiosa.

— O que você está fazendo?

Anne sorriu de canto.

— Só um segundo.

Ela encontrou o que queria, e logo, a voz suave de Djavan começou a ecoar pelo ambiente. As primeiras notas de "Um Amor Puro" preencheram o ar, criando uma atmosfera ainda mais íntima e serena.

Carol fechou os olhos novamente, dessa vez com um sorriso largo nos lábios.

— Você sabe exatamente como melhorar o momento, né? — sussurrou.

Anne acariciou os cabelos de Carol com ternura, inclinando-se para beijar sua testa.

— Só estou dando a trilha sonora perfeita para o que a gente já tem.

O som suave da música envolveu o ambiente, enquanto as duas permaneciam em silêncio, saboreando a simplicidade daquele momento. O coração de Carol batia no ritmo da melodia, e ela sentiu a paz se espalhar por todo o corpo. Era exatamente aquilo que ela precisava, a prova de que as medalhas eram só símbolos externos de uma conquista muito maior.

— Eu nunca me senti tão completa — Carol murmurou, como se estivesse pensando em voz alta.

Anne, que ainda acariciava seus cabelos, respondeu com um sorriso tranquilo.

— Nem eu. É engraçado como a gente passou por tanto para chegar até aqui, né? Acho que, no fundo, tudo isso só fazia parte do caminho até esse momento.

— A final? — Carol perguntou, abrindo os olhos.

— Não — respondeu Anne, rindo baixinho. — Até nós. Até estarmos aqui, juntas. A medalha de prata ou a de ouro... elas são importantes, mas estar com você é o verdadeiro prêmio. Djavan estaria orgulhoso de como encontramos um amor puro no meio disso tudo.

Carol suspirou, sentindo as palavras de Anne ecoarem dentro de si. Ela nunca pensou que encontraria algo tão significativo fora da quadra, muito menos em meio à loucura dos Jogos Olímpicos. Mas Anne apareceu, e de alguma forma, com todos os desencontros, as barreiras de idioma e as diferenças culturais, o amor delas floresceu.

— Acha que conseguimos manter isso quando tudo voltar ao normal? — perguntou Carol, com uma leve preocupação na voz.

Anne olhou para ela com um olhar confiante, acariciando o rosto de Carol com delicadeza.

— O que a gente tem é mais forte do que qualquer distância ou obstáculo. Se conseguimos nos entender no refeitório da Vila, falando cada uma uma língua diferente, não vai ser agora que vamos nos perder. O nosso amor, Carol, é como essa música. É puro, é simples, e não precisa de muito pra continuar existindo.

Carol sorriu, sentindo as inseguranças se dissiparem. Ela sabia que Anne estava certa.

— Acho que nunca me senti tão segura sobre algo na vida. — Ela pegou a mão de Anne e entrelaçou seus dedos. — E eu vou lutar por isso. Por nós.

Anne inclinou-se e deu um beijo suave nos lábios de Carol, um gesto que não precisava de palavras para expressar tudo o que sentiam uma pela outra. A música de Djavan continuava tocando, agora parecendo ecoar no ritmo do amor que pulsava entre elas.

— Estamos juntas nessa — sussurrou Anne, seus lábios ainda próximos aos de Carol.

Elas ficaram ali, abraçadas, sentindo o peso de tudo o que haviam conquistado, não apenas em quadra, mas também na vida pessoal. Afinal, medalhas eram apenas pedaços de metal. O que realmente importava era o amor que haviam construído, tão simples e verdadeiro quanto as notas daquela canção que agora preenchia a sala.

O mundo lá fora podia ser barulhento, confuso e cheio de desafios. Mas ali, naquele momento, tudo era calma. Elas estavam exatamente onde precisavam estar: juntas, em um amor puro

(Um amor puro- play off)

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