O Reencontro

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Três anos depois.

Quase três anos haviam se passado desde que Carol e Anne se conheceram, e desde o fim das Olimpíadas, os encontros entre as duas haviam sido esporádicos, restritos a competições onde aproveitavam ao máximo o tempo juntas. Mas, apesar das distâncias, a relação seguia firme, nutrida por mensagens, fotos e videochamadas diárias. Para elas, a saudade nunca foi um problema impossível de lidar, mas o desejo de estarem mais próximas crescia a cada dia.

Anne, a mais nova contratação do Praia Clube, estava prestes a começar uma nova fase no Brasil, e sua mudança para o país já estava acertada. Carol, agora vivendo em um apartamento em Belo Horizonte, havia feito um convite que mudou tudo: queria que Anne morasse com ela. Era impossível para Anne pensar em não aceitar a proposta. Depois de tantos momentos separados, finalmente viveriam juntas, construindo uma vida lado a lado.

Sabendo que o dia 1º de agosto, data em que se conheceram, era especial para ambas, Anne planejou uma surpresa romântica inesquecível. Sem contar a Carol sobre a assinatura do contrato com o Praia Clube, Anne organizou sua chegada ao Brasil alguns dias antes, com a ajuda da comissão técnica do time. Carol não sabia de nada, apenas que Anne chegaria em breve, sem uma data exata.

Anne passou as semanas anteriores em silêncio absoluto, preparando cada detalhe. Ela comprou passagens e chegou a Belo Horizonte sem que Carol soubesse, hospedando-se em um hotel para manter o segredo. No grande dia, Anne foi até o apartamento de Carol carregando flores e uma cesta com alguns dos itens preferidos de Carol: uma seleção de queijos, chocolates artesanais e uma garrafa de vinho brasileiro que Carol amava.

Dentro da cesta, além das flores e dos presentes, havia algo ainda mais simbólico: uma pequena caixa com uma chave. A chave do apartamento que Anne, sem que Carol soubesse, já havia aceitado como sua nova casa.

Para completar a surpresa, Anne decorou o apartamento com pétalas de rosas espalhadas pelo chão e velas perfumadas, que deixaram o ambiente com um ar íntimo e acolhedor. Quando tudo estava pronto, ela preparou o jantar favorito de Carol, uma refeição simples, mas que as duas adoravam compartilhar nas videochamadas.

Assim que Carol entrou no apartamento e viu as pétalas de rosas espalhadas pelo chão, parou por um instante, tentando processar o que estava acontecendo. Quando seguiu a trilha e avistou Anne parada no meio da sala, seu coração acelerou.

— Anne?! — Carol exclamou, surpresa, com um sorriso que se alargava no rosto. — O que você está fazendo aqui? Achei que só chegaria semana que vem!

Anne, com um brilho nos olhos, segurava uma pequena caixa e se aproximou lentamente de Carol.

— Eu queria que fosse uma surpresa — disse Anne, suavemente. — Hoje é uma data especial para nós... lembra?

Carol riu, emocionada.

— Como eu poderia esquecer? — ela respondeu, os olhos fixos nos de Anne. — O dia em que tudo começou.

Anne abriu a caixa e revelou uma pequena chave, que segurou entre os dedos antes de estender para Carol.

— Esta é a chave... do nosso apartamento — disse Anne, a voz baixa e doce. — Aceitei o convite. Não quero mais viver longe de você.

Carol sentiu uma onda de emoção tomar conta dela, os olhos lacrimejando. Pegou a chave com cuidado, como se fosse o maior tesouro do mundo.

— Você... quer dizer que vai morar aqui comigo? — perguntou Carol, incrédula, enquanto olhava para a chave e depois para Anne.

— Sim — confirmou Anne, dando um passo à frente. — Não faz sentido estarmos separadas. Quero estar ao seu lado todos os dias, aqui, construindo nossa vida juntas.

Carol sorriu, sem conseguir segurar as lágrimas que agora corriam por seu rosto.

— Eu não acredito — murmurou, puxando Anne para um abraço apertado. — Eu... isso é tudo que eu sempre quis.

Anne a envolveu com os braços e sussurrou em seu ouvido:

— Agora não tem mais distância. A gente vai estar sempre juntas.

Carol se afastou apenas o suficiente para olhar para Anne, os olhos brilhando de amor e gratidão.

— Eu te amo, Anne. Mais do que você imagina.

Anne sorriu, segurando o rosto de Carol com delicadeza.

— Eu também te amo, Carol. E agora vamos viver esse amor, todos os dias.

As duas se beijaram, o sentimento de finalmente estarem unidas preenchendo o espaço ao redor delas. A noite apenas começava, e o futuro, juntas, parecia mais brilhante do que nunca.

Carol e Anne se afastaram do abraço, ainda cercadas pela magia do momento. O apartamento, agora decorado com as pétalas de rosas, parecia refletir a nova fase que estavam prestes a iniciar.

— Então, o que mais você preparou para hoje? — perguntou Carol, um sorriso brincando em seus lábios.

— Ah, eu trouxe algumas coisas — respondeu Anne, piscando para ela. — Mas antes, precisamos comemorar! Você gosta de pizza?

— Pizza? — Carol riu. — É a minha comida favorita!

— Então é perfeito! — disse Anne, dirigindo-se à cozinha. — Encomendei de uma das melhores pizzarias de Belo Horizonte. E temos uma garrafa de vinho para brindar!

Carol observou Anne se mover pela cozinha, a familiaridade da cena aquecendo seu coração. A presença da holandesa fazia tudo parecer mais vibrante e acolhedor. Ela ainda estava tentando absorver a ideia de que finalmente viveriam juntas, e a sensação de felicidade era quase palpável.

— Posso ajudar com alguma coisa? — perguntou Carol, entrando na cozinha.

— Só relaxe e aproveite, minha chef — respondeu Anne com um sorriso, enquanto começava a arrumar a mesa. — Você fez a parte mais importante ao estar aqui.

Carol se sentou à mesa, assistindo enquanto Anne trabalhava com uma eficiência elegante. Em breve, o aroma da pizza quente invadiu o ar, e Anne trouxe a caixa, abrindo-a com um gesto teatral.

— Tcharam! — disse ela, exibindo as pizzas.

— Uau! Parece incrível! — exclamou Carol, deliciando-se com a visão.

Depois de servirem-se e brindarem, as duas começaram a comer, rindo e compartilhando histórias sobre seus dias. Cada momento se sentia como um pequeno passo em direção à construção de sua nova vida juntas.

— Lembra daquela vez em que eu quase queimei o jantar no refeitório da Vila Olímpica? — começou Carol, rindo. — Fiquei tão nervosa por estar perto de você que me distraí totalmente!

— E você achava que eu não tinha reparado no seu olhar? — Anne respondeu com um sorriso. — Eu estava pensando em como você era linda e como queria que você falasse comigo.

A conversa fluiu facilmente, e as lembranças de momentos passados tornaram-se ainda mais especiais agora que estavam juntas.

Depois do jantar, Anne se levantou e foi até a estante onde havia colocado um pequeno rádio que trouxe de casa. Ela apertou um botão e, logo, uma música suave começou a tocar.

— Eu sempre imaginei dançar com você aqui — disse Anne, estendendo a mão. — Vamos?

Carol hesitou por um instante, mas logo pegou a mão de Anne, permitindo que a levasse para o centro da sala. Elas dançaram lentamente, seus corpos se movendo em perfeita harmonia, enquanto a música preenchia o espaço.

— Olha só para nós — sussurrou Anne, olhando nos olhos de Carol. — Doze meses atrás, estávamos longe uma da outra, e agora estamos aqui, juntas.

— Sim, e nunca mais vou deixar você ir — respondeu Carol, sua voz cheia de determinação.

As duas se abraçaram mais uma vez, e naquele momento, Carol soube que estava exatamente onde pertencia. As promessas feitas no passado agora se transformavam em realidades, e a jornada que tinham pela frente era promissora e cheia de amor.

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